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Se você não concorda, você é antidemocrático

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Nos antigos regimes marxistas, tudo que desagradasse ao comando era considerado contrário à “revolução”. “Revolucionário” tornou-se sinônimo de algo positivo, tanto que, na extinta União Soviética, foi criado, em 1952, um manual jurídico que classificava como criminosas condutas “contrarrevolucionárias”. O regime de Fidel Castro adotou práticas semelhantes e, frequentemente, promoveu campanhas e investigações ilícitas contra dissidentes contrários à revolução.

Absolutamente qualquer coisa considerada contrarrevolucionária era tida como uma ameaça à noção – enviesada – de progresso em direção ao cumprimento da suposta revolução. A imprecisão do termo sempre foi uma vantagem do ponto de vista do establishment, que indigitava a crime aqueles que subscreviam visões heterodoxas sobre o governo.

Nessa perspectiva, o termo “democracia” desempenha um papel semelhante no discurso político. Nos EUA, por exemplo, o presidente Joe Biden fez duas grandes falas sobre como a “democracia” seria abolida se os seus opositores vencessem as eleições. O ex-presidente Barack Obama também utilizou a mesma retórica ao falar recentemente que, se os republicanos ganhassem no Arizona, “a democracia como a conhecemos poderia não sobreviver”.

No Brasil, não é diferente. A campanha eleitoral do presidente eleito Lula foi pautada, em grande medida, na propagação do (irracional) medo de uma quebra da democracia pelo presidente Bolsonaro, algo que, além de absurdo, não deu qualquer sinal de que poderia acontecer nos últimos quatro anos.

A acusação de antidemocrático se tornou uma espécie de mantra entre os políticos de esquerda e de seus aliados da mídia. Não é difícil encontrar jornalistas que repreendem leitores por votarem influenciados por preocupações econômicas quando, para eles, “a democracia está ameaçada”. Apesar da retórica covarde, felizmente, muitos eleitores enxergam o óbvio: a única coisa que realmente apresenta perigo é a versão de democracia defendida pela esquerda, que mistura ingerência econômica, distribuição de favores e compromisso com a impunidade.

Quem não se lembra dos escândalos de corrupção revelados pela Operação Lava Jato? Foram mais de 1.000 mandados de busca e apreensão, mais de 300 mandados de prisão, 12 acordos de leniência e 242 condenações (incluindo o polêmico processo de Lula) nessa que foi a maior operação anticorrupção da história brasileira. Sob a batuta do governo petista, cargos importantes de estatais como a Petrobras eram usados para direcionar contratos a certas empresas em troca de propina, permitindo o desvio do dinheiro dos cofres públicos para os beneficiários do esquema. Para sustentá-lo, agentes públicos e parlamentares recebiam pagamentos em troca de manter os diretores no poder.

Ainda assim, Lula conseguiu concorrer à presidência em 2022 em um processo eleitoral cuja alegação de fraude de urnas eletrônicas foi ponto crítico. Não obstante nosso sistema de urnas ser alegadamente confiável, desde sua criação é alvo de críticas quanto à possibilidade de fragilidades a ataques eletrônicos. Aliás, qualquer tentativa de aumentar a segurança do processo eleitoral, como implementar sistemas de redundância e impressão de comprovante de voto, é denunciada como “antidemocrática” pela mesma turma que acha razoável a volta de Lula ao poder. Ironicamente, para esse grupo, ser pró-democracia significa não se importar com a possibilidade de o processo de votação ser fraudulento. O que esses indivíduos parecem propositalmente esquecer é que, no processo eleitoral, as instituições democráticas devem garantir a regularidade das eleições e o respeito ao Estado de Direito. Rotular de antidemocrático aquele que questiona os processos faz muito pouco pela própria democracia.

Quando se trata do discurso político, os detalhes reais do que significa ser pró-democrático ou antidemocrático não importam mais do que a utilização dos termos para embasar ideias, mesmo quando elas são indignas de tal correlação. O que temos visto, em verdade, é o depósito de uma alta carga emocional à palavra “democrático”, a ponto de, essencialmente, ter se tornado um código para o “politicamente legítimo”. Em outras palavras, o que importa é chamar de democrático tudo aquilo de que o “meu lado” gosta e rotular de fascista e ameaça ao bem comum tudo o que antenta contra os meus planos.

Em tempos em que calar opositores torna-se tão habitual quanto ir à padaria e a supressão de liberdades individuais é a ordem do dia, vale lembrar das sábias palavras de Ludwig von Mises: “ideias e somente ideias podem iluminar a escuridão”.

*Juliana Bravo e colaboradora no Instituto Líderes do Amanhã.

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