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O fator Roberto Jefferson

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Rafael Hollanda *

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Uma das características mais notáveis neste momento histórico pelo qual o Brasil está passando, é a ascensão meteórica de diversos movimentos liberais, conservadores, libertários, monarquistas e anticomunistas que se originaram não por nenhum tipo de financiamento estatal e condutas escusas, mas apenas do idealismo e da fome por justiça e verdade de alguns homens e mulheres. Pessoas que tiveram a coragem de quebrar a espiral do silêncio imposta pela esquerda há 30 anos, no ambiente midiático e acadêmico do Brasil, deixando este canto da terra praticamente inacessível aos ideais da liberdade que, neste feliz momento, pautam os movimentos pró-impeachment e começam a entrar nos partidos políticos do país que entenderam a mensagem das ruas.

Neste período mais aguçado da crise, que começou no final de 2014, tivemos mudanças significativas. O Partido Novo (NOVO), primeira associação política do país que conta apenas com cidadãos comuns e tem uma pauta fortemente liberalizante, foi criado. O Partido Social Cristão (PSC) deu uma guinada de 180 graus, saindo do fisiologismo e limpando os quadros do partido, transformando-se em um partido programático e com claro viés liberal-conservador. O Partido Social Liberal (PSL) vem sendo higienizado internamente pelo pessoal do “Livres”, que ainda terá muito trabalho para transformar o partido em um bloco libertário consistente, mas que já demonstraram a que vieram e se mostram comprometidos a fazer do PSL o terceiro partido do Brasil com uma pauta decididamente pró-liberdade.

O Instituto Ludwig von Mises Brasil se tornou o mais influente think thank[1] do país. Seus livros batem recordes de venda. As palestras dos seus membros atingem sempre a lotação máxima. E o economista que dá nome ao grupo já é o mais pesquisado pelos brasileiros que procuram entender algo sobre a sua ciência. Os livros escritos por pensadores liberais e conservadores têm batido sucessivos recordes de venda.

O Instituto Liberal, para o qual escrevo esse texto, também está incluído no rol de organizações que estão ajudando a mudar a cara do Brasil, sendo um bastião da liberdade e de informação de qualidade em relação a diversos temas, entendendo que os liberais não devem falar apenas de economia, mas também de outros campos da conjuntura política e social.

Esse fortalecimento do movimento ocorreu em dois anos. Dois anos de trabalho árduo, sério, honesto e que trará indescritíveis e inumeráveis benefícios à Nação, quando um dos seus expoentes ou discípulos chegar ao poder. Todos os integrantes destes partidos e institutos, assim como todos os escritores, articulistas, artistas e acadêmicos que participam desta mudança são companheiros de luta na caminhada que efetuamos de mãos dadas por um Brasil melhor e desenvolvido.

Entretanto, temos de nos recordar de algo de suma importância. A nossa luta só está sendo possível por conta de três fatores essenciais:

O primeiro é que os esquerdistas no poder não contavam com a força da internet, com o poder da circulação das ideias e com a demanda, antes reprimida, pelo conteúdo de “direita” no mercado de leitores brasileiros. Isso fez com que, neste momento peculiar, milhões de brasileiros tivessem acesso à informação rica em conteúdo econômico, político e social, e assim pudessem tomar concretamente uma posição frente aos problemas nacionais, saindo do limbo intelectual e perdendo o medo de lutar contra a esquerda.

O segundo fator é que a tal liberdade de circulação de ideias só se dá em um país onde as leis funcionem minimamente. Um país em que a Constituição é cumprida e as garantias fundamentais são seguramente resguardadas. Por mais ameaçada e maltratada que esteja – com ensaios de censura a ideias contrárias e forte financiamento do Estado a grupos políticos, sociais e culturais contrários a ela – a democracia ainda vive no Brasil. E é ela que permite que indivíduos como Bruno Garschagen, Rodrigo Constantino, Flávio Morgenstern e Olavo de Carvalho tenham suas obras publicadas, bem como que associações como o NOVO, PSC, PSL, o Instituto Mises e o Instituto Liberal travem o bom combate sem nenhum tipo de temor.

Desta maneira e por conta desses fatores, estamos avançando. Pouco a pouco. Passo a passo. E já estamos ganhando velocidade. Porém, vamos voltar lá atrás, em 2005, no auge do Mensalão, o apêndice desse esquema de dimensões continentais que se procriou no Estado brasileiro e em especial na Petrobras, o Petrolão. É aí que se encontra o terceiro fator.

Se nós temos hoje algum resquício de democracia que permite com que nos expressemos e convençamos as pessoas dos nossos ideais, que partidos liberais e conservadores sejam formados e obtenham adeptos, e que escritores publiquem obras contrárias à ideologia dominante, então temos que prestar a nossa singela homenagem a um homem que, por mais imperfeito que seja, merece a consideração de todos os brasileiros: Roberto Jefferson. Ele é o terceiro fator que possibilitou a nossa luta. Em que pese os crimes por ele cometidos, hoje ele é um homem livre e já pagou a sua dívida para com a sociedade.

