Lambança no Campus Fidei
RODRIGO CONSTANTINO *
Por ato falho, quase coloco Campus Fidel no título, logo após a palavra lambança. É que uma coisa me remete à outra. Mas é Campo Fidei mesmo, e a lambança não pode ser atribuída a São Pedro. Estamos falando da incompetência das autoridades cariocas. Deu noGLOBO:
Bem em frente ao Campus Fidei, em Guaratiba, a localização da birosca de Lauro dos Santos era considerada privilegiada. A proximidade com peregrinos representaria um aumento substancial de vendas e a chance de melhorar a qualidade de vida da família. Para reforçar o estoque, foi necessário contar com a ajuda de amigos e parentes, que emprestaram seus cartões de crédito para a compra de bebidas e alimentos. Nesta quinta, porém, o sonho de lucrar com a Jornada Mundial da Juventude virou um pesadelo. A transferência da programação da Zona Oeste para Copacabana deixou o comerciante com dívidas, e levou seus clientes para cerca de 50 km de distância dali.
— Esperava vender muito, mas agora só ficou o prejuízo — lamentou Santos. — Nem sei o que vou fazer agora.
O comerciante não foi o único atingido pela lama de Guaratiba, que impediu a realização do evento no bairro. Muitos de seus vizinhos conseguiram alugar suas casas para peregrinos, que não irão mais para o local. Além disso, centenas de pessoas arranjaram trabalhos temporários no Campus Fidei. Entre elas, a filha do dono da birosca, Cláudia dos Santos, que seria parte da equipe de limpeza para ganhar R$ 80 por dia nas madrugadas de amanhã a domingo.
— Estávamos contando com este dinheiro — disse Cláudia. — Durante meses aturamos os transtornos de morar do lado de uma obra enorme. Minha casa chegou a ficar rachada, alguns tijolos da obra que estou fazendo na laje até a caíram. Convivi com o barulho de geradores e máquinas. Apesar de tudo isso, não teremos nenhum benefício. É frustrante.
Será que eles não sabiam que existe chuva, que essa era uma área de mangue, e que poderia ter muita lama?
* PRESIDENTE DO INSTITUTO LIBERAL