Mártires de 68: quem os criou?
LUIS PAZOS *
O ano de 1968 é recordado, no campo político, como um período de muita turbulência, com revoltas estudantis e de operários em diversos países. No Brasil, como em todo o mundo, explodiam violentas manifestações de grupos que procuravam envolver toda a população contra a ordem vigente. Argumentos certamente não faltavam. Aos olhos do leigo preocupado, entretanto, tudo parecia muito estranho. Perplexos, os observadores se indagavam: o que está havendo? O articulista comenta os fatos da época e faz referência a recentes atos de violência no México. _ N.E.
Lavrenti Beria, colaborador de Stálin, em um curso para marxistas estrangeiros, do qual surge o “manual de psicopolítica”, recomenda a eles estratégias para semear o caos em países capitalistas, entre elas, a criação de vítimas, para fortalecer seus movimentos.
Em 2 de outubro de 1968, em Tlatelolco, os grupos de radicais leninistas e trotskistas que comandavam o movimento estudantil implementaram essa estratégia. Há vídeos, fotos e lógica de que a quem beneficiava o massacre, para concluir que uma célula de radicais foi quem disparou, a partir de um edifício, atirando em soldados e jovens que se encontravam na explanada.
O Governo sabia que algo iria acontecer, mas não o quê nem a que hora. Enviou um destacamento de paraquedistas para vigiar, comandados pelo general José Hernández Toledo. A manifestação não foi reprimida. Ao terminar, palestrantes e líderes se retiraram da esplanada porque sabiam o que ia acontecer.
Hernandez Toledo, com um megafone, pediu aos participantes que se dispersassem porque a manifestação já havia terminado. Alguns minutos depois, ouviu-se o barulho de uma metralhadora que disparava de um dos edifícios com vista para a esplanada, onde ainda havia jovens e soldados. Um dos primeiros a cair ferido por uma bala foi o General Hernandez Toledo. Vídeos e fotos mostram jovens correndo e, entre eles, soldados apontando para o prédio de onde vinham os tiros. Nenhum líder morreu em Tlatelolco.
Quem atirou? A quem interessavam essas mortes? A um governo que em algumas semanas realizava os Jogos Olímpicos ou a radicais que, em vista do enfraquecimento de seu movimento e da recusa do setor operário de entrar em uma greve geral, procuraram fortalecer seus protestos com a criação de vítimas?
Em Chiapas, em janeiro de 1994, um grupo de guerrilheiros atacou a tiros um quartel e puseram à frente indígenas com rifles de madeira para que os soldados, ao repelir a agressão, os matassem para criar vítimas. O livro ‘¿Por qué Chiapas?‘, editado por Diana, mostra fotos e dados que confirmam a aplicação em Chiapas da mesma estratégia de 68. A 45 anos desse massacre programado, ainda há grupos de radicais que, com a mesma ideologia e estratégias de 68, buscam criar mártires para dar-lhes bandeiras para seu movimento.
* ECONOMISTA, Autor de “Reformas Estructurales“ e ‘O Reizinho Populista’, entre outros.
FONTE DA IMAGEM: MERCADO LIBRE