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A intenção pornográfica do DEM de apoiar Ciro Gomes

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Em abril de 2015, comentávamos neste espaço sobre uma tentativa bizarra do DEM de se fundir com o PTB. Na época, o prefeito de Salvador, ACM Neto, um dos nomes mais conhecidos do partido, estava costurando essa bizarria, desafiada por dois membros do DEM que fugiam a essa lenga-lenga, Ronaldo Caiado e Onyx Lorenzoni. Na época, comentamos:

“Permitindo que essa fusão seja levada a cabo, o DEM abdica de ocupar um lugar que poderia preencher bem, se lesse com mais inteligência as linhas da atmosfera brasileira. Tamanha incoerência não será ignorada por quem espera realmente por algo novo que faça frente ao socialismo rasteiro ‘do século XXI’ e ao populismo torpe dostatus quo; esse espaço não será devidamente preenchido por desertores que se acumpliciam com o governo que deveriam combater, tampouco por aqueles que se dizem ‘oposição’, mas covardemente receiam assumir o seu lugar na História”.

No mesmo artigo, recordando a genealogia do DEM, que, passando pelo PFL, pelo PDS e pela ARENA, remonta à UDN, ressalvamos que é uma genealogia no mínimo – no mínimo mesmo – descontinuada, porque as alas do antigo udenismo mais embasadas em bons princípios liberais e conservadores não subsistem no núcleo do DEM. O próprio nome atual do partido é um esforço por se desligar de seu passado e caminhar mais para um centro difuso. Somente isso, a nosso ver, então, poderia justificar a tentativa de fundir-se ao PTB, que também não era mais o PTB histórico – inimigo clássico da UDN -, mas isso não mudava o fato de que seria conceitualmente uma união estranha e sem nenhuma identidade a não ser o fisiologismo e o “carguismo”.

Pois bem, na época o próprio PTB não quis a fusão. O primeiro sinal de coerência veio, portanto, do PTB e não do DEM. De lá para cá, o PTB é que, em diversas propagandas, sob a presidência de Roberto Jefferson, tem eventualmente surpreendido com uma retórica mais liberal, dissonante ao significado pretérito da sigla. O DEM seguiu seu caminho, felizmente engrossou o impeachment e, de uma forma ou de outra, passou a compor a base do governo Temer e colocar Rodrigo Maia como presidente da Câmara. Obteve algum crescimento, contrariando o vaticínio lulista de que o partido morreria.

Ao que parece, porém, diante de certas figuras, antes tivesse morrido. Eis que Rodrigo Maia declara ao Estadão que, se o segundo turno fosse hoje, votaria em Ciro Gomes. Isso mesmo, Ciro Gomes; aquele que acredita que a oposição venezuelana é neonazista e que precisamos apenas “mediar o conflito” com Maduro; aquele que considera Luís Carlos Prestes, o comunista assassino, um grande patriota; aquele que cita uma frase de Che Guevara como sua inspiração; aquele que acredita que precisamos sobretaxar duramente as riquezas. Um dos candidatos mais avessos a tudo aquilo que o melhor da UDN representava – e certamente, até agora, o mais competitivo nessa lamentável categoria.

Logo em seguida, Ciro menosprezou o DEM, dizendo que queria primeiro fechar acordo com PSB e PCdoB, para garantir que o contorno de sua candidatura seria esquerdista. Tivesse alguma honradez, o que você faria? Se não me quer, se me pretere, também não quero mais, ora bolas. Pensou que o DEM agiu assim? Pensou errado.

ACM Neto já estaria atacando de novo, defendendo insistir na aliança com Ciro. Já Rodrigo Maia marcou reuniões com Ciro e Cid Gomes. Eis o mistério que gostaríamos de solucionar: o que ocorre com o DEM? Um partido que, devido às suas raízes (voluntariamente cortadas), teria a possibilidade ao alcance de ser o representante mais bem acabado e historicamente assentado de um ideário liberal conservador no país, prefere, sob a proeminente liderança de “excelências” como Rodrigo Maia, que mal venceriam a disputa pela prefeitura das suas próprias cidades, mendigar uma vaguinha no apoio a uma das candidaturas mais esquerdistas de um dos pleitos mais decisivos da história? Por que tamanha sandice?

A memória histórica não esquecerá as oportunidades e anseios a que o DEM está virando as costas. Mais do que incoerente, espúria, covarde e sem alma, a intenção do DEM de se tornar um anexo da campanha de Ciro Gomes é pornográfica.

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

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