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O discurso do rei e o da rainha

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 MARIO GUERREIRO *

Quem viu o excelente filme O Discurso do Rei deve ter percebido várias coisas muito importantes. Entre elas, o valor da autodeterminação voltada para a superação de dificuldades humanas.

Com a renúncia ao trono feita pelo Duque de Windsor, o mais próximo na linha de sucessão era seu irmão, que nunca tinha pensado em por a coroa do Reino Unido na cabeça, mas a situação política internacional exigia isso. Era seu dever patriótico e ele tinha que cumpri-lo!

O nazismo já tinha mostrado suas garras e era inevitável uma declaração de guerra a Hitler mais cedo ou mais tarde.

Sendo assim, o futuro George VI não podia recusar o trono, por mais que desejasse fazer tal coisa. No entanto, existiam dois inconvenientes: não só ele era um indivíduo muito tímido como também terrivelmente gago.

Imaginem só um rei do Reino Unido gago e ainda tendo de fazer uma declaração de guerra à Alemanha nazista empacando nas palavras e tendo brancos colossais. Inadmissível! Preposterous!

No entanto, graças a uma terapia feita por um ator fracassado, mas competente no ofício de fonoaudiólogo amador, o futuro George VI superou sua timidez e sua gagueira, assumiu o trono e fez o que dele era esperado: a firme e serena declaração de guerra à Alemanha de Hitler.

Mudando de época e de cenário. Quando era candidata a “Presidenta” da República, Dilma Rousseff também gaguejava, mostrava-se insegura e apresentava claros sinais de dislexia.

Ela não tinha a empolgante verve nem o “carisma” de Lulinha-Paz-e-Amor. Mesmo assim, ele conseguiu elegê-la, mas só para esquentar sua cadeira até 2014.

Uma vez eleita, melhorou um pouquinho, mas seus discursos continuavam tão insossos quanto antes. Mas passou o tempo, as coisas mudaram e muito…

No dia 6 de Setembro de 2012, véspera do Dia da Pátria, Dilma apareceu na TV em rede nacional e fez um magnífico discurso, tanto do ponto de vista da forma como do conteúdo. Gostaria de saber quem foi seu ghost writer

Asseguro que não estou ironizando. Apesar de tomado por total perplexidade, tive de reconhecer esse fato!

Não adianta nada omitir, por mera conveniência política, fatos públicos e notórios aos olhos de milhões de espectadores.

Dilma: discurso de 07/09/2012E lá estava ela, como uma rainha, serena, firme e descontraída. Ouvindo seu discurso, parecia até que Dilma tinha recebido o espírito de Margaret Thatcher, apesar desta mesma não ter desencarnado, apenas se aposentou e saiu de cena.

Dilma prometeu que não iria fazer privatizações como fez FHC, “que torrou patrimônio público só para pagar a dívida externa”.

Mas faria “concessões”, tendo a finalidade de melhorar nossa infraestrutura, nossas estradas, portos, aeroportos, etc. Se ela queria chamar isso de “concessões”, tudo bem. Desde que burocratas não desempenhem papéis de empresários.

Dilma prometeu que iria reduzir nossa a absurdamente alta conta de energia elétrica, apesar de não ter dito que se tratava de uma redução de imposto sobre o consumo de energia. Mas também está bem, uma vez que pagaremos menos.

Dilma prometeu que faria tudo para diminuir a carga tributária, coisa que é sempre boa, já que os impostos e a morte são as duas únicas coisas certas nesta vida, segundo o indefectível Dr. Samuel Johnson.

Dilma prometeu que não mediria esforços para diminuir o número de desempregados pelo aumento da oferta de empregos no setor privado, embora não tenha mencionado as pesadas obrigações sociais que oneram o custo dos empregos.

Dilma prometeu diminuir os pesados juros que atormentam a todos, principalmente os tomadores de empréstimos com vistas a empreendimentos, embora não tivesse mencionado a fórmula secreta de fazer tal coisa, sem gerar explosões de consumo e mais inflação.

Diante dessas e doutras tantas promessas do discurso da rainha, fiquei só pensando assim:

Não acredito que Dilma cumpra nenhuma das promessas que fez. Por quê? Ora, porque os “companheiros” iriam logo dizer: “A companheira Estella se aburguesou e está pondo em prática uma maldita agenda ‘neoliberal’”.

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* Doutor em Filosofia pela UFRJ. Professor Adjunto IV do Depto. de Filosofia da UFRJ. Membro Fundador da Sociedade Brasileira de Análise Filosófica. Membro Fundador da Sociedade de Economia Personalista. Membro do Instituto Liberal do Rio de Janeiro e da Sociedade de Estudos Filosóficos e Interdisciplinares da UniverCidade.

 

As opiniões emitidas na Série COLABORADORES são de responsabilidade exclusiva do signatário, não representando a opinião do Instituto Liberal.
Este artigo pode ser reproduzido desde que citada a fonte
INSTITUTO LIBERAL
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fonte das imagens: Wikipédia e site da Dilma

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