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Resenha: A Revolta de Atlas

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Ayn Rand, autora da obra “A Revolta de Atlas”, nasceu e cresceu na então União Soviética, em meio à Revolução Bolchevique, e emigrou para os Estado Unidos em 1926. Filha de comerciante, Rand viu de perto os efeitos nefastos do comunismo quando a farmácia de seu pai foi estatizada pelo governo. A autora desenvolveu um sistema filosófico chamado de Objetivismo, que permeia todas as suas obras de ficção. Teve sua primeira peça produzida na Broadway em 1932 e alcançou reconhecimento a partir de 1943, com a obra “A Nascente”. Contudo, foi em 1957 que Rand publicou “A Revolta de Atlas”, seu trabalho mais conhecido e que até hoje influencia milhões de pessoas que também encontraram no Objetivismo sua filosofia de vida.

Apesar de ser classificado como um romance, “A Revolta de Atlas” é uma obra que comunica as visões filosóficas da autora acerca do governo e da sociedade como um todo. A história segue Dagny Taggart enquanto empenha-se para salvar seu negócio durante a total intervenção do Estado nas grandes indústrias.

O romance começa com Dagny Taggart, vice-presidente da Taggart Transcontinental, trabalhando para consertar uma linha férrea quebrada que atende ao Colorado. No entanto, James, irmão de Dagny que atua como presidente da empresa, diverge de seus planos. “Quem é John Galt?”. Bem, o mundo inteiro está se perguntando isso, enquanto muitos dos principais empresários do país estão misteriosamente desaparecendo, deixando Dagny intrigada, mas focada em como resolver o problema de suprimentos para manter seu negócio.

Quando o governo mexicano nacionaliza a linha San Sebastian da ferrovia Taggart, a crise se intensifica, uma vez que, originalmente, a linha havia sido contratada para atender às usinas de cobre de Francisco d’Anconia, que descobrimos ser um antigo parceiro romântico da protagonista. À medida em que as fábricas se mostram improdutivas e inúteis para a prosperidade da ferrovia, James usa sua influência política para resolver os problemas financeiros da companhia, atuando em prol de uma legislação que acaba por destruir a única concorrente da Taggart no Colorado.

Dagny trabalha para consertar uma das linhas atendidas pela companhia com a ajuda de Hank Rearden, empresário que desenvolve uma liga metálica superior às demais e cujos valores éticos são os mesmos de Dagny, o que os leva a se envolverem romanticamente durante a obra. Enquanto isso, d’Anconia admite a Dagny que deixou deliberadamente as fábricas de cobre falirem. Quando o State Science Institute denuncia oficialmente a liga metálica de Rearden, as ações da Taggart despencam junto.

Dagny decide, então, abrir sua própria companhia ferroviária sem a participação de seu irmão. Não obstante o sucesso inicial da nova empreitada, o governo continua aprovando legislações que prejudicam as empresas, o que obriga Dagny a cortar as linhas do Colorado. O contínuo desaparecimento de empresários leva a protagonista, a princípio, a acreditar que há um indivíduo atuando para destruir as grandes indústrias americanas.

​Em meio à corrupção do irmão James, ao autoritarismo estatal na figura de Wesley Mouch e às decisões difíceis de Rearden, Dagny se afasta do trabalho em uma espécie de retiro nas montanhas. Contudo, após um acidente ferroviário, a protagonista suspeita que um cientista que a ajudou no passado está em perigo, o que a leva a segui-lo de avião. O avião cai nas montanhas e, quando retoma a consciência, Dagny está em um vale no qual também se encontram os empresários desaparecidos, que estavam em greve frente aos absurdos promovidos pelo governo contra aqueles que, de fato, produziam riquezas. Lá, ela conhece John Galt, a quem Dagny, anteriormente, atribuiu o papel de destruidor de empresas, mas que mostra ser o verdadeiro construtor do motor do mundo. Galt convocou pessoas talentosas a entrar em greve, a fim de mostrar ao governo como suas políticas eram prejudiciais, em uma recusa de cooperação ao regime opressor e saqueador então imposto.

​Apesar dos sentimentos desenvolvidos entre Galt e Dagny, ela volta ao trabalho, mas é chantageada a fazer uma declaração pública em apoio à nacionalização das empresas. A protagonista aproveita a oportunidade para alertar as pessoas sobre os métodos opressivos do governo e o impacto catastrófico que essas ações teriam na economia.

​Quando a intervenção do Estado leva ao caos total, Galt faz um longo discurso no rádio, revelando sua filosofia e pedindo às pessoas que parassem de seguir as políticas governamentais. Nesse ponto, Galt é capturado e torturado pelo governo. Dagny, Rearden, d’Anconia e outros grevistas resgatam Galt enquanto a infraestrutura do país entra em colapso. No final, Galt e seus aliados retornam para reconstruir o mundo destruído pelo governo.

​“A Revolta de Atlas” deslinda quem são os verdadeiros motores do mundo, o que acontece sem eles e a crueldade com que aqueles que nada produzem os tratam. O romance pode até ter palco em uma empresa ferroviária ambientada em um distópico Estados Unidos, mas as lições são aplicáveis em todos os aspectos da vida. Por meio de valores e traços de caráter, a obra é uma ode à liberdade, à responsabilidade individual e à racionalidade humana.

O dinheiro é a raiz de todo mal ou é fruto da virtude humana? Deve-se cultuar o sacrifício e condenar-se o orgulho? Sacrifício pressupõe valor ou o valor e a moral são reconhecidos pelo orgulho? Em qual sociedade o indivíduo prospera e em qual ele está condenado à ruína? Por meio das personagens, Ayn Rand critica a cultura do sacrifício de que defende a consciência sem existência e a existência sem consciência. Ao denunciar a manutenção irracional das convenções sociais vigentes, a autora provoca inquietação no leitor, enquanto oferece-lhe a visão de uma moral baseada nas virtudes da mente, que tem como propósito a própria felicidade do indivíduo. As mais de mil páginas de “A Revolta de Atlas” podem até assustar o leitor desavisado, mas a obra de Rand é transformadora para aqueles que se aventuram a explorá-la.

*Juliana Bravo – Associada II do Instituto Líderes do Amanhã.

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