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A Administração da Economia do Indivíduo

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Rafael Bernardoni *

gestaoCostumamos pensar, muitas vezes, em direita liberal e na esquerda centralizadora pelas matérias componentes das Ciências Econômicas, tal como a política macroeconômica. Mas teríamos que saber também como aplicar esse posicionamento, quantificá-lo em metas, fluxo financeiro e como gerenciá-lo pari passu ao dia-a-dia.

Essa tarefa precisa buscar estratégias na ciência da organização de recursos para aqueles que tomam decisões, adentrando, assim, no domínio das vertentes da Administração Geral. Esse campo enfoca o desdobramento interno dos agentes econômicos, composto basicamente por pessoas, empresas e governos. Mas este corpo de conhecimento se especializou, majoritariamente, apenas nos dois últimos interessados.

No desenvolvimento dessas áreas, infelizmente, não prestamos a devida atenção ao que é dito há tempos pela Escola Austríaca: “a economia lida com o homem real, frágil, e não com seres ideais, oniscientes e perfeitos como só os deuses poderiam ser”. Esse é o fato carnal da nossa humanidade: a incapacidade de nos satisfazermos totalmente sozinhos. Deveríamos nos suprir tendo uma ciência que nos suporte enquanto indivíduos independentes, mas atualmente nos contentamos apenas com os estudos que nos tratam como empregados ou como uma massa populacional indigente.

Assumindo que os nossos esforços visam ao aumento no padrão e na qualidade de vida e, embora tenhamos discordâncias nos meios, admitimos com isso que “no campo da economia não há lugar para uma escala de necessidades que não seja reflexo do próprio comportamento humano”. E organizar a si mesmo também é uma necessidade.

A gestão especializada da economia individual é um pré-requisito para ser efetiva e sua ingerência aumenta o risco e a incerteza na manutenção do bem estar. A desqualificação pessoal generalizada na gestão da própria vida contribui para o crescimento do Estado. Esse tipo de inabilidade fomentou a necessidade de um governo centralizador de responsabilidades, criando leis para regulamentar o comportamento e impostos para redistribuir recursos econômicos aos não competentes.

Dito isso, por que ainda conhecemos mais o que fazer nos nossos empregos do que poderíamos realizar na nossa própria economia pessoal?

A menos que todos sejamos padres ou freiras, tendo a igreja como nossa mantenedora, qualquer pessoa, pela sua constituição econômica, precisa cotidianamente ter as mesmas características de uma empresa lucrativa. Com este fato em mente, usemos como exemplo uma das soluções que Henri Fayol encontrou ao gerir uma mina de carvão e que o ajudou a criar um dos clássicos da Administração Geral.

Segundo a primeira regra da obra “Administration industrielle et générale”, deve-se proceder à “divisão do trabalho em tarefas especializadas e destinando responsabilidades a indivíduos específicos”. Logo percebemos que não seguimos esta regra na nossa vida privada. Pela simples análise de nossa carga de atribuições, logo veremos que não temos a formação adequada, e nem a noção de todas as funções e possibilidades para cada assunto que temos que resolver no nosso cotidiano.

Precisamos avaliar os políticos, sim. Mas, quais filtros poderíamos usar? Temos direitos naturais, mas não os conhecemos. Dependemos de objetivos divididos em metas, mas não somos administradores. Não somos contadores e financistas, mas nosso patrimônio tem mais complexidade do que já fomos treinados para gerir. Se a desorganização leva à falência, qual a responsabilidade da ingerência pessoal em uma situação de miséria? Nem todos podem pagar para terceirizar todas as suas atribuições.

Executar todas as tarefas que levariam ao pleno emprego da economia da pessoa física pode ser tão complexo quanto administrar uma microempresa. Pessoas têm muitos dos mesmos problemas de gestão interna que as empresas possuem, e assim também a solução desses é determinante em seu sucesso. A liberdade começa pela construção da autonomia. E parece que estamos muito atrasados na implantação desse objetivo.

As pessoas, diferentemente de empresas e governos, não possuem estudos aprofundados que as façam atingir sua autonomia econômica. Ser apenas um bom empregado não é o suficiente para formar um cidadão livre. Esse subaproveitamento do estudo da pessoa física abre as portas e dá os meios de ação para outros agentes mais organizados concentrarem o seu poder pela extorsão.

O livre mercado, porém, organizado pelos avanços atingidos pelas linhas de estudo da Administração Geral, possui a fluidez para cocriar, adaptar e autoajustar soluções às necessidades organizacionais do ser humano. Porém, falta o produto/serviço que o faça.

Os que querem ser livres devem aumentar a eficácia de suas soluções, para no mínimo, o mesmo nível dos centralizadores de poder atuais. A liberdade precisa de mais meios atraentes para se apresentar e estar disponível a todas as pessoas.

Devemos parar de terceirizar aos políticos muitas de nossas esperanças pessoais, pois estatizar essa demanda de organização é entregar a terceiros as rédeas de nossas próprias vidas.

 

*Rafael Bernardoni é Pós Graduado em Finanças e em Administração Geral, professor dessas matérias e operador no mercado financeiro.

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