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1492: as cenas se repetem

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Enquanto Cristóvão Colombo zarpava para o Novo Mundo em viagem transoceânica, Tomás de Torquemada violava os mais básicos dos direitos individuais de suas vítimas: a liberdade de consciência, de credo e de expressão. Emma Lazarus, poetisa americana, defensora radical da liberdade individual, descreveu em seu poema O Êxodo, de onde extraio o excerto abaixo, a saga do navegador genovês para descobrir um lar que pudesse abrigar os perseguidos pela Inquisição, da qual Torquemada era o Grande Inquisidor.

“Nobres e abjetos, eruditos e simples, ilustres e obscuros – lado a lado, eles caminham penosamente como um exército derrotado do infortúnio. […] Eles abandonam o altar, a lareira e os túmulos de seus pais. Os habitantes da cidade cospem nas suas roupas, os pastores abandonam os seus rebanhos, os