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O papa Francisco e sua defesa da esmola com o chapéu alheio

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Quem me acompanha sabe que tenho sérias reservas em relação ao papa Francisco e seu socialismo latente. A última do Sumo Pontífice foi a tal cartinha endereçada ao presidiário Lula, em resposta a uma missiva deste. Imagino que Francisco receba centenas de mensagens diariamente e, portanto, não deve respondê-las todas. Não faz nenhum sentido então uma resposta de duas páginas, cheia de rapapés, a um condenado em três instâncias pela justiça de um país soberano e democrático. Mais uma bola fora do senhor Bergóglio.

Mas não é disso que quero falar. O que me chamou a atenção na cartinha do Papa ao condenado foi este pequeno trecho em que, aplaudindo as políticas assistencialistas de Lula, ele diz o seguinte:

“Tal como os meus Antecessores, estou convencido de que a política pode tornar-se uma forma eminente de caridade, se for implementada no respeito fundamental pela vida, a liberdade e a dignidade das pessoas.”

Há sérios equívocos e pelo menos uma inverdade neste pequeno trecho. Comecemos pela inverdade: Seus antecessores João Paulo II e Bento XVI jamais defenderam tornar a política uma forma de caridade. Pelo contrário. João Paulo II, inclusive, em sua Encíclica Centesimus Annus, que festeja os cem anos da Rerum Novarum, emitida por Leão XIII em 1891, renova o postulado anti-cristão do socialismo exposto nesta última e dá uma aula magna sobre a verdadeira caridade.

Ademais, Sua Santidade tinha obrigação de saber que há muito mais caridade numa singela esmola que alguém oferece a um mendigo do que nesse verdadeiro populismo assistencial em que se transformou a política. Que a caridade é, por princípio, uma virtude individual, cujo principal atributo é o seu caráter voluntário. Que essa “solidariedade” coletiva, de que falam os hipócritas e os tolos, não respeita o livre-arbítrio e, portanto, não é virtude, mas espoliação. Os sectários esquerdistas, como o Papa, simplesmente não estão a procura da verdade. Seu interesse é o proselitismo, a catequese e a propagação das suas convicções socialistas.

Certa vez, rebatendo meus argumentos, um esquerdista da ala social-democrata, muito bem articulado, disse que a solidariedade pode ser, ao mesmo tempo, um sentimento individual e um valor coletivo, socialmente regulado, como o dever de socorrer um acidentado. Como se pode ver, é nítida, aqui, a confusão que impera na cabeça dessa gente. Sua aversão à liberdade individual os torna incapazes de enxergar que onde entra a obrigação acaba a caridade cristã, pois esta virtude é um valor de natureza moral, jamais legal. Se o impulso que me leva a socorrer um acidentado é o temor à lei, não há neste ato qualquer caridade. No máximo, civilidade.

Não há como julgar, ética ou moralmente, a conduta humana quando o livre-arbítrio não está presente. Como se pode falar em caridade, quando não há alternativa possível? Quando não há liberdade? Quando a coação do Estado impede qualquer outra opção? Será que existe alguma fraternidade quando descontam o imposto de renda em nossos contra-cheques para financiar o esmoleiro público? Há nisso algum sacrifício voluntário?

Não. Isto é, pura e simplesmente, re-distribuição forçada de renda ou, em outras palavras, apropriação dos frutos do trabalho alheio. Tirar de Pedro, pelo uso da força, para dar a Paulo, e ainda cobrar comissão pela intermediação do “negócio” seria, em qualquer outra circunstância, uma das atitudes mais imorais – obscena até – que se poderia imaginar. Mas quando é operado pelo governo, num passe de mágica, se torna algo não só legal, como ‘virtuoso’.

Para finalizar, aqui vai um conselho aos cristãos idealistas de todas as idades: se servir ao próximo é o que você realmente deseja, não caia na conversa mole deste papa, não venda sua alma aos programas governamentais ou às ideologias que pretendem transferir a caridade do indivíduo para a política (leia-se:o Estado). Tente algo voluntário, que seja um desafio pessoal, socialmente benéfico e que não custe aos demais um só centavo. Lembre-se que a esmola com o chapéu alheio não é virtude, mas espoliação.

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

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