João Paulo Cunha e Cezar Peluso
ARTHUR CHAGAS DINIZ*
Às vésperas de sua aposentadoria compulsória, o ministro Cezar Peluso mostra-se ainda inconformado com as repercussões da entrevista da corregedora Eliana Calmon na qual ela aponta a existência de um grande número de bandidos entre juízes togados. Seu único consolo parece ser o fato de que a corregedora obedecia a critérios de popularidade e não, de preocupação com as ocorrências. Peluso manifesta ainda sua preocupação de que a Corte (STF) seja influenciada pela opinião pública. Obviamente o que Peluso teme é que a opinião pública pressione juízes a decidir contra o interesse dos mensaleiros.
O Mensalão, aliás, parece um crime de demonstração tão óbvia que só a ministros como Dias Toffoli pareceria “razoável” ter alguma dúvida sobre a culpa dos mensaleiros e seus intermediários no governo Lulla.
Peluso não manifesta, diferentemente de sua preocupação com a pressão moral da opinião pública sobre o Mensalão, nenhuma restrição às entrevistas que o mensaleiro João Paulo Cunha vem mantendo com os ministros integrantes do Supremo**.
Curiosa esta dicotomia em que vive Peluso: preocupação com a opinião pública e desleixo com a ingerência do acusado de um assalto aos cofres públicos.
* PRESIDENTE DO INSTITUTO LIBERAL
** Ref.: Mensalão: João Paulo Cunha procurou cinco ministros do STF. O Globo / País. 18.04.2012