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Intervenção Militar? Não, Obrigado!

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Ricardo Bordin*

O embaixador dos Estados Unidos no Brasil no início dos anos 1960, Lincoln Gordon, teria premeditado a John F. Kennedy que, caso a esquerda lograsse sucesso em sua ambicionada “revolução do proletariado”, nosso país não seria uma nova Cuba, mas sim uma China em pleno hemisfério Ocidental, dadas as dimensões do país e a capacidade que este teria para alimentar o movimento marxista mundo afora – como o PT acabou fazendo, mais tarde, com o auxílio de grandes empreiteiras e outros capitalistas de Estado, mandando dinheiro de nossos pagadores de impostos para ditaduras socialistas, conforme já previam as diretrizes do abjeto Foro de São Paulo.

E é por cobrir de razão o diplomata americano neste episódio que acredito que todo brasileiro deveria, ao menos uma vez na vida, agradecer ostensivamente aos servidores públicos que usam verde-oliva. Em um período no qual guerrilhas e atentados pipocavam por todo lado, sequestros e bombas incorporavam-se à rotina brasileira, e a escalada do comunismo parecia irrefreável, o maior projeto já montado pela esquerda na América foi derrocado clamorosamente, atendendo ao clamor popular de milhões de cidadãos apreensivos com o avanço vermelho, e sem baixas consideráveis (que se pudessem lamentar, ao menos). É verdade que a guerra de narrativas, travada especialmente nas universidades, eles perderam de lavada, mas convenhamos que, trinta anos depois da redemocratização, ainda não conseguimos propiciar a nossos estudantes uma escola sem partido – o que deixa claro, portanto, que esta é tarefa das mais complicadas.

E é por entender o papel crucial das forças armadas neste relevante capítulo de nossa história que recomendo a todos – especialmente aos afobados que invadiram a Câmara dos Deputados ontem, pedindo intervenção militar uma vez mais: não atirem com uma bazuca contra um inimigo raquítico e armado de canivete, dentro de uma sala fechada de dez metros quadrados. O resultado pode surpreender negativamente o deflagrador da arma…

Será mesmo que há necessidade, no atual cenário, de invocar o artigo 142 da carta magna, cuja redação determina que às forças armadas cabe garantir a lei e da ordem? Este comando constitucional, passível de inúmeras interpretações e enquadramentos, tal a subjetividade de seus termos, deveria ser empregado de forma restritiva, ou seja, tão somente como último e derradeiro recurso, quando restasse pouca ou nenhuma esperança de resolução de um grave conflito de abrangência nacional e que ponha em risco o próprio Estado de Direito.

A Venezuela, por exemplo, gostaria muito, por certo, de lançar mão deste artifício para livrar-se de Maduro e seu autoproclamado “socialismo do século XXI”, mas nem isso os infelizes podem fazer, pois Chávez é oriundo da caserna, e, por isso, os homens de farda do nosso desventurado vizinho preferem seguir fomentando a convulsão social.

Mas é de se questionar se em pleno ano de 2016, aquele que ficará marcado na história por derrotas sucessivas e vexatórias da esquerda, em nível nacional e internacional, precisaríamos mesmo apelar de tal forma desesperada. Brexit, acordo com as Farc reprovado, Impeachment, PT varrido nas urnas, Trump, Liberais e Conservadores vendendo livros e recebendo cliques como nunca, Freixo morrendo abraçado com os artistas da Globo; não, não há como concordar com esses afoitos ávidos por ver Generais comandando o Planalto.

Não que aquele professor de História que dá aula com a boina do Che não queira, viu? Se esses correligionários “progressistas” já estão ensinando seus alunos que o impedimento de Dilma foi golpe (e outros ardilosos já publicaram livros sobre o tema antes mesmo da consumação do fato), imagina se, de fato, o governo civil fosse apeado do poder pelos agentes castrenses. Seria o sonho para os perpetradores da ideologia do vitimismo, pois consistiria na garantia de mais algumas décadas pela frente vencendo eleições sob o argumento falacioso de que teriam “lutado pela democracia” destipaíz. Este filme de novo não, sejamos mais espertos e menos precipitados, pelo amor de Deus.

E outra: em um momento no qual um candidato é eleito prefeito da maior cidade do Brasil, no 1º turno e com votação recorde, muito por conta de seu histórico de gestor de sucesso na iniciativa privada e discurso liberal (com direito a privatizações e concessões no pacote), ou seja, quando parece que, finalmente, a população brasileira começa a entender que a solução é menos governo, abrindo caminho para candidatos com este perfil para 2018, vamos decidir voltar para a estaca zero? Eu mesmo já tentei transmitir esta mensagem¹ em abril do corrente ano, mas não custa repetir:

“Minha afirmação está assentada, primeiramente, no fato de que o Brasil nunca foi administrado por um governo liberal ou conservador – as duas principais correntes de pensamento da Direita. Engana-se quem pensou nos governos militares: sob a ótica gerencial, eles apresentaram diversos pontos em comum com as administrações de esquerda, uma vez que eram coletivistas, contrários ao livre mercado, criaram inúmeras empresas estatais, e interferiram profundamente na economia.

Trabalhei bastante tempo na Aeronáutica para saber que os militares, como administradores, são ótimos profissionais da guerra. Presenciei tudo aquilo que criticamos costumeiramente em nossos políticos, desde desperdícios de verba pública em gastos de validade duvidosa, até alocação de recursos humanos escassos de forma pouco racional, passando por transações financeiras no mínimo suspeitas, tudo quase sempre em detrimento da eficiência – especialmente em atividades críticas, como o controle de tráfego aéreo².

Tenho a sensação que este pessoal que invadiu o parlamento na capital federal foi insuflado, de alguma forma, pela desastrosa declaração de Michel Temer no programa Roda Viva, no qual ele afirma que a prisão de Lula poderia causar instabilidade no Brasil. Que boca santa, hein, presidente: gerou em muitos a sensação de que haveria um esquema obsceno para salvar Luiz Inácio da cadeia e que o impeachment, destarte, teria sido trocar seis por meia dúzia – o que está muito longe de ser verdade³.

Não é para tanto, muito embora tenha sido bastante infeliz a frase.  Não entendam mal Michel Temer: ele é a pessoa errada, no lugar errado, tentando fazer algumas coisas certas – como a PEC do teto de gastos e a reforma do ensino médio. Jamais será ele o estadista que permitirá ao país dar a arrancada definitiva na direção do desenvolvimento sustentável. Ele é da mesma safra de políticos a qual pertencem Renan Calheiros e companhia salafrária – não à toa, foi eleito conjuntamente com Dilma. Se até 2018 deixar um legado de austeridade, já estará de bom tamanho. Os próximos e decisivos passos virão a partir de 2019, quando, espero, um presidente adepto de práticas mais liberais possa assumir o Planalto, juntamente com um congresso menos esquerdista. E assim vamos, gradativamente, saindo do atoleiro em que nos metemos. Isso, claro, se não estivermos sob intervenção militar…

 

¹ http://rodrigoconstantino.com/artigos/esquerda-ou-direita-tanto-faz-sera-ou-o-problema-e-esquerda-sim/

 

² https://bordinburke.wordpress.com/2016/07/18/o-salario-como-preco-do-trabalho-e-a-crise-aerea-de-20062007/

 

³ http://rodrigoconstantino.com/artigos/ha-pouca-escolha-entre-macas-podres-mas-ha/

 

Sobre o autor: Atua como Auditor-Fiscal do Trabalho, e no exercício da profissão constatou que, ao contrário do que poderia imaginar o senso comum, os verdadeiros exploradores da população humilde NÃO são os empreendedores. Formado na Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR) como Profissional do Tráfego Aéreo e Bacharel em Letras Português/Inglês pela UFPR. Também publica artigos em seu site:https://bordinburke.wordpress.com/

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