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Municia, Alimenta, Carrega e Trava. Quando pronto, fogo!

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Heitor Machado*

armamentoEsse é o procedimento decorado por qualquer pessoa que participa de uma raia de tiro. Municiar é o ato de colocar os projeteis no carregador, Alimentar é o ato de colocar o carregador na arma, carregar é o ato de levar um dos projeteis à câmara da arma e por final, travar é se assegurar que por nenhum ato falho seu, ela disparará. Somente quando a arma é de fato destravada, pode ser dado de fato o tiro pela pessoa que a porta.

Creio que todo liberal seja signatário de um pacto ideológico chamado de Pacto de não agressão, ele nos diz que jamais agrediremos, a não ser que nossa liberdade ou nossa propriedade esteja sendo ameaçada. Por isso, a Bandeira de Gadsgen, um dos símbolos dos liberais, possui uma cascavel. Esse animal nunca ataca sem antes avisar com seu chocalho que está sendo ameaçado. “Não pise em mim”, pois é possível que você não possa arcar com as consequências.

Há algum tempo atrás, fiz um paralelo entre uma briga de torcida que levou à morte um torcedor em São Paulo, tendo recebido uma privada (sim, a do banheiro) em sua cabeça, o levando a morte. Já que os que são a favor do desarmamento da população dizem que a causa das mortes é a quantidade de armas que existem, propus na época que houvesse um plebiscito pela desprivadização, já que as privadas estavam começando a trazer prejuízo à vida de pessoas.

Existem, só nesse segundo parágrafo, vários temas a serem discutidos sobre a liberação ou proibição do porte de armas aos cidadãos comuns. Porém, a visão liberal entende que da mesma forma que é impossível que se tenha um controle e um planejamento central de todos os aspectos econômicos e por conta disso, a economia socialista se torna impraticável frente à vontade humana de negociação de produtos, também é impensável que se consiga assegurar a segurança de todos os cidadãos o tempo todo sem que sejam suprimidas suas liberdades individuais.

Por isso, defendemos que o cidadão deve poder se defender de uma inoportuna situação de agressão da sua integridade física, vida ou de sua propriedade. A posse da arma não assegurará que o delito não aconteça, mas ao menos, colocará a vítima em situação de igualdade perante seu agressor. Além disso, o simples fato dos ladrões, estupradores e assassinos saberem que o cidadão comum se encontra desprotegido, já faz com que ele não pense duas vezes antes de ir ao ataque. Imaginem dos 60 mil estupros que ocorreram no Brasil em 2012, quantos deles poderiam ter sido anulados pelo simples fato do tarado não saber se a vítima tinha ou não uma arma. Você se espantaria em saber o quanto são covardes alguns desses criminosos

Muitos dirão que o porte é permitido, basta que se tenha um motivo e dê entrada na Polícia Federal. Infelizmente, não é assim que acontece. Hoje, o poder público se vale da desconfiança e burocracia para não fornecer à maioria das pessoas que pedem os portes, suas conseqüentes autorizações. E assim como as drogas, a proibição de direito, não exclui a de fato e o mercado negro caminha paralelamente. Acredito ser muito estranho, que uma pessoa peça um porte de arma, em seu nome, com o seu registro e cometa os crimes com exatamente aquela arma. Os projeteis que saem das armas, levam consigo uma espécie de “impressão digital”, que não vale aqui explicar, mas pode identificar rapidamente uma arma registrada pelo exame de balística, levando assim ao dono dela.

Para piorar a situação, quando se pede o desarmamento, parece ser ignorado o fato que pessoas que hoje estão contra a lei portando armas ilegais para cometer crimes, devolverão suas armas no momento em que se estabelecer um estatuto que proíba todas as armas que não estão em poder público. Não sei se o caso é ignorância ou oportunismo.

Obviamente, o treinamento é importante em qualquer atividade. Ainda mais quando se trata de aparelhos letais. Porém, a confiança se ganha com o uso e pouquíssimos são os clubes de tiro no Brasil, já que a burocracia é proibitiva e o politicamente conveniente pinta seus integrantes como fomentadores irresponsáveis da violência que ocorre. O treinamento incessante é a peça chave para defesa do porte responsável de uma arma, mas só haverá popularização, caso haja informação.

Felizmente, em meu passado militar aprendi que uma arma é uma ferramenta e deve ser usada com objetivo e eficácia cirúrgica. As repetidas palavras dos instrutores nas raias de tiro ainda soam na minha cabeça e por isso sei o quê e como fazer para que a arma não seja uma ameaça a mim ou a pessoas que nada tem a ver num momento de resposta. Por conta disso, creio que o porte deve ser muito menos restrito e a presença nos clubes de tiro deva ser tratada como aperfeiçoamento no respeito às liberdades individuais.

*Empreendedor

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Um comentário em “Municia, Alimenta, Carrega e Trava. Quando pronto, fogo!

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    11/07/2014 em 12:21 am
    Permalink

    Aplaudo o autor pela impecável correção técnica nas definições da sequência “Municiar – Alimentar – Carregar – Travar”. Em decorrência de minhas atividades profissionais, por anos a fio lidei com essas expressões e posso afirmar que é muito raro encontrar pessoas que consigam descrevê-las acuradamente, como fez o autor.
    Adicionalmente, concordo “in totum” com suas opiniões sobre porte de arma. E aproveito para trazer ao debate mais algumas curiosidades sobre armas de fogo, que, imagino, contribuirão para esse interessante debate que se abre aqui no blog do IL.

    Fases do disparo (naturalmente, estando a arma destravada)
    1. Municiamento – colocação de cartuchos em dispositivos móveis externos à arma (culatra / mecanismo de disparo) como carregadores (pistolas, fuzis) ou fitas (metralhadoras não portáteis); o revólver é um caso especial, em que o tambor é separado da culatra, mas preso à arma;
    2. Alimentação – introdução do dispositivo externo na culatra da arma ou colocação de cartuchos diretamente na culatra, como no caso de espingardas, carabinas, obuseiros, canhões etc; em revólveres, a alimentação se dá quando se coloca e trava o tambor em posição de tiro;
    3. Fechamento – avanço do ferrolho sobre o cartucho, empurrando-o para a câmara; em revólveres, é coincidente com a alimentação;
    4. Extração 1ª fase – simultânea ao fechamento; é a fixação do extrator (que integra o ferrolho) na gola do cartucho que se apresenta para ser carregado;
    5. Carregamento – introdução do cartucho na câmara, empurrado pelo ferrolho; não há extração em revólveres;
    6. Trancamento – fechamento total do cartucho no interior da câmara; em fuzis antigos e mosquetões, isso ocorre quando se gira para baixo (sentido horário) a alavanca de manejo do ferrolho; em revólveres, é coincidente com a alimentação e ao fechamento;
    7. Engatilhamento – armação do mecanismo de disparo; em revólveres, consiste em trazer-se o “cão” para trás, por ação manual ou quando se aciona o gatilho;
    8. Disparo – por acionamento do gatilho, o percussor, geralmente fixo ao ferrolho (ou “cão” dos revólveres), atinge a cápsula existente na base do cartucho, contendo uma espoleta (fulminato de mercúrio), que explode e detona a carga de projeção (explosivo contido no cartucho); os gases provenientes dessa detonação expelem pelo cano da arma o projétil preso ao cartucho;
    9. Destrancamento – liberação do ferrolho para reabrir a culatra; em fuzis antigos e mosquetões, isso ocorre quando se gira para cima (sentido anti-horário) a alavanca de manejo do ferrolho; em revólveres, isso ocorre quando se libera o tambor (por meio de uma trava específica) para retirá-lo da posição de tiro;
    10. Abertura – movimento do ferrolho para trás, trazendo o cartucho usado ainda preso ao extrator; em revólveres, é coincidente com o destrancamento;
    11. Extração 2ª fase – um ressalto libera o cartucho do extrator; não há extração em revólveres;
    12. Ejeção – o cartucho usado é expelido da arma; não há ejeção em revólveres;
    Um novo cartucho se apresenta na culatra (Alimentação) e o ciclo reinicia.
    …………………………………………………………………………………………………………………
    Tipos de armas:
    1. De tiro intermitente, ou de repetição.
    Aquelas em que, a cada disparo, faz-se necessária a ação do atirador para destrancar, abrir, realimentar, fechar, carregar, trancar e engatilhar.
    Exemplo: armas antigas de ferrolho manual, como o mosquetão e o Fuzil FO.
    2. Armas semiautomáticas (pistolas)
    Aquelas em que o atirador comanda as fases do 1º disparo. Após este, a ação dos gases aciona um êmbolo, que empurra o ferrolho para trás, realizando automaticamente o destrancamento, a abertura, a extração, a ejeção, o engatilhamento, a realimentação, o fechamento e o trancamento, reiniciando o processo. Entretanto, o atirador, para cada disparo, terá de soltar o gatilho e acioná-lo de novo. Se ele mantiver o gatilho acionado, não haverá o disparo seguinte.
    3. Armas automáticas (submetralhadoras, metralhadoras, fuzis-metralhadoras)
    Aquelas em que, após o primeiro disparo, comandado pelo atirador, a arma continua a comandar todas as fases automaticamente (“rajadas”), enquanto o atirador mantiver o gatilho acionado, sem soltá-lo, e, naturalmente, enquanto houver munição.
    A maioria dos fuzis tem uma trava que permite alternar entre o tiro automático e o semiautomático.
    O revólver não é uma arma de repetição, ou intermitente, porque não é o atirador que comanda destrancamento, abertura etc. Basta a ele acionar o gatilho, enquanto houver munição.
    Apenas os revólveres muito antigos, de simples ação, é que eram armas de tiro intermitente. Os de dupla ação são semiautomátios.

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