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O Mercado das Idéias Liberais

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JOÃO LUIZ MAUAD*

Em termos mercadológicos, diz-se que um produto é bom quando vende bem e vice-versa.  Baseado nessa verdade insofismável, um amigo esquerdista questionou-me certa vez acerca das idéias liberais.  Segundo ele, os partidos genuinamente liberais, mundo afora, com raríssimas exceções, costumam ter muito poucos votos, o que demonstra uma demanda extremamente pequena, fazendo crer que se trata de um produto ruim.

O silogismo é perfeito.  Premissas verdadeiras e conclusão válida.  De fato, o liberalismo não é um produto politicamente fácil de “vender”.  Mercadologicamente, portanto, é um produto “ruim”.  Mas há um porém: um produto que vende pouco não é, necessariamente, um produto de baixa qualidade.  Há produtos de comprovada qualidade que vendem pouco, enquanto há outros de qualidade duvidosa que vendem muito.

No Brasil, por exemplo, a música clássica é um produto cuja demanda é muito ruim.  Mesmo os mais famosos compositores, interpretados pelas melhores orquestras do planeta, não conseguem vender muitos discos.  Por outro lado, algumas músicas de extremo mau gosto, pelo menos para quem conhece um pouco do assunto, tornam-se facilmente grandes sucessos – o ritmo funk está aí e não me deixa mentir.

O insucesso do liberalismo deriva de alguns fatores, dentre os quais eu destacaria os seguintes, lembrando que não se trata de uma lista exaustiva:

  1. Principalmente em termos econômicos, o liberalismo é composto de um conjunto de princípios e idéias altamente contra intuitivos.  Pegue-se, por exemplo, as questões do salário mínimo, do planejamento central e do protecionismo.  A primeira vista, principalmente para aqueles que não são treinados no raciocínio econômico, essas políticas fazem todo sentido.  Afinal, proteger as indústrias locais contra a concorrência estrangeira ajudaria a manter empregos no país, ao passo que estabelecer um piso salarial para todos evitaria que empresários inescrupulosos pagassem salários de fome aos empregados.  No mesmo sentido, todos acham que um mercado bem planejado funciona muito melhor que um mercado caótico.  Explicar que essas “verdades” aparentes são, de fato, falácias exige tempo e disposição, enquanto, para o outro lado, bastam apenas algumas afirmativas peremptórias e recheadas de apelos bem intencionados para vender o seu produto.
  2. Um segundo obstáculo à disseminação das idéias liberais está na baixa qualidade da educação.  Assim como na música é preciso ter ouvidos bem treinados para perceber a qualidade de uma boa composição, as sementes do liberalismo precisam de mentes bem treinadas para germinar.  Não por acaso, os países onde os partidos liberais mais se destacam são justamente aqueles em que a população é mais bem educada.  Por outro lado, propostas populistas e demagógicas soam como sinfonias em mentes despreparadas, razão pela qual talvez não interesse aos políticos demagogos melhorar a qualidade da educação.
  3. O terceiro aspecto está vinculado ao conceito mesmo de democracia representativa.  As propostas e idéias liberais são geralmente de longo prazo e longa maturação.  Enquanto os liberais pregam a necessidade de fazer crescer o bolo, a esquerda acena com a redistribuição rápida da renda.  Enquanto os liberais dizem que é preciso aprender a pescar, a esquerda diz que vai dar peixe.  Enquanto os liberais dizem aos empresários que é preciso competição, a esquerda acena com proteções tarifárias, juros subsidiados e outras benesses. Ora, a maior parte das pessoas vota pensando no curto prazo e os políticos sabem disso.  Parafraseando Churchill, eu diria que, enquanto os liberais estão pensando nas próximas gerações, a esquerda pensa nas próximas eleições.
  4. Finalmente, há a própria questão do gosto pela liberdade.  Muita gente boa, inclusive liberais, acha que a liberdade é um valor superior para todos.  Não é.  Infelizmente, a humanidade está dividida entre os “lobos” e os “cães”: aqueles que realmente prezam e almejam a liberdade, com todos os riscos a ela inerentes, e aqueles que preferem a segurança, ainda que reféns de uma tirania benevolente, como dizia Tocqueville.  Será que vale a pena deixar de lado a segurança fornecida pelo Estado para enfrentar tantos perigos pela liberdade de escolher o próprio caminho, de tentar realizar as próprias ambições, de conduzir a própria vida?  Infelizmente, muitos acham que não.

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