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Comoção em benefício da escravidão

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A wooden fishing boat carrying 55 African would be immigrants arrives at the Port of Los Cristianos, on the Spanish Canary Island of Tenerife, Spain, Tuesday, Nov. 6, 2007. Thousands of African immigrants arrive by boat every year trying to find a better way of life in Europe. (AP Photo/Arturo Rodriguez)

Mais uma vez, o mundo escolhe uma tragédia para manifestar uma solidariedade que não tem. Pessoas comuns, jornalistas, políticos e intelectuais disso e daquilo comovem-se diante das levas de imigrantes que chegam à Europa, lamentam por aqueles que morrem pelo caminho e gritam que tal absurdo precisa acabar. Dos noticiários às conversas de bar, todos defendem que o MUNDO deve se mobilizar contra essas tragédias, que o MUNDO deve parar de pensar só em dinheiro, em luxo, em futilidades e se esforçar em ajudar os pobres.

Não é segredo os absurdos que alguns governos da África e do Oriente Médio impõem à suas populações. Todos nós sabemos das perseguições religiosas, dos conflitos étnicos, das violências contra gays, mulheres e crianças, mas o coro ocidental resume-se a uma patética tentativa de conscientização mundial como se isso, por si mesmo, fosse suficiente para levar paz, dignidade e conforto aos oprimidos.

A verdade nunca encarada é que a tragédia dos imigrantes foi construída também pela covardia, pela demagogia e pela tolerância com os intolerantes que impera no Ocidente. Sim, muitas pessoas se dispõem a financiar inúmeras causas sociais e humanitárias pelo mundo, mas essas mesmas pessoas rejeitam o combate direto aos governos que geram e alimentam as calamidades. Em respeito à soberania de alguns países, o Ocidente se nega a intervir objetivamente contra governos autoritários e grupos terroristas. Seu poder bélico é apenas um instrumento de intimidação contra aqueles que não se intimidam por saber que nos países ocidentais há uma maioria de formadores de opinião que não permite intervenções militares. Declarações e negociações se sucedem por semanas, meses, anos… enquanto milhares de inocentes são assassinados porque o ocidente não aceita o risco de ações militares acabarem matando acidentalmente dezenas de inocentes.

Durante o tempo em que levei para escrever esse texto, algumas crianças foram decapitadas pelo Estado Islâmico e sabe-se lá quantas mulheres foram mutiladas em alguns países africanos simplesmente porque o Ocidente alimenta a esperança de que um dia seus lamentos, seus clamores e suas doações serão o bastante para converter ódio em amor.

O Ocidente rejeita também a realidade de que suas ações humanitárias fortalecem governos autoritários e grupos terroristas. O envio de comida, de água e de remédios diminui não apenas o sofrimento das populações, mas também a pressão sobre os governos que as mantém na pobreza; da mesma forma que a recepção de imigrantes na Europa alivia a pressão interna nos países de origem desses imigrantes, beneficiando seus governantes. Tudo isso porque o Ocidente reluta em bombardear o palácio de meia dúzia de ditadores.

Tomando como exemplo a Síria, sua destruição poderia ter sido evitada com uma única e radical intervenção, mas os países que poderiam fazê-la não a fizeram por temer a reação da Rússia, país controlado por membros do antigo Partido Comunista da União Soviética e que hoje contam com o apoio de todos os governos e militantes socialistas do mundo apenas por fazer frente aos Estados Unidos.

Ontem foi noticiada a condenação da Odebrecht pelo crime de escravidão. Vejam só o absurdo: A construtora manteve trabalhadores em condições precárias de higiene, de moradia e de alimentação, obrigando-os a cumprir o contrato sem o direito de largar seus postos e voltar para casa. Enquanto isso, um regime caribenho e outro asiático mantém suas populações sob condições precárias de higiene, de moradia e de alimentação, sendo obrigadas a trabalhar para sustentar o governo e impedidas de deixar o país; mesmo assim, nenhum governante, nenhum intelectual ou jornalista da grande mídia mundial ousa dizer que o que esses países impõem a seus povos se chama escravidão.

Se a maior parte dos ocidentais crê na providência estatal e que cada ser humano é, de certa forma, responsável por todos os outros, então deveriam exigir que os governos com maior poder militar não permitam qualquer violação dos “direitos humanos” noutros países. Em vez de declarações de repúdio, deveriam cobrar ações imediatas e profundas contra todas as formas de autoritarismo, custe o que custar. F16 na cabeça!

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João Cesar de Melo

João Cesar de Melo

É militante liberal/conservador com consciência libertária.

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