A acepção do termo “liberdade” para Mussolini
Mussolini também fazia o jogo dos socialistas de hoje e criou para o termo ‘liberdade’ uma acepção particular, de acordo com a qual a única liberdade possível se daria por meio da submissão plena ao poder diretivo do Estado.
O ser humano somente se concretiza como tal a partir do papel que desempenha numa engrenagem coletiva, cujo encaminhamento é determinado pelo Estado. Os interesses do indivíduo somente são aceitáveis quando coincidem com os do Estado. (…) ‘O fascismo é definitivamente e absolutamente oposto às doutrinas do liberalismo, tanto na esfera econômica quanto na esfera política’, sustenta Mussolini, que chama o liberalismo de ‘religião desconhecida’ e enaltece Bismarck (…) e o estatismo como vitoriosos; para ele, o século XX assistia aos templos do liberalismo se fechando e ao alvorecer glorioso da alternativa fascista.
Despontando como necessária saída para o execrável mundo da ‘democracia, da plutocracia e da maçonaria’, o fascismo se estruturaria, na prática, em uma ditadura com Estado corporativo, garantindo o atendimento das demandas do povo, anulando a tensão de classes explorada pelos socialistas, colocando no lugar a unificação servil com a dissolução do indivíduo. A despeito de sua valorização mal resolvida do ‘tradicionalismo’, Mussolini também tem um quê da mentalidade moderna ao sustentar que o fascismo é um progresso e não um passo atrás; o totalitarismo fascista seria algo inteiramente novo, ainda mais amplo e ‘absoluto’ do que o absolutismo monárquico dos tempos pré-liberais.
Mussolini se orgulha de uma originalidade que significou fazer do século XX um período de notáveis tragédias. (…) Os socialistas deveriam ler Mussolini.
Perceberiam que o que os separa é muito menor do que as similaridades que os unem, ambos igualmente a anos-luz de distância do amor à liberdade.
*Publicado originalmente no livro Guia Bibliográfico da Nova Direita: 50 livros para compreender o fenômeno, LVM Editora, p. 232-233).