O Código Florestal
ARTHUR CHAGAS DINIZ*
Certamente, o relator do anteprojeto do Código Florestal, o deputado comunista Aldo Rebelo, não imaginava o número de problemas que disto decorreria. Não acho ruim, enfim, que a Câmara discuta uma questão que afeta direta ou indiretamente quase toda a população.
Comumente, o governo ou envia um decreto-lei, rapidamente aprovado, para não entupir a pauta dos projetos dos próprios representantes do povo, ou define o que lhe interessa nesses projetos.
O que estamos presenciando, na disputa entre pequenos e médios agricultores, especialmente estes, e a percepção ideológica do PT e de diferentes ONGs governamentais é a própria razão de existir uma Câmara de representantes do povo. Os interesses para os ideológicos é se devemos ou não tratar o Brasil como se fosse uma coisa homogênea.
Da agricultura fluminense ao vasto pantanal matogrossense há variados países, com culturas, hábitos e diferentes formas de viver, de cuidar e de plantar. Uma propriedade grande em São Paulo ou Minas Gerais (grandes produtores de alimentos) é inviável, sob o ponto de vista econômico, no pantanal matogrossense.
Não sei o bastante para definir se o histerismo das ONGs é apenas uma forma de manter-se com recursos públicos. O que eu certamente sei é que se as parcelas da população afetada por qualquer legislação inovatória se mobilizassem, tornando claro a seus representantes, de qualquer partido que seja, o que esperam dele em relação ao projeto de lei que as afeta, as decisões seriam diferentes.
Evidentemente, a dificuldade de botar em votação algo tão complexo como o Código Florestal enfraquece Dilma. Afinal, é exatamente nos primeiros seis meses de governo que a popularidade dos eleitos é maior. Brasília não pode comandar tudo. Não somos um país, somos um continente.
*PRESIDENTE DO INSTITUTO LIBERAL
Fonte da imagem: Wikipédia