O discurso de Trump e o protecionismo
Ronald Reagan (1911-2004), 40º presidente dos Estados Unidos e mais notável líder político conservador norte-americano no século XX, afirmou que seu antecessor favorito era o 30º presidente, Calvin Coolidge (1872-1933). A gestão federal de Coolidge foi marcada pela defesa de impostos baixos e governo central pequeno, com redução de gastos públicos.
Em seu discurso de posse em 1981, Reagan, que defendia a economia de mercado e se aproximava de economistas liberais como Milton Friedman, disse que o governo não era a solução, mas o problema.
Donald Trump preferiu enaltecer em sua segunda posse o 25º presidente, William McKinley (1843-1901). Essa escolha é mais ambígua. Por um lado, McKinley manteve o padrão-ouro para evitar a emissão desenfreada de moeda e a consequente inflação. Por outro, porém, e isso foi o que Trump decidiu elogiar, ele se notabilizou pela imposição de altos impostos para produtos estrangeiros. Era um defensor apaixonado do protecionismo, pregando que, sob o livre mercado, “o comerciante é o senhor e o produtor o escravo”.
Segundo Trump, McKinley “enriqueceu”‘ os EUA “com tarifas”. Seu governo, Trump prometeu, irá “colocar tarifas e tributos sobre países estrangeiros para enriquecer” seus cidadãos: “estamos estabelecendo o serviço de receita externa para coletar todas as tarifas, taxas e receitas. Serão enormes quantias de dinheiro entrando em nosso Tesouro vindas de fontes estrangeiras. O sonho americano logo estará de volta”.
Se protecionismo, fechamento de mercado, intervencionismo fossem as senhas para a riqueza e o “sonho americano”, o Brasil já seria a maior potência econômica mundial. Não é o imposto que enriquece uma sociedade. Estou destacando isso porque, quando a direita está emocionada demais com um político, é bom que haja alguma dose de água no chopp para que nos mantenhamos críticos e vigilantes.
Trump é uma opção melhor que Kamala Harris e Joe Biden; mas Trump não é Ronald Reagan. Tenham isso em mente. Se defendemos o liberalismo e a economia de mercado, devemos aproveitar a oportunidade para reafirmar nossos princípios.