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Em defesa do cambista-bombeiro

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O “Fantástico” apresentou uma denúncia sobre um bombeiro que estaria, de dentro do Quartel-Central do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro, vendendo ingressos da Copa do Mundo a preços superfaturados, ou seja, ele estaria atuando como cambista.

Embora lastimável a prática desse ato dentro de um estabelecimento militar, o cambista-bombeiro tem uma função social muito importante: a de funcionar como ponte para organização da oferta e demanda de ingressos da Copa.

A maioria dos eventos sociais ou esportivos possuem uma quantidade limitada de ingressos disponíveis para compra, pois os lugares dentro do ambiente onde se darão os eventos são limitados. Isso gera escassez, que por sua vez causa a necessidade de se organizar da melhor forma possível o modo como serão distribuídos esses ingressos.

Em um livre-mercado a venda desses ingressos deve ser feita de forma que, em curto prazo, se chegue a um preço de equilíbrio onde o ofertante consiga vender pelo preço mais alto possível a totalidade dos ingressos, lucrando com o empreendimento. Com isso, o realizador do espetáculo é quem lucraria com essa venda.

Quando grupos de pressão, seja por que motivo for, interferem na lei de oferta e demanda obrigando o ofertante a baixar o preço, o que ocorre naturalmente é uma venda muito rápida desse bem ou serviço, esgotando-o quase que instantaneamente. Cria-se, na verdade, uma escassez artificial pelo controle de preço.

Mas o mercado não é uma entidade autônoma com vontade própria, e sim um processo que reflete as vontades de todas as pessoas em uma sociedade, de acordo com a utilidade que cada cidadão vê ao bem ou serviço disponibilizado.

O fato é que, no mercado de ingressos, existe muitas pessoas dispostas a pagar muito dinheiro por determinados ingressos, e é natural que tais pessoas passem a procurar os compradores originais e façam ofertas por esses ingressos. O cambista é um facilitador que ganha um lucro no processo de compra e venda ao unir as duas partes interessadas no negócio, tal como é um vendedor de carros ou um corretor de imóveis.

O fato é que um cambista só pode existir em um mercado em que houve um erro de avaliação acerca do verdadeiro preço de mercado de um determinado bem. Se o preço de mercado de um ingresso é de 10 mil reais e é vendido originalmente a 500 reais, obviamente que se estará fomentando a criação de um mercado para unir o comprador disposto a pagar os 10 mil com o vendedor disposto a abrir mão desse ingresso por tal quantia.

No caso de um ingresso vendido já de cara por 12 mil reais, o cambista que comprasse esse ingresso provavelmente morreria com ele não mão. Esse é um exemplo extremo, mas posso dar outro mais simples: em 2005 a banda Placebo veio ao Rio, e o ingresso mais barato era de 60 reais. Os cambistas acharam que o verdadeiro preço de mercado era maior que 60 reais e compraram vários ingressos, mas a esse preço o show não lotou e os cambistas ficaram com os ingressos na mão. Quem chegou em cima da hora conseguiu pagar 5 (cinco) reais pelo ingresso na mão dos cambistas, que sofreram grande prejuízo.

Portanto, o cambista apenas opera um mercado cujo preço na verdade é decidido pela junção dos interesses de consumidores e produtores, não influindo diretamente nessa troca, e caso o preço esteja correto ou até supervalorizado, ainda sofrem prejuízos. Essa bagunça, antes de ser culpa do cambista, foi culpa do Governo, que primeiramente trouxe essa Copa para cá às custas dos nossos tributos, e que posteriormente impôs um preço que não coaduna com o valor do espetáculo para a sociedade por questões de populismo.

Como sempre, o Governo cria problemas que o mercado tenta solucionar da melhor maneira possível, ainda que não seja a ideal.

 

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Bernardo Santoro

Bernardo Santoro

Mestre em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ), Mestrando em Economia (Universidad Francisco Marroquín) e Pós-Graduado em Economia (UERJ). Professor de Economia Política das Faculdades de Direito da UERJ e da UFRJ. Advogado e Diretor-Executivo do Instituto Liberal.

2 comentários em “Em defesa do cambista-bombeiro

  • Avatar
    14/05/2014 em 5:00 pm
    Permalink

    Substituição de texto anterior!!!
    Com todo o respeito, discordo da defesa que alguns fizeram a favor do cambista-bombeiro. Preliminarmente, o servidor público bombeiro desvirtuou as suas atividades profissionais ao operar ilegalmente dentro do recinto de um órgão público com negociatas incompatíveis com a sua profissão, o que por si só já exigiria a sua grave punição administrativa de demissão dos quadros de serviço. Mas o que me chama a atenção também é a negligente tolerância das autoridades superiores da unidade militar, onde o bombeiro-cambista trabalha, ao permitir as suas atividades ilegais. Essas autoridades, por sua vez, deveriam ser punidas.
    Quando à atividade do cambista, trata-se de um atravessador oportunista que corre na frente para adquiri ingressos visando a obter lucros com a sua venda, corrompendo assim o seu objetivo principal. É uma prática universal, mas imoral.
    Não vejo o cambista como um prestador de serviço. Ao contrário, ele dificulta que as pessoas de baixo poder aquisitivo tenham acesso aos eventos de que poderiam participar por causa da venda na boca de caixa de grande quantidade de ingressos aos cambistas. Não se trata aqui de lei de mercado, de oferta e procura. Trata-se, simplesmente, de uma manobra especulativa operada pelos cambistas, os quais não são produtores de nada.

  • Avatar
    14/05/2014 em 4:33 pm
    Permalink

    Com todo o respeito, discordo da defesa do cambista-bombeiro. Preliminarmente, o servidor público bombeiro desvirtuou as suas atividades profissionais ao operar ilegalmente dentro do recinto de um órgão público com negociatas incompatíveis com a sua profissão, o que por si só já exigiria a sua grave punição administrativa de demissão dos quadros de serviço. Mas o que me chama a atenção também é a negligente tolerância das autoridades superiores da unidade militar, onde o bombeiro-cambista trabalha, ao permitir as suas atividades ilegais. Essas autoridades, por sua vez, deveriam ser punidas.
    Quando à atividade do cambista, trata-se de um atravessador oportunista que corre na frente para adquiri ingressos visando a obter lucros com a sua venda, corrompendo o seu objetivo principal. É uma prática universal, mas imoral.
    Não vejo o cambista como um prestador de serviço. Ao contrário, ele dificulta que as pessoas de baixo poder aquisitivo não tenham acesso aos eventos de que poderiam participar por causa da venda na boca de caixa de grandes quantidades de ingressos aos cambistas. Não se trata aqui de lei de mercado, de oferta e procura. Trata-se, simplesmente, de uma manobra especulativa operada pelos cambistas, os quais não são produtores de nada.
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