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A ‘escola de Manchester’ e o desenvolvimento do liberalismo

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Por muito tempo, o liberalismo econômico foi mais enfaticamente associado a um movimento específico que surgiu no Reino Unido – a maior potência global naquela época – e que se tornou símbolo da agenda capitalista moderna: a chamada ‘escola de Manchester’.

Quando, entre o final do século XIX e o começo do século XX, movimentos como o liberalismo social (…) e, mais adiante, o ordoliberalismo (…), surgiram defendendo a necessidade de revisões no liberalismo para adaptá-lo a supostas exigências dos novos tempos, geralmente procuravam se diferenciar do que chamavam de ‘liberalismo manchesteriano’.

O ‘liberalismo manchesteriano’ seria o emblema da liberdade econômica mais extrema possível, inteiramente desregulada, com a aplicação mais concreta do ‘laissez-faire‘ de que falavam, no passado, os economistas fisiocratas. Muitos bons nomes do liberalismo do século XX fizeram questão de deixar claro que não o esposavam, posto que ele se havia transformado em sinônimo de insensibilidade social, reacionarismo e atraso.

(…) Destacam-se os nomes de Richard Cobden (1804-1865) e seu aliado John Bright (1811-1889), ambos membros do antigo Partido Liberal do Reino Unido. (…) a ideia, disseminada após o advento do liberalismo social e da social-democracia moderna, de que o ‘liberalismo manchesteriano’, o ‘liberalismo do século XIX’, era praticamente anarquista, ou idêntico às teses que defendem os libertários do século XX, não é verdadeira a respeito de quase nenhum expoente histórico do processo de desenvolvimento do liberalismo (…).

O caso de Cobden não é diferente: o campeão de Manchester era, veja-se, um partidário do envolvimento do Estado na educação popular. ‘Interferência governamental é tão necessária para a educação quanto a não-interferência é essencial ao comércio’, dizia (…). Cobden também, embora geralmente descentralizador, declarou-se favorável à União de Abraham Lincoln (1809-1865) na Guerra Civil dos EUA, alegando que esta estaria lutando contra o escravismo dos confederados do Sul. Ao mesmo tempo, admitia que houvesse legislações com relação ao trabalho infantil.

*Publicado originalmente no livro O Papel do Estado Segundo os Diversos Liberalismos, Almedina/Edições 70, p. 191-197).

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

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