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“Não é não”: isso também vale para a militância politicamente correta

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A Rede Globo de Lacração, digo, Televisão, divulgou, na edição do Jornal Nacional de segunda-feira, um movimento contra o assédio sexual que teria feito sucesso entre os foliões nesta festa de Momo: sob o slogan “Não é não”, a intenção, segundo consta, seria promover o respeito para com as mulheres que saíram às ruas para pular carnaval.

Eis um dos relatos colhidos junto às moças que pintaram na pele o referido mantra:

“Teve uma pessoa que chegou em mim e eu falei: ‘Não, eu não quero’. E ele falou: ‘Tudo bem. Não é não. Prazer te conhecer’, e foi embora. Essas campanhas precisam ser feitas para que atitudes assim continuem sendo tomadas”, contou a estudante Isadora Oliveira Lima.

Ok. Nem vale a pena argumentar que esta historinha tem todos os ingredientes de uma fanfic (peça de ficção que se encaixa perfeitamente em uma narrativa). Melhor ir logo para o cerne da questão: se alguém saiu “empoderada” deste exercício barato de problematização, não foram as mulheres, e sim a patrulha do comportamento humano.

A necessidade de rechaçar ações desrespeitosas está na ordem do dia de quem quer que se disponha a embrenhar-se em multidões e aglomerações urbanas. Neste esforço contra pessoas abusadas, um spray de pimenta ou mesmo um taser à mão quebram um galho danado — mas isso deve ser violento demais para quem se diz “progressista” e nega às vítimas o direito de legítima defesa, correto?

Neste caso, muito ajudaria incutir no imaginário popular a noção de que refrear desejos e impulsos é, por vezes, não apenas salutar como indispensável para a convivência em sociedade —, mas isso também seria opressão demais para a geração que foi ensinada a exigir direitos infindáveis sem assumir deveres de qualquer natureza em contrapartida.

Outra medida que costuma ser eficaz contra molestadores é sair para a diversão na companhia de amigos versados na arte de descer a porrada em malandros aproveitadores . Ah, mas delegar aos homens a proteção das mulheres é uma ofensa ao sexo feminino, machismo e obscurantismo dos mais patentes, segundo consta do manual do neomarxista.

Assim sendo, é provável que o pessoal da mão boba continue aprontando das suas e motivando hashtags diversas vez por outra — perfeito para a turba barulhenta que não está nem aí para solucionar verdadeiramente o conflito e só quer receber holofotes.

Quem perpetra atos libidinosos sem consentimento de terceiros normalmente o faz sabendo que não deveria. Ensinar que “não” significa “não quero” é de uma obviedade e uma inutilidade tão grandes quando pregar que devemos convencer estupradores de que estuprar é errado, ou persuadir ladrões de que roubar não é bacana.

Mas o problema da campanha em questão vai muito além de passar longe da solução daquilo que se propõe a combater: a partir do momento em que as feministas incentivam que até mesmo a insistência inofensiva seja reprimida, elas acabam por desvalorizar as mulheres.

Explico: um homem tentar reiteradamente ser aceito por uma mulher consiste em um verdadeiro elogio às qualidades da pretendida. É durante sua empreitada pela conquista que ele irá enaltecer tudo o que ela tem de bom e bonito, promover galanteios de toda espécie, quem sabe até fazer uma serenata e jogar flores a seus pés. O simples fato de ele não desistir e continuar tentando, mesmo sendo rejeitado inúmeras vezes, por si só constitui uma menção honrosa, uma declaração de que a moça vale o sacrifício de tempo e energia.

Eventualmente, o pretendente pode até mesmo vir a evoluir e amadurecer durante esta peregrinação amorosa, tornando-se, no intuito de agradar a almejada senhorita, alguém melhor — o que vem a ser benéfico não apenas para os envolvidos no enlace, mas para todos que os cercam.

Mas e se for estabelecido um novo “contrato social” cujas cláusulas determinem que ao som da primeira negativa (ainda que emitida sem muita ou com nenhuma convicção ) o homem deve cessar o xaveco?

Ora, neste caso, a atitude natural passará a ser virar as costas e partir para a próxima — exatamente como narrado pela entrevistada acima.

Sabe aquele lance de fazer jogo duro, valorizar-se? Foi pras cucuias: neste novo cenário desenhado pelos engenheiros sociais, ou a mulher deixa claro logo de primeira que está a fim, ou tchau.

Ou seja, ao final do processo, é a vida dos homens que termina facilitada, desincumbidos eles da tarefa de ganhar o sorriso e a simpatia das moças. Isso é coisa do passado, pelo jeito: a moda agora é “sim ou não, fulana”? Quase uma versão chancelada pelo politicamente correto do vulgar “dá ou desce” de outrora. Ouço homens solteiros agradecendo efusivamente…

Nas palavras de CS Lewis, “o maior trunfo do Diabo é mandar os erros aos pares: ao fugir de um extremo, acabamos caindo em outro”. Taí na prática!

Não imaginem vocês, todavia, que se trata de um episódio isolado: esta tentativa de moldar as atitudes humanas está inserida no contexto de busca pela igualdade a qualquer custo — se alguém lembrou do Socialismo, acertou. Se nem todas as mulheres logram ser cortejadas, então nenhuma deve ser merecedora de tal privilégio. E como feministas de terceira onda não costumam ser exatamente aquelas figuras de encher os olhos (mesmo vivendo em uma época onde a busca pela beleza tornou-se acessível como nunca dantes), fica mais fácil de entender seus propósitos — dor de cotovelo, em português claro.

Em escolas americanas, foram registrados dois casos insólitos resultantes da mesma mentalidade igualitária insana: uma delas instruiu os professores a afastar, durante as atividades pedagógicas, estudantes que se comportassem como melhores amigos, a fim de não entristecer aqueles que, porventura, não tivessem melhores amigos; a outra, por ocasião de um baile escolar, pediu que as alunas não recusassem pedidos de dança, pois isso poderia ferir a autoestima dos alunos .

Observem que esta última situação consiste no exato oposto do “não é não”. E ao contrário do que se poderia deduzir, esta notável contradição não constitui um erro, mas sim uma etapa muito relevante na constituição de mecanismos de controle dos indivíduos: se os critérios para definir o que é ou não admissível são flexíveis e variáveis, só resta às pessoas ficarem de plantão aguardando as próximas orientações das mentes iluminadas que, muito solicitamente, nos impedem de agirmos de forma racista, machista, homofóbica ou xenófoba, bastando, para tal, acatarmos integralmente sua cartilha. Nem Darth Vader sonhava em amealhar tanto poder…

“Uma mulher pode resistir à cantada de mil homens diferentes, mas nunca a mil cantadas do mesmo homem”. A livre interação entre seres humanos cunhou esta máxima da sabedoria popular ao longo dos séculos e os revolucionários de DCE querem destruí-la porque assistiram a meia dúzia de aulas de sociologia. Para o bem das mulheres, é melhor deixar este pessoal falando sozinho.

NÃO É NÃO, esquerdista!!! Deixe nossa cultura em paz…

Nota: Texto publicado originalmente no Instituto Liberal no dia 13 de fevereiro de 2018.

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Ricardo Bordin

Atua como Auditor-Fiscal do Trabalho, e no exercício da profissão constatou que, ao contrário do que poderia imaginar o senso comum, os verdadeiros exploradores da população humilde NÃO são os empreendedores. Formado na Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR) como Profissional do Tráfego Aéreo e Bacharel em Letras Português/Inglês pela UFPR.

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