Boibrás: a vaca vai pro brejo
RODRIGO CONSTANTINO*
A JBS anunciou que debêntures no valor de quase R$ 3,5 bilhões serão convertidas pelo BNDES, que passará a ter mais de 30% de participação acionária na empresa. O banco estatal já tinha emprestado para a empresa rios de dinheiro. A JBS faturava pouco mais de R$ 4 bilhões em 2006, já em termos consolidados. Com a “mãozinha” do governo, o conglomerado agora fatura quase R$ 60 bilhões!
Mais complicado, porém, tem sido transformar esta montanha de faturamento em lucro. A empresa, que lucrou quase R$ 160 milhões em 2006, apresentou um prejuízo acima de R$ 300 milhões em 2010. Entrementes, a gigante da agropecuária acumulou quase R$ 20 bilhões de dívida líquida no período. O governo, por meio do BNDES, resolveu criar uma “vencedora” no setor, na marra, e concedeu crédito quase ilimitado para este fim. Será que houve algum critério técnico para emprestar tanto dinheiro a uma empresa que não consegue nem lucrar?
O mercado de capitais acusa o golpe. As ações da JBS acumulam queda de quase 30% no ano. Nos últimos 24 meses, enquanto o CDI subiu 20%, a JBS caiu quase 15%. E é desta empresa que o governo agora, por meio do BNDES, resolveu ser grande acionista. É a criação da Boibrás, a estatal dos bois. As tetas do governo são fartas para os “amigos do rei”. De tetas o governo entende!
O caso da JBS é escandaloso e sintomático, demonstrando como o BNDES foi transformado pelo PT num veículo promíscuo de “desenvolvimentismo nacionalista”. Roberto Campos, que ajudou a criar o BNDE (antes do S de “social”), ainda em vida chegou a lamentar sua transformação:
“Acompanhei, com atenção, ao longo dos anos, a trajetória dessa organização, que ajudara a criar. Graças ao recrutamento por concurso público, o BNDE manteve uma saudável tradição meritocrática, com nível técnico bastante satisfatório. Não escapou, naturalmente, ao vício do burocratismo e complacência com a irrupção do nacional-estatismo”.
*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL
Fonte da imagem: Wikipédia
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