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A verdade sobre Augusto Pinochet

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Augusto Pinochet foi um militar e ditador chileno que ocupou o poder de 1973 a 1990 e é conhecido tanto pelas mudanças no campo econômico do Chile quanto pela pela brutalidade de seu governo.

A ditadura de Pinochet perseguiu violentamente opositores durante os anos em que Pinochet governou. O regime ficou marcado por matar por volta de 3 mil pessoas e torturar cerca de 40 mil. Vamos falar hoje sobre sua vida e os principais acontecimentos de seu governo.

Formação escolar e início de carreira

Nasceu no dia 25 de novembro de 1915, em Valparaíso, no Chile. Seu pai era um militar de origem francesa, e a família era de classe média alta. Assim, estudou em boas escolas durante a infância. Aos 17 anos mudou-se para Santiago, capital chilena, para estudar na Escuela Militar del Libertador Bernardo O’Higgins.

Dois anos após sua graduação, em 1939, tornou-se oficial de infantaria. Após cumprir uma missão no Equador, tornou-se professor de geopolítica na Academia de Guerra de Santiago. Casou-se logo em seguida, em 1943, e teve cinco filhos.

Em 1969, ganhou uma promoção para General de Brigada e tornou-se general da divisão em 1971, quando Salvador Allende já ocupava a cadeira da presidência no Chile.

Pinochet no governo de Salvador Allende

Salvador Guillermo Allende Gossens foi médico e político, além de um dos fundadores do Partido Socialista do Chile, em 1933. Elegeu-se à presidência em 1970, com o apoio da Unidade Popular, com 33% dos votos. Tratou-se de uma coalizão partidária de esquerda que reuniu diversas organizações sociais chilenas em prol de um projeto de institucionalização do socialismo por meio de vias democráticas.

Salvador Allende foi eleito presidente do Chile, em 1970

Após ser eleito, Allende nacionalizou reservas de cobre chilenas, estatizou bancos, levou adiante uma reforma agrária e propôs a realização de uma nova constituição. Seu viés ideológico era marxista, característica muito presente em seus três anos de governo. Durante o governo Allende, Pinochet ocupou uma posição de destaque no exército, e não era reconhecido como voz da oposição.

Ascensão de Augusto Pinochet ao poder

Durante o governo de Allende, Pinochet assumiu o controle da Guarnição do Exército em Santiago, e foi nomeado como Chefe do Estado-Maior em 1973. O posto era o mais elevado do exército chileno.

Após três anos de governo, em 11 de setembro de 1973, os militares agiram para remover Allende do poder, sendo que Pinochet aderiu ao movimento apenas dois dias antes do ataque ao Palácio de La Moneda. Com isso, Salvador Allende cometeu suicídio antes de ser encontrado durante à invasão. Após o golpe, formou-se uma junta militar para governar, com poder rotativo entre quatro pessoas. Porém, Pinochet logo tomou o controle do país.

A repressão na ditaudra de Pinochet

Um dos primeiros atos do novo ditador foi colocar os partidos de esquerda na ilegalidade, e o restante dos partidos em recesso indefinido. Ele também se utilizou de elementos da doutrina de segurança nacional para combater seus inimigos internos. Para isso, criou uma polícia secreta, a Dirección de Inteligencia Nacional (DINA).

Durante as quase duas décadas de ditadura, houve 37.055 vítimas de tortura e prisão política, além de 3.225 casos de desaparecidos e executados. Os dados são do relatório da Comissão Valech, ou Comissão Nacional sobre Prisão Política e Tortura, produzido em 2011 para investigar as violações de direitos humanos no Chile ocorridas durante o regime.

Pinochet exercia o máximo controle sobre o que ocorria no país, chegando a afirmar que: “No Chile, uma folha não se move sem que eu saiba.”

O milagre econômico chileno: os Chicago boys

Muito se fala também sobre as mudanças econômicas empreendidas em seu governo. Ocorre que o início do governo foi desastroso neste aspecto e, por isso, viu-se a necessidade de mudar a direção da política econômica do país. Além da continuidade de um regime de interferência estatal, o período foi marcado por muitas crises internacionais e pela desconfiança dos investidores internacionais após vários países darem calotes em suas dívidas.

Nesse sentido, foi escolhido um grupo de cerca de 25 economistas chilenos da Universidad Católica de Chile que tinham feito intercâmbio na Universidade de Chicago, os “Chicago boys” para empreender mudanças nos rumos da economia do país. Assim, foram influenciados pelas ideias liberais e pelo pensamento de Milton Friedman, Nobel em Economia de 1976.

Algumas das atitudes tomadas por eles foram a liberação do câmbio, uma onda de privatizações e a reestruturação da previdência social no país, por meio do regime de capitalização, desonerando as contas públicas do Estado, em direção contrária aos rumos que o país tomava até aquele momento. Além disso, rompeu-se com as práticas protecionistas, reduziu-se a carga tributária e a taxa de juros foi estabilizada, incentivando a atividade produtiva e a geração de mais negócios.

Embora muito se critique o “abandono dos mais pobres” pelo estado no Chile, a renda per capita, antes de US$ 4.463 no início do século, superou os US$ 16 mil em 2016. O percentual de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza caiu de 45,1% em 1987 para 11,5% em 2009, condições proporcionadas pela abertura do mercado no país.

Porém, após anos de melhorias econômicas no país, hoje o Chile vive um momento de valorização do social, com um projeto constitucional em direção contrária ao livre mercado.

Fim do governo Augusto Pinochet

A Constituição de 1980, aprovada pelo próprio Pinochet, estabeleceu que em 1989 um novo governante deveria ser eleito, o que aumentou ainda mais as pressões para a saída do ditador. Além disso, os Estados Unidos já faziam força para uma reabertura democrática nos países latinos com a Guerra Fria chegando ao fim.

A população também passou a pedir mudanças, em prol das liberdades civis e políticas. Dessa forma, não restou outra escolha para Pinochet além da legalização dos partidos políticos em 1987 e posterior convocação de um plebiscito em 1988 para decidir sobre o próximo governante. A população votou pela saída do general e elegeu Patricio Aylwin, iniciando a transição democrática.

Após a sua posse, Pinochet continuou nos principais meios de poder do país, pois era comandante e chefe do exército chileno, e tornou-se Senador Vitalício após a saída da presidência, um cargo destinado aos ex-presidentes no país.

Condenação e morte de Augusto Pinochet

Na década de 1990, passou por acusações em função da infração de direitos durante seu governo. Ele foi preso em 1998 em Londres, onde estava realizando um tratamento de saúde. Ao fim de sua vida, ele possuía diversas doenças crônicas. A prisão deu-se em função de mandado internacional de apreensão pela violação de direitos humanos protagonizada por ele.

Posteriormente foi extraditado para o Chile, tendo em vista que foi considerado incapaz mentalmente para ser julgado na Espanha, onde sua ordem de prisão foi emitida. Ele morreu em 2006 no Chile, vítima de falência cardíaca.

Após sua morte, investigações apontaram que Pinochet desviou dinheiro público e os enviou para contas em bancos nos Estados Unidos, no valor total de US$ 27 milhões. Além disso, foram encontrados indícios de seu envolvimento com tráfico de drogas produzidas pelo exército chileno.

Apesar da base que auxiliou a construir para uma maior estabilidade econômica e crescimento sustentável chileno, não se pode ignorar a barbaridade e as práticas inaceitáveis cometidas em seu governo, com destaque para os ataques às liberdades civis e políticas, composto por um grande rastro de cadáveres que ficou para trás.

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Luan Sperandio

Luan Sperandio

Analista político, colunista de Folha Business. Foi eleito Top Global Leader do Students for Liberty em 2017 e é associado do Instituto Líderes do Amanhã. É ainda Diretor de Operações da Rede Liberdade, Conselheiro da Ranking dos Políticos e Conselheiro Consultivo do Instituto Liberal.

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