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Números questionáveis de desigualdade de renda da Oxfam

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A imaginação da Oxfam não conhece limites quando se trata de relatar que os ricos estão ficando mais ricos e os pobres estão ficando mais pobres.

Ano após ano, a organização anticapitalista Oxfam publica um relatório para coincidir com o Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça. Ano após ano, as alegações desses relatórios são regurgitadas cegamente pelos veículos de comunicação em todo o mundo. A mensagem é a mesma todos os anos, mas a Oxfam sempre a reformula usando todos os truques clássicos de marketing e relações públicas (RP). Qual é a mensagem? Os ricos estão ficando mais ricos, e os pobres estão ficando mais pobres. Embora a segunda parte da frase seja falsa, a imaginação da Oxfam não conhece limites quando se trata de fazê-la parecer verdadeira.

Este ano, a Oxfam comparou a riqueza dos cinco homens mais ricos do planeta, que dobrou, com a dos cinco bilhões “mais pobres”, que diminuiu. Por que cinco bilhões? Com oito bilhões de pessoas vivendo no mundo, surge a dúvida se realmente cinco bilhões de pessoas vivem na pobreza. Não. De acordo com o Índice Global de Pobreza Multidimensional de 2023, o número é de 1,1 bilhão. De acordo com dados do Banco Mundial, e dependendo da definição de pobreza utilizada, o número é de 659 milhões (extrema pobreza) ou 1,8 bilhão.

Não conheço nenhuma definição que classifique cinco bilhões de pessoas no mundo como pobres. Então, como a Oxfam chegou a esse número? Bastante simples: dois “cincos” se encaixam juntos: os cinco mais ricos e os cinco bilhões mais pobres.

Há outra razão mais importante: o número de pessoas vivendo em extrema pobreza tem diminuído quase continuamente ao longo dos anos; a queda foi apenas interrompida pela crise da COVID-19. Antes do surgimento do capitalismo, a maioria da população global vivia em extrema pobreza. Em 1820, a taxa era de 90 por cento; hoje, caiu abaixo de 9 por cento. Mais notavelmente, ao longo das últimas décadas, a queda na pobreza tem se acelerado mais rapidamente do que em qualquer fase da história humana. Em 1981, a taxa era de 42,7 por cento; em 2000, havia caído para 27,8 por cento; hoje, está em 8,5 por cento!

Mas isso não se encaixa na tese da Oxfam; portanto, a Oxfam aumentou arbitrariamente o número de pessoas pobres para cinco bilhões para que os resultados se encaixassem em sua tese.

Para garantir que o aumento da riqueza dos super-ricos seja particularmente evidente, a Oxfam escolheu março de 2020 como ponto de comparação para seu último relatório. Por que 2020 e não 2022 ou qualquer outro ano? Porque, em março de 2020, a riqueza dos super ricos caiu bruscamente devido ao colapso do mercado de ações causado pela pandemia, então o aumento é particularmente drástico em comparação.

Com toda essa prestidigitação, a Oxfam chega à sua mensagem deste ano de que a riqueza dos cinco mais ricos mais do que dobrou, enquanto os cinco bilhões “mais pobres” do mundo perderam $20 bilhões durante o mesmo período.

Se os números não se encaixam na mensagem, mude a metodologia

O chamado estudo muda seus números e metodologia a cada ano e sempre de tal forma que alcança o maior impacto em relações públicas. Por exemplo, em 2017, a Oxfam anunciou que os oito homens mais ricos valiam mais do que a metade mais pobre da população global. Isso foi repetido centenas de milhares de vezes em artigos de “notícias” por todo o mundo. Um grande sucesso em relações públicas! Se você fizer uma busca online por “oito homens possuem a mesma quantidade de riqueza que metade do mundo”, você obterá milhões de resultados.

Em 2016, a Oxfam atraiu ampla atenção com um relatório alegando que a riqueza das 62 pessoas mais ricas do mundo equivalia à metade mais pobre da população mundial. Para deixar a mensagem de que a desigualdade está aumentando em ritmo acelerado particularmente clara, a Oxfam simplesmente mudou a metodologia por trás de seus cálculos de um ano para o outro. Se a Oxfam tivesse usado o mesmo método em 2016 como fez em 2017, então 9 pessoas, não 62, teriam possuído mais riqueza do que a metade mais pobre do mundo.

O cálculo foi questionável porque a “metade mais pobre do mundo” incluía um número surpreendente de pessoas nos países desenvolvidos — incluindo, por exemplo, nos Estados Unidos — que haviam pegado empréstimos para comprar uma casa ou financiar seus estudos. Na época, a London School of Economics criticou a Oxfam, dizendo que era no mínimo enganoso contar um graduado universitário comum com dívidas de cerca de £50.000 como uma das pessoas mais pobres do mundo. Especialmente porque isso ignora totalmente o seu potencial de renda futura. Segundo o cálculo da Oxfam, um aposentado alemão que acabara de fazer um pequeno empréstimo para comprar um carro era mais pobre do que um agricultor em Burundi.

Normalmente, os números são usados para esclarecer os fatos de uma questão – mas não na Oxfam, onde os números são usados para obscurecer os fatos.

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Rainer Zitelmann

Rainer Zitelmann

É doutor em História e Sociologia. Ele é autor de 26 livros, lecionou na Universidade Livre de Berlim e foi chefe de seção de um grande jornal da Alemanha. No Brasil, publicou, em parceria com o IL, O Capitalismo não é o problema, é a solução e Em defesa do capitalismo - Desmascarando mitos.

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