Vigésimo nono mês do NFL: sobre o livro “História do Liberalismo Brasileiro”
O Instituto Liberal, o Instituto Libercracia, o Instituto Liberal do Nordeste, o Instituto de Formação de Líderes-Goiânia e o Instituto de Formação de Líderes-Brasília, em parceria, utilizando as ferramentas que as redes sociais nos proporcionam, organizam reuniões virtuais, integralmente abertas ao público, para debater textos dos mais importantes autores nacionais e internacionais dentro do espectro liberal. O nome do projeto é “Núcleo de Formação Liberal” (NFL).
A intenção do projeto é que os debates e reflexões se concentrem o mais exclusivamente possível na obra dos autores, para qualificar a formação do pensamento de nossos ativistas e lideranças nos diversos setores da sociedade. Todas as reuniões são baseadas em trechos ou capítulos de obras, previamente divulgados. Um ou dois relatores se encarregam de fazer uma explanação a respeito dos trechos selecionados, seguida de um debate com apontamentos dos representantes dos institutos responsáveis pela iniciativa e a participação do público.
Depois de Friedrich Hayek, Joaquim Nabuco, Edmund Burke, Roberto Campos, Ludwig von Mises, José Guilherme Merquior e Thomas Sowell (ao longo de 2020), além de um encontro de revisão em janeiro, estudamos em 2021 Ayn Rand, Antonio Paim, Murray Rothbard, Ubiratan Borges de Macedo, José Ortega y Gasset, José Osvaldo de Meira Penna, John Stuart Mill, Tavares Bastos, Milton Friedman e Rui Barbosa. Em 2022, foram abordados John Locke, Visconde do Uruguai, Adam Smith, Frei Caneca, Alexis de Tocqueville, Miguel Reale, Henry David Thoreau, a presença do liberalismo na Independência do Brasil e Hans-Hermann Hoppe e Eugênio Gudin. Iniciando a quarta temporada em 2023, o tema foi o livro “Evolução Histórica do Liberalismo”. Neste mês de março, estudamos a obra “História do Liberalismo Brasileiro”, também de autoria do professor Antonio Paim.
15/03 – História do Liberalismo Brasileiro – Cap. 1 a 15 (p. 31 a 151) – 19h
O primeiro encontro reuniu Lucas Berlanza (Instituto Liberal), Josesito Padilha (Instituto Liberal do Nordeste) e Alex Catharino, que assumiu a relatoria. Ele se concentrou em abordar a primeira metade da obra, que versava sobre a presença do liberalismo no período colonial, no Reino Unido e no Brasil Império.
Depois de analisar a presença dos chamados “liberais radicais” de inspiração rousseauniana desde as revoltas nativistas e o Seminário de Olinda, a abordagem de Paim, exposta por Catharino, atravessa a presença do ideário liberal no processo de Independência do Brasil. O relator aproveitou para, como editor do livro estudado, fornecer uma série de informações de bastidores sobre sua elaboração e estruturação.
Após a Independência, o Primeiro Reinado e o caos regencial, o Segundo Reinado formaliza o triunfo do grupo dos chamados “liberais moderados”, que se dividiram entre os dois principais partidos da época, o Liberal (luzia) e o Conservador (saquarema). Para isso, foi fundamental a absorção das teses liberais de Silvestre Pinheiro Ferreira quanto ao sistema representativo, como ressaltou a relatoria.
Catharino chamou a atenção também para a exposição da metodologia de trabalho de Paim feita por Ricardo Vélez Rodríguez no texto de contracapa. Em uma fase interativa que estendeu o encontro a mais de três horas de duração, temas como o Poder Moderador e o pensamento de Frei Caneca foram discutidos.
29/03 – 19h – História do Liberalismo Brasileiro – Cap. 16 a 29 (p. 155 a 383) – 19h
O segundo encontro reuniu Lucas Berlanza (Instituto Liberal) e Josesito Padilha (Instituto Liberal do Nordeste), cabendo ao primeiro a tarefa da relatoria. O objetivo foi sintetizar a segunda metade da obra, desenvolvendo a trajetória do liberalismo no período republicano brasileiro.
Ressaltou-se que o livro enfoca a República como um regime político que, nascendo a partir do golpe militar de 1889, enfraqueceu, sob influência da filosofia positivista, a noção liberal da representação por interesses, absorvida pela elite imperial a partir das ideias de Silvestre Pinheiro Ferreira. A República Velha, com legalidade formal liberal e prática política autoritária, foi marcada pelo fortalecimento, ao contrário, de correntes autoritárias ou antiliberais, como o tradicionalismo católico e o Castilhismo.
A narrativa perpassou o período posterior à Revolução de 1930, em que o populismo varguista e as correntes autoritárias ganham protagonismo, mas os liberais não deixam de marcar presença em uma postura combativa, porém, desvinculada da evolução teórico-prática do liberalismo no exterior. Os laços com a experiência externa só seriam retomados a partir da década de 80.
Após o relator “pincelar” a abordagem de Paim sobre o legado das gerações liberais das últimas décadas, com ênfase à sua defesa da necessidade de organizar a corrente liberal dentro do sistema representativo, discutiram-se, na fase interativa, a posição dos liberais como Paim sobre a obra de John Maynard Keynes e as aplicações da retrospectiva do liberalismo republicano brasileiro aos desafios contemporâneos.