Agenda Liberal: corte drástico na burocracia
Na última edição, a Agenda Liberal propôs: Por que não se privatiza?** A seguir, o 11º segmento da série.
FRANCISCO LACOMBE *
DESBUROCRATIZAR: REDUZIR DRASTICAMENTE A BUROCRACIA
O Estado obeso estimula a burocracia por diversos motivos: (a) é preciso justificar a existência de tanta gente arranjando serviços, muitas vezes inútil: quanto maior o Estado maior o número de camadas e maior o número de carimbos; (b) a estrutura organizacional maior exige a passagem dos processos por um número incontável de órgãos.
Nossa terrível burocracia é, em parte, consequência da nossa herança ibérica, mas não é só isso. Ela é ampliada pelo Estado obeso e pelos próprios funcionários públicos, que criam atividades inúteis para aumentar o seu poder e justificar seus empregos. À burocracia exógena, imposta pelas leis, soma-se a gerada no interior da administração pública, que se desenvolve pela ausência de questionamento de hábitos, tradições e valores tidos como certos e imutáveis. Há também o velho problema de criar dificuldades para “vender” facilidades.
Já tivemos experiência de programas de desburocratização, alguns dos quais bem-sucedidos, mas já distorcidos pelas administrações que se sucederam. O problema maior não é a simplificação dos processos, mas a implantação de nova mentalidade. A burocracia pública asfixia as atividades empresariais, tirando-lhe a produtividade necessária para competir no mercado global. Um dos componentes importantes do custo Brasil é a burocracia.
O lado mais visível da burocracia para o cidadão comum é seu contato com órgãos públicos, quando se vê obrigado a enfrentar filas, balcões, guichês, papelório, protocolos, exigências e o terrível: “volte amanhã!”
A administração pública precisa passar por um forte enxugamento, que pode ser obtido por meio de uma reengenharia, focada nos processos.
Os sintomas mais visíveis da patologia burocrática são:
- Grande centralização de autoridade na direção superior;
- Existência de controles excessivos, cujo custo é superior ao risco envolvido;
- Valorização excessiva dos controles prévios, em vez dos executados “a posteriori”;
- Dificuldades de relacionamento da organização com seu público externo (usuários, clientes, consumidores, fornecedores, etc.), que é tratado sem a prioridade e a importância devidas;
- O culto do processo, pelo qual a forma se torna mais importante do que os resultados.
Para combater as patologias burocráticas, uma terapêutica ampla e rigorosa terá que ser desenvolvida: a DESBUROCRATIZAÇÃO e a REENGENHARIA.
Desburocratização significa:
- Reduzir custos com procedimentos, papéis e atividades inúteis;
- Reduzir controles cujo custo seja superior ao custo do que é controlado;
- Melhorar o atendimento aos usuários ou consumidores;
- Proporcionar aos funcionários a oportunidade de desenvolverem sua iniciativa e criatividade;
- Agilizar o processo administrativo, através da descentralização de autoridade.
A desburocratização reduziria o custo Brasil e aumentaria a competitividade das nossas empresas no mercado global, mas, para isso, como dissemos, é preciso reduzir o tamanho do Estado.
* PROFESSOR DE ADMINISTRAÇÃO
Na próxima edição: COMBATER A CORRUPÇÃO