Muitos dos leitores arquearão as sobrancelhas e dirão: “o quê?”. É compreensível. Mas vejam: o homem nos salvou de uma encrenca ainda maior do que esta que estamos inseridos. Querem ver?

roberto-jefferson-foto-wilson-dias-agencia-brasilSe Roberto Jefferson não tivesse delatado o mensalão, nenhum escândalo do PT estaria em evidência. Protegido pela mídia que faria um silencio sepulcral em relação aos escândalos e pagaria de isentona, o PT teria hoje, com certeza, uma popularidade muito maior e continuaria no altar da “ética” que o partido tanto gostava de clamar.

Se Roberto Jefferson não tivesse delatado o mensalão, o Presidente do Brasil seria hoje, sem a menor sombra de dúvidas, ninguém menos que o Sr. José Dirceu de Oliveira e Silva, guerrilheiro treinado em Cuba na elite da DGI, chefe intelectual do PT, amigo íntimo de Fidel Castro e um comunista inescrupuloso.

Uma vez no poder, sem nenhum escândalo sendo divulgado para atrapalhar, com o parlamento todo comprado, José Dirceu tomaria com tranquilidade e com a sua característica falta de escrúpulos todas as medidas mais revolucionárias do PT e do Foro de São Paulo. Essas ideias que só foram abortadas graças à pressão da imprensa livre e da mobilização social oriunda da circulação das ideias de caráter liberal e conservador, que foram divulgadas pelos indivíduos e organizações já citadas.

O Brasil, sem dúvida, a esta altura já seria uma ditadura altamente repressora. Cito aqui nove medidas notoriamente conhecidas que foram abortadas, mas que José Dirceu, caso eleito, tomaria como mandatário:

  1. A promulgação de uma nova Constituição nos moldes da carta venezuelana de 1999;
  2. A criação de um órgão de censura à imprensa, com os meios de comunicação estatal se tornando predominantes e com os meios privados sendo fechados, principalmente os veículos do grupo Globo;
  3. A criação de um órgão centralizado de controle da internet, deixando o Marco Civil da Internet no chinelo em termos de ambições autoritárias;
  4. Trabalhar para que todos os órgãos estatais estivessem fortemente aparelhados. O Poder Judiciário seria ampliado e partidarizado. Seria lançado um plano de aposentadoria de magistrados que não se encaixassem no perfil ideológico do governo. O projeto constitucional do PT previa a eleição de juízes, o que, com as urnas da Smartmatic, faria com que apenas “companheiros” pudessem usar toga. Com Dirceu presidente e uma nova constituição, Sérgio Moro seria tutelado, o MP seria instrumentalizado para perseguir opositores e o STF seria “de jure” e “de facto”, um puxadinho do PT;
  5. A concretização do plano de Márcio Thomaz Bastos de transformar a Força Nacional de Segurança em uma “Guarda Nacional Bolivariana”, servindo de braço armado institucional do PT e reprimindo fortemente qualquer manifestação contrária a este;
  6. O Controle total do Estado sobre a economia, expropriação de propriedade privada, controle do governo sobre os preços, calote na dívida externa, utilização das reservas internacionais para financiamento de políticas públicas, estatização dos meios de produção, sindicalização total das empresas privadas, coletivização da agricultura liderada pelo MST e uma reforma agrária radical;
  7. Cada estado contaria com “conselhos populares” representados pelos braços sindicais, estudantis e armados do PT que, controlados por uma minoria, exerceriam o controle e usurpariam a voz da maioria;
  8. Eleições por voto em lista, leis restritivas a formação de partidos políticos e concretização definitiva da estratégia das tesouras, eternizando o modelo de eleição entre a esquerda oficial contra a “direita” permitida (PT X PSDB);
  9. Convênios legais e institucionais com os países do Foro de São Paulo, colocando cubanos não apenas como médicos, mas como chefes de autarquias, empresas estatais e comandantes das Forças Armadas. Tal como Chávez fez na Venezuela.

 

E aí eu lhes pergunto. Os senhores acham mesmo que caso Roberto Jefferson não tivesse delatado o mensalão, derrubado José Dirceu e feito com que o clima de ceticismo ao PT fosse se instalando aos poucos, até que se transformasse em repulsa generalizada, nós liberais, libertários e conservadores, com os nossos modestos recursos, teríamos alguma chance de nos expressar?

Com José Dirceu presidente, o Brasil estaria definitivamente perdido, a economia muito mais destruída, a soberania nacional dissolvida por completo, os Três Poderes submissos ao Executivo e a liberdade de expressão de que nos valemos para espalhar nossas ideias, não existiria mais. Demoraríamos muito, mas muito, para chegar ao modesto, mas animador, patamar que estamos hoje. Tudo seria bastante diferente. Quiçá até a “Pátria Grande” estaria implementada. O PT consolidaria o seu sonho de ser um PRI mexicano com a ideologia do Partido Comunista Cubano.

Se hoje temos os dois fatores essenciais que citei no início do texto funcionando a pleno vapor, devemos isto, em boa parte, à atuação de Roberto Jefferson, o terceiro fator. Como ele mesmo diz: “eu salvei o Brasil do Zé Dirceu”.

 

[1] Think tanks são organizações ou instituições que atuam no campo de grupos de interesse, produzindo e difundindo conhecimento sobre assuntos estratégicos, com o objetivo de influenciar transformações sociais, políticas, econômicas ou científicas. Os think tanks podem ser independentes ou filiados a partidos políticos, governos ou corporações privadas.

* Rafael Hollanda é estudante de direito do Ibmec-Rj.

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