Gaúchos decentes repudiam homenagem a comunista traidor
Respirar pela primeira vez os ares do Rio Grande do Sul, recebendo inolvidável recepção dos amigos gaúchos, animou-nos a somar esforços a eles em uma conscientização muito importante, ainda que algo tardia. Trata-se daquele tipo de mobilização que o economicismo puro desprestigia, mas que se mostra imperioso à saúde da alma de um povo.
Está para ser inaugurado o Memorial Luiz Carlos Prestes. A obra de Oscar Niemeyer, que teve sua pedra fundamental erguida há duas décadas, resulta de um projeto de lei do pedetista Vieira da Cunha, sancionado pelo prefeito petista Olívio Dutra em 1990. Na época, apenas a bancada do PSD, atual PP, votou contrariamente à proposta. Mais um capítulo infame de ode à excrescência política, brasileira e mundial que os gaúchos decentes precisaram testemunhar em sua própria terra, outrora berço do brizolismo, do janguismo, do varguismo e subjugada pelo Castilhismo.
O estrago, de certo modo, a essa altura, está feito. Porém, tão grave é a deformação da História e da moral a que deverão ser submetidas as crianças do estado, seguramente prestes a serem levadas pelos seus professores para testemunhar a luminosa história do “justiceiro social”, o “Cavaleiro da Esperança”, que as articulações em curso para manifestações e protestos precisam ser reforçadas. Não se está a perpetuar tão-somente uma farsa robusta, como também se está a enaltecer para sempre um traidor da Pátria. Não poderíamos ostentar vergonha maior.
Em matéria de um veículo local, encontramos algumas declarações que ajudam a esclarecer um pouco mais o absurdo que está para acontecer. Por exemplo, esta: “O Memorial tem um tripé: homenagear o patriota, o revolucionário e o comunista. Ele será um espaço não de um grupo de comunistas, mas da cidade de Porto Alegre”. A segunda frase do vice-presidente do Memorial, Edson Ferreira dos Santos, é certamente rejeitada por muitos cidadãos de bem, que verão na terra de liberais como Gaspar Silveira Martins, Raul Pilla e Assis Brasil mais do que um memorial sangrento.
O pior, porém, está na primeira. Que tipo de desfaçatez e distorção escroque permitiria figurar Luiz Carlos Prestes como um patriota? O tenentista que se vendeu à ideologia de Karl Marx e a Moscou? Uma ideologia que despreza todas as mais notáveis contribuições edificadas pelos grandes homens do passado, posto que os enxerga como notas de rodapé de um processo irresistível de sucessões de modos injustos de produção econômica? Que respeito um comunista pode verdadeiramente ter pela pátria? Que apreço tinha pelo Brasil um agente da União Soviética, um assecla do Komintern, que não pensaria duas vezes em se aliar aos seus parceiros de orquestração totalitária, mesmo que contra os interesses de seus compatriotas?
Prestes não era apenas um inimigo do Brasil; sua fabulosa Coluna, vasculhando um vasto território para não atingir resultado algum, procurando cooptar a população humilde para sua delirante revolução, explorando as contradições genuínas da decrépita República Velha, acumula relatos de abusos cometidos em seu transcurso. Seu senso moral era tão lamentável que autorizou o assassinato da menina Elza Fernandes, de 16 anos, executada pelo seu “tribunal vermelho” sem lei por suspeita de traição, e não teve pudor em dar sustentação a Vargas na eleição de 1950, o mesmo que, como ditador, extraditou para a Alemanha nazista a sua esposa Olga, também uma espiã soviética.
O único motivo para Luiz Carlos Prestes não ser detestado no Brasil é o fato de ter sido um autêntico fracassado em tudo que tentou e nunca ter efetivado sua revolução maldita, que repercutiria por aqui os rastros hediondos de uma ideologia assassina, estranha à sensibilidade tradicional de nosso povo. Não obstante, eis o que diz o bisneto do arquiteto Oscar Niemeyer, Paulo César: “Essa obra é muito importante porque o Oscar carregou nela toda sua vontade de simbolizar essa memória do socialismo”.
Se Oscar Niemeyer viveu enamorado de sanguinolências stalinistas, isso é problema dele. Envolver o povo de Porto Alegre é outra história. Os sacrossantos “isentões”, sempre prontos a elaborar desculpas para proteger as hostes vermelhas, esbravejam que o objetivo é exaltar a História, um personagem, os fatos, à revelia de ideologias; por que aqui se fala então em um “memorial ao socialismo”?
Lemos ainda que está em curso o projeto de construir o Caminho da Soberania, outro memorial, em território próximo, desta vez para homenagear o próprio ditador fascistóide Getúlio Vargas, João Goulart e seu cunhado agitador Leonel Brizola. Não é só isso. Em outra reportagem, também de veículo gaúcho, descobrimos que o Memorial Luiz Carlos Prestes, além de seu desenho geral lembrar uma imensa réplica dos conhecidos símbolos da foice e do martelo, ressaltará propositadamente o vermelho do comunismo em suas paredes e receberá uma série de eventos – cuja orientação ideológica é evidente a partir do que diz o vice-presidente Edson.
“Serão recebidos eventos que falem, por exemplo, de lutas sociais, desigualdade, movimentos sindical, popular, de anistia, de solidariedade internacional. Não é um espaço fechado para comunistas, mas não vamos fazer um palanque para provocadores”, ele sentencia, e frisa que a Coluna Prestes visava “denunciar as condições de vida do povo e lutar pela democracia”. E o comunismo? Ah, este último “libertou a humanidade do fascismo e do nazismo”.
Pois sim! Eis que a homenagem infame a Prestes se assume como pretexto para incrustar uma ode ao Stalinismo em plena Porto Alegre (!). Do fato de a União Soviética ter batalhado ao lado dos Aliados para derrotar Hitler e Mussolini, deduz-se que o genocídio perpetrado pelo ditador russo e seu séquito doravante será premiado com um emblema espúrio nas plagas tupiniquins. Não é possível que nos permitiremos perverter tanto em nossa essência! Não é possível que toleraremos passivos tal escárnio de nossos valores e de todas as vítimas que padeceram os mais tenebrosos martírios graças a lunáticos como Luiz Carlos Prestes!
Nosso abraço e nosso apoio a todos os brasileiros de bem no Rio Grande do Sul que se unem para repudiar essa ofensa a todos nós e à humanidade. Não nos calemos. Por milhões de pessoas. Por Elza.