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Drogas e aborto são questões que dizem respeito ao indivíduo ou ao estado?

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Uma das contradições do discurso conservador, para não dizer a maior delas, é a seguinte: conservadores criticam, com razão, que a esquerda deseja destruir a família para instaurar a hegemonia do estado, subordinando a vontade individual às decisões do poder central, seja esse o poder emanado de um partido único, de um tirano com seu séquito oligopolista ou de uma maioria ocasional manipulada por populistas demagogos.

Cabe à família determinar a educação de seus integrantes mais jovens, dizem os conservadores. Cabe à família determinar a moral a ser ensinada a seus membros, repetem.

No entanto, quando se trata de censura moral, combate à doutrinação, às drogas ou ao aborto, os conservadores demandam, incoerentemente, a mão pesada do estado, mesmo sabendo que ela pode estar a serviço da esquerda, a quem dizem se opor.

O uso da coerção exercido pelo estado é invocado para que este faça aquilo que uns acham que a família do outro não será capaz de fazer.

Mas se é assim, então em quê os conservadores se diferenciam da esquerda coletivista e estatista? Ambos querem outorgar ao estado o poder de agir, como se as famílias não tivessem a capacidade para lidar com seus problemas, mas o governo, invariavelmente inepto, sim.

Hoje um conservador me disse ser a favor do controle estatal sobre o mercado de entorpecentes. Ele também falou: “se a minha filha fosse estuprada, eu seria o primeiro a querer que ela abortasse”. Eu lhe perguntei: “e se ela se dopasse, entregaria ela para a polícia como usuária de drogas?” Ora, sabemos que em nenhum dos casos, seja no que se refere ao aborto, ou no uso de drogas, há direitos individuais violados.

Obviamente, ele sorriu no final, desarmado de argumentos, pois não é possível manter a coerência quando se exige que o governo controle a família alheia, mas deixe a nossa em paz, quando um de seus membros age fora-da-lei. Isso mostra que há algo errado com a lei.

Drogas e aborto são questões que dizem respeito ao indivíduo e, se for para tratar sobre isso de forma coletiva, deve ficar restrito à família a qual ele pertence.

Essas questões, ainda que se repitam de maneira impressionante em vários lares de uma sociedade, seguem sendo de foro íntimo, devendo ser resolvidas apenas pelos envolvidos diretos nos dramas e nos traumas que surgem, quando se vivência esses problemas. Ninguém (às vezes nem mesmo a família) sabe a profundidade da dor de cada um perante uma situação extrema que leva uma mulher (às vezes muito jovem) a abortar. Ninguém sabe com precisão o que leva um ser desesperado a refugiar-se nas drogas ou no álcool.

Problemas individuais como esses dizem respeito ao círculo familiar e nunca devem ser tratados pelo estado, da mesma maneira que não é sua atribuição tratar de economia, educação, saúde e religião.

Olhem para o rosto da sua filha, da sua irmã ou da sua mãe. Talvez elas já tenham feito um aborto. Talvez tenham sofrido tanto que se arrependeram do ato. Perguntem-se com honestidade, você ligaria para a polícia para denunciar se soubesse que sua mãe, irmã ou filha abortou de livre e espontânea vontade?

Olhem para o rosto do seu filho ou filha que resolveu experimentar drogas porque se sente frustrado vivendo a vida que você lhe deu. Você acha que uns bons anos na cadeia tornarão seu filho ou filha aquela criatura que você espera que ela se torne?

Afinal conservadores, vocês querem valorizar a família ou o estado? Eu, como um liberal radical, acho que cabe ao estado apenas retaliar quem viola os direitos individuais dos outros. Eu valorizo a liberdade individual, a liberdade da família para tratar dos seus dissabores, buscando ajuda, se for necessária, de acordo com a competência daqueles que podem ajudar.

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Roberto Rachewsky

Roberto Rachewsky

Empresário e articulista.

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