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Nas entranhas do Brasil

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Maurício Sá*

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Olhar o Brasil de fora tem lá suas vantagens. Digo isso porque recentemente estive num evento em São Paulo e pude respirar (ou ao menos tentei) a atmosfera paulistana de modo diferente. Explico. Já moro há quatro anos em Lisboa e uma das coisas que me deixava extremamente confuso era a falta de harmonia entre o que era dito dentro do Brasil e o que os incautos da imprensa estrangeira (nomeadamente a europeia) divulgavam acerca da nossa querida pátria. Acompanhando o que era noticiado por aqui parecia que existiam dois “Brasis”. Um visto e vislumbrado pelo governo e o outro da realidade angustiante (inflação alta, saúde precária, educação péssima, 55 mil homicídios/ano, etc.) para quem acompanha com alguma acuidade o desenrolar da política por aí. A quem já leu duas páginas sobre história de regimes autoritários conhece bem este artífice: a diferença abismal entre propaganda e realidade. Até aí nada de novidade. O PT não pariu Mateus; apenas o colocou para caminhar com alguma destreza, é preciso reconhecer, em matéria de maquiagem e falcatrua essa turma tem sapiência para prêmio Nobel.

Durante esses quatro dias que passei por aí tentei conversar com o máximo de pessoas possíveis e a pergunta era sempre a mesma: –como vai o Brasil? Dentre inúmeras palavras que não poderei compartilhar, a toada que vinha era sempre de forma irresignada. O que é ótimo. Decerto que a amostra era mínima, mas o suficiente para me deixar auspicioso. Senti ventos de mudança no ar, nas pessoas e, sobretudo, na mídia.

De alguns meses para cá tenho notado que, finalmente, a imprensa internacional tem sido menos amistosa com o Brasil e dado o tratamento adequado, a desnudar ao mundo a fictícia ideia que Lula criou de um país maravilhoso. Ocorrer esta sintonia entre a opinião pública local e global tem um significado e mensagem interessante: em doze anos as promessas não se consubstanciaram em realidade. E mais: este governo falhou  e não tem qualquer planejamento para a nação. Existe um fator a não escapar que deve ser observado: essas forças   exógenas (em específico imprensa internacional e mercado) são poderosíssimas. Uma concatenação entre ambas só pode ser vista com otimismo para todos aqueles que, como eu, querem ver o Brasil seguir outra trajetória com PT fora do comando. Hoje não se trata mais apenas de vontade. O nível de putrefação está tão agudo que “PT, Brasil e dias melhores”, não cabem mais numa mesma frase. Colocar alguém com ideias novas, dando continuidade àquilo que deu certo entre 1995 – 2002, à frente do Brasil se tornou necessidade ululante.

Este governo apodreceu. A biografia do seu cacique maior, Luiz Inácio da Silva, será contada postumamente em livros de história a partir de inquéritos policiais e processos. O nosso ministro da fazenda (que mais tempo permaneceu no cargo, ininterruptamente, desde o início da nossa história republicana) tem ligações umbilicais com postulados econômicos equivocados de um Brasil que deu errado no século passado. O slogan deste governo é claro: a mediocridade gera longevidade. A nossa presidente mantêm o Banco Central do país sob rédeas curtas e manipula-o de acordo com seu péssimo humor. Nossa política externa é um fracasso, estamos de mãos dadas com uma vizinhança na América Latina que, exceto os países que formam a bem sucedida Aliança do Pacífico, vai caminhando a passos largos em direção a tudo que já foi rasgado nos anacrônicos livros de economia e política em toda parte séria do mundo.

O cenário é traumático, mas, em 2014, teremos a oportunidade simbólica de demonstrar ao já falecido escritor Ivan Lessa que o brasileiro não está com “os pés no chão… e as duas mãos também”, e, muito menos que “a cada 15 anos o brasileiro esquece o que aconteceu nos últimos quinze”. A opção nós temos – e com pedigree. Só está faltando rosnar mais alto e forte.

Nas entranhas do Brasil, é nítido que perceber que este país não aguenta mais quatro anos de desmantelos. O gigante hospedeiro está fraco, abatido à espera de socorro. Dar o voto de renovação ao nosso país já não é mais apenas uma mera questão de ideologia, mas sim de serenidade, saúde e (por que não?) vergonha na cara.

*Mestrando em Ciência Política na Universidade Nova de Lisboa

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