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John Stuart Mill e os socialistas utópicos

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O aspecto mais polêmico (…) está no diálogo milliano com os socialistas utópicos. Conforme bem explica Camerino, Mill nunca abdicou dos compromissos teóricos que assumiu com suas afirmações feitas no livro Sobre a Liberdade, mas ele defendeu que experiências sustentadas pelos socialistas utópicos como Fourier, Owen e o anarquista Proudhon (…), como o cooperativismo (…), seriam tentativas bem-vindas de elevação do patamar dos trabalhadores.

Na verdade, Mill admitia a possibilidade de que o sistema econômico capitalista fosse transformado ao longo do tempo, se as alternativas socialistas, cooperativistas ou mutualistas se provassem superiores.

No entanto, ele sustentava que essas alternativas fossem experimentadas dentro do sistema de mercado, competindo com as demais, inclusive admitindo a hipótese de grandes capitalistas contratarem serviços de cooperativas paralelamente.

Influenciado pelo empirismo inglês, ele, em vez de rechaçar as teses socialistas completamente, até demonstrava certa simpatia por algumas delas (as pacíficas) e queria, em suma, ‘ver para crer’.

É sempre oportuno enfatizar que esses pensadores socialistas utópicos não pregavam revoluções violentas, mas a formação de comunidades ou organizações econômicas alternativas que, justamente, em sua concepção, se provariam superiores e pacificamente substituiriam o estado de coisas. (…)

As experiências socialistas utópicas ainda tinham o frescor da novidade e o socialismo marxista sequer se tinha assentado quando Mill produziu suas reflexões. Seu interesse intelectual na possibilidade de oferecerem contribuições úteis precisa ser compreendido nesse contexto; nada disso o retira da condição de personagem da história do liberalismo, de vez que permanecem de relevância central suas reflexões sobre liberdade, justiça, democracia, sistema representativo, Estado de Direito e outros princípios nucleares da tradição liberal.”

(Trechos de meu livro “O Papel do Estado Segundo os Diversos Liberalismos”, Edições 70, p. 220-221)

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

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