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Difícil de acreditar

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O colunista Merval Pereira disse, recentemente, com total propriedade, que, se fôssemos um país parlamentarista, o Governo Dilma Rousseff já teria caído.  Ouso dizer que, mesmo em países presidencialistas civilizados, Dilma já teria pedido o boné e ido para casa, pois, se não o fizesse, as chances de ser defenestrada pelo congresso seriam imensas.

O presidente Clinton, por exemplo, quase sofreu um impeachment pelo simples fato de haver mentido à nação em relação ao affair com Mônica Levinsky.  De fato, em países com instituições maduras, a sociedade não costuma ter muita paciência com políticos que saem da linha ou são negligentes em relação à coisa pública.  Eles também não dão muita importância ao formalismo jurídico.  A relação da sociedade com os políticos é, por assim dizer, muito mais política do que jurídica.  Nesses países, vale a máxima de que à mulher de Cesar não basta ser honesta, ela precisa também parecer honesta.

Dilma pode não ter se apropriado de um só centavo do imenso esquema de corrupção que vigorou na Petrobras de 2003 até 2014, como demonstram fartamente os autos da Operação Lavajato.  Deve-se dar a ela a presunção de inocência e a possibilidade de ampla defesa.  Mas de uma coisa ela não pode eximir-se: Dilma foi, durante sete anos, período em que se aprovou a imensa maioria das grandes obras e os contratos eivados de falcatruas, a autoridade máxima daquela empresa, presidindo o seu Conselho de Administração.  Não se pode acusar, sem o devido processo legal, a atual presidente de dolo, mas é irrecorrível o fato de que, durante o tempo em que esteve na presidência da empresa, ela foi, no mínimo, negligente em relação aos deveres do cargo que ocupava.

Por isso, é complicado para um inglês como John Oliver (veja vídeo em destaque) não ficar estupefacto, primeiro com as cifras da roubalheira, mas, principalmente, com a desculpa esfarrapada de que Dilma, sentada na cadeira de CEO da companhia durante sete anos, não tivesse conhecimento de nada e não tivesse desconfiado de nada.

Convenhamos: é difícil acreditar nisso, ainda que possa ser verdade.

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

2 comentários em “Difícil de acreditar

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    17/03/2015 em 10:12 pm
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    Por mais que às vezes fatos improváveis também ocorram, acreditar que Dilma seja inocente e de nada sabia é quase um ato de fé.

    “Como Dilma ajudou a impedir que se investigasse a Petrobras e concorreu para o naufrágio da empresa; pior: ignorou crimes reais e apontou os que não existiam. Ou: O vídeo da impostura”, por Reinaldo Azevedo.
    http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/como-dilma-ajudou-a-impedir-que-se-investigasse-a-petrobras-e-concorreu-para-o-naufragio-da-empresa-pior-ignorou-crimes-reais-e-apontou-os-que-nao-existiam-ou-o-video-da-impostura/

    https://www.youtube.com/watch?v=qglmwhhOkcQ

  • Avatar
    17/03/2015 em 8:22 pm
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    Meu caro xará, os americanos têm uma lei chamada SARBANES-OXLEY ACT (ou SOX) que responsabiliza criminalmente CEOs de empresas envolvidas em escândalos financeiros, ainda que os CEOs não tenham conhecimento das falcatruas.

    Essa lei foi uma consequência do famoso escândalo da Enron. Trocando em miúdos, significa aquilo que o Aécio disse à Dilma durante um dos seus raríssimos momentos brilhantes: “Ou a sra. se corrompeu ou foi negligente (sobre a Petrobrás)”.

    O partidão vai tentar colar a tese de que a Dilma não sabia que as doações recebidas pelo partido eram de fonte ilegal, posando como “inocente útil”. Vão tentar jogar toda a bomba em cima de quem foi pego com a mão na massa (os tesoureiros e operadores). Mensalão 2.0

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