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O Brasil, o vagão e a locomotiva

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A economia global é como uma composição ferroviária, em que a locomotiva é composta por Estados Unidos, China e Índia, e o combustível é, sobretudo, o crescimento dessas economias.

Nessa composição ferroviária, o Brasil sempre figurou apenas como mais um vagão. Isso significa que, por mais bem posicionado que este vagão esteja, o crescimento da economia brasileira está estritamente relacionado ao crescimento da economia global, puxada pelos países citados.

Na última década, o mundo viveu um momento de políticas acomodatícias favoráveis para empresas tomarem empréstimos a juros baixos e investirem em seus negócios, principalmente após a Crise do Subprime de 2008, como uma forma de estimular o crescimento da economia.

Apesar do cenário externo favorável, o Brasil cometeu diversos erros internos no período, com desequilíbrio fiscal, risco político inercial (com o desprezo da classe política por realizar reformas estruturais) e com o abandono da responsabilidade fiscal a partir de 2012. Houve ainda uma série de erros, como a Nova Matriz Econômica, que pregava o protagonismo do Estado na economia, e marcos regulatórios populistas, como políticas de preços represados no campo energético. O resultado foi a Grande Recessão Brasileira entre 2014 e 2016, a maior e mais longínqua da história do país.

Portanto, enquanto a economia global decolou, salvo exceções de países que estavam em guerra, o vagão que representa o Brasil descarrilou sozinho. O resultado foi que 90% dos países cresceram mais do que o Brasil na última década, segundo estudo do Ibre/FGV.

Contudo, nos últimos dois anos, como uma política de combate à pandemia, os bancos centrais dobraram a aposta ao manter os juros baixos, a fim de estimular a economia, negligenciando o aumento inflacionário. Entretanto o cobertor é curto, existe um custo de oportunidade de toda política, e o custo de manter os juros artificialmente baixos chegou para as economias.

A inflação nos Estados Unidos, por exemplo, atingiu a maior alta em quatro décadas, em 9,1% no acumulado de 12 meses em junho de 2022, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (CPI). Já na Alemanha, houve a maior taxa em 70 anos, atingindo elevação de 10% nos últimos 12 meses em setembro deste ano.

A reação natural foi uma escalada de juros não só nos Estados Unidos, como também mundialmente. Ou seja, agora, ao contrário da última década, o cenário externo é desfavorável, com a economia global desacelerando.
Com isso, a euforia deu lugar ao pessimismo no mundo dos negócios. O movimento do Banco Central vai no sentido contrário da última década de estímulos monetários, em que havia maior facilidade de as empresas financiarem seus investimentos e projetos por meio de crédito barato, o que estimulou o crescimento da economia dos Estados Unidos e do mundo.

Desse modo, em uma economia globalizada como é a dos Estados Unidos, essa mudança de cenário traz impactos em todo o planeta, em especial para países emergentes, como o Brasil. Nesse sentido, o vagão do Brasil descarrilou sozinho e andou para trás quando a locomotiva acelerava. E agora que a locomotiva desacelerou, o que será?

O diplomata Roberto Campos dizia que “o Brasil não perde uma oportunidade de perder oportunidades”. Essa máxima aconteceu na última década, e se o Brasil quiser deixar de ser um vagão e passar a ser uma locomotiva, precisa fazer reformas estruturais necessárias para destravar o ambiente de negócios. Caso contrário, continuará sendo dependente do crescimento alheio.

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Luan Sperandio

Luan Sperandio

Analista político, colunista de Folha Business. Foi eleito Top Global Leader do Students for Liberty em 2017 e é associado do Instituto Líderes do Amanhã. É ainda Diretor de Operações da Rede Liberdade, Conselheiro da Ranking dos Políticos e Conselheiro Consultivo do Instituto Liberal.

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