O fundo da questão
ARTHUR CHAGAS DINIZ*
As medidas econômicas, de caráter tópico, tomadas pela Presidente (agente, superintendente, etc.) e “justificadas” economicamente pelo ministro Mantega, da Fazenda, são características de países que não acreditam no mercado. Ao invés de reduzir a carga tributária e, consequentemente, as despesas correntes do Governo, o ministro reduz impostos, o ministro tenta blindar as indústrias nacionais taxando as importações.
O que está acontecendo não é uma desindustrialização causada pelos “inimigos” do lado de fora. Estas posturas têm sido uma constante em todos os governos intervencionistas que selecionam o “inimigo” e que está sempre lá fora. Infelizmente, não dá agora para culpar norte-americanos e europeus pela baixa competitividade de nossos produtos.
Um país como o Brasil que, nos 10 últimos anos, elevou a carga tributária em 50% (!!!) passando de 24 para 36% do PIB não pode colocar o inimigo lá fora. Tentar impor aos bancos uma redução elevada na taxa de juros em um momento em que a inadimplência aumenta é o “sonho de uma noite de verão”. A baixa nas taxas de empréstimo do Banco do Brasil atinge diretamente milhares de pequenos acionistas. É absurdo ver a desenvoltura com a qual diretores do BB e da Caixa Econômica se referem ao assunto “juros”. Para eles, isso nada tem a ver com a inadimplência crescente de devedores que, estimulados pelo governo Rousseff, compraram bens semi duráveis (como automóveis, por exemplo) para mostrarem a expansão da classe média.
Se tivessem vergonha na cara, os cidadãos que, no Executivo, no Legislativo e no Judiciário apropriam-se da receita de impostos, pensariam um pouco mais na população quando falam em “aumento do poder de compra”.
Em entrevista à revista VEJA distribuída neste domingo, o jovem Primeiro Ministro de Portugal explica as razões que conduziram nossos descobridores ao inferno atual: excesso de Estado na economia, capitalismo de Estado e não, de mercado.
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* PRESIDENTE DO INSTITUTO LIBERAL