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Um espectro ronda o Brasil. Ou: por que o impeachment precisa ser enfrentado

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Um espectro ronda a Europa – o espectro do comunismo”, escreveram de forma bombástica Marx e Engels, logo na abertura do famigerado “Manifesto Comunista”.  Eu tomo emprestadas as palavras dos dois escribas para dizer que, no momento, um espectro ronda o Brasil – o espectro do impeachment.  Digo mais: para o bem do país, esse fantasma precisa ser enfrentado pelo Congresso nacional o mais breve possível.

Apesar da vitória obtida pelo governo ontem, no Congresso, e da euforia de alguns aliados de Dilma, o Dólar abriu hoje em alta e já custava R$4,13, quando comecei a escrever essas mal traçadas linhas.  A economia do país encontra-se praticamente paralisada, a espera do desenrolar da crise política.  Raros são os agentes econômicos com coragem suficiente para iniciar qualquer novo investimento hoje em dia.  Todos, sem exceção, preferem esperar o desfecho da crise.

A sensação no mercado é de profunda incerteza, insegurança e medo em relação ao futuro, não apenas de longo, mas também de curto prazo.  Ninguém imagina qual será a taxa de câmbio daqui a 90 dias, os juros no mercado não param de subir (até mesmo nos bancos públicos) e, apesar da paralisia econômica, a inflação continua subindo.  Em resumo, vivemos atualmente no pior dos mundos.  Até mesmo os investidores estrangeiros, que poderiam beneficiar-se da alta do dólar, estão retraídos, pois tudo que enxergam no horizonte são incertezas.

O “barco Brasil” navega ao sabor dos ventos, tal qual uma nau sem rumo.  A presidente da república não governa mais.  Seu único objetivo, no momento, é tentar permanecer no cargo, custe o que custar.  Enquanto isso, Levy – o tolo – não para de tentar aumentar impostos para cobrir os buracos do orçamento, mesmo sabendo que esses aumentos podem ser um tiro no pé, pois ajudarão a levar o PIB ainda mais para o buraco, com reflexos negativos na arrecadação.  Sua atuação está voltada exclusivamente para a manutenção do grau de investimento do Brasil pelas duas agências de risco que ainda não nos rebaixaram, mas provavelmente o farão em breve.

Para piorar ainda mais as coisas, lideranças do próprio partido da presidente insistem em fazer acirrada oposição ao arremedo de política econômica proposto pelo ministro da fazenda.  Querem que o BACEN reduza os juros na marra e que o governo retorne à gastança desenfreada que caracterizou a “nova matriz econômica” do primeiro mandato de Dilma, numa demonstração severa da estupidez atávica que assola aquele partido.

A lógica indica que o ambiente atual não vai mudar enquanto o espectro do impeachment continuar rondando o Brasil. Para o bem ou para o mal, ele precisa ser enfrentado de frente, o mais rapidamente possível, sob o risco de quebrar o país.  O Congresso precisa encarar o fantasma de frente, pois, qualquer que seja o resultado, será melhor do que a situação que enfrentamos hoje.

Caso vença a oposição, Michel Temer certamente terá muito mais condições de liderar um governo de coalizão, que envolveria PMDB, PSDB, PPS e outros, do que Dilma, até porque, todos os que votarem pelo impedimento estarão na obrigação moral de apoiar o sucessor.  Se vai ser bem sucedido ou não, ninguém pode saber, mas tampouco ninguém poderia imaginar que Itamar Franco seria capaz de fazer um bom governo, que acabou, inclusive, debelando a inflação.

Por outro lado, caso vença o governo e a presidente permaneça no cargo, pelo menos o fantasma do impeachment desaparece, e Dilma terá a tranqüilidade que hoje lhe falta para governar até o fim de seu mandato.  Não acredito que faça um bom governo, mas pior do que está, vendo o fantasma debaixo da cama, é impossível.

A pior das alternativas, portanto, sem dúvida, é o prolongamento da indefinição.  Enquanto o espectro do impeachment pairar sobre as nossas cabeças, principalmente sobre a cabeça (oca) da vossa presidenta, o país permanecerá em estado letárgico.

 

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

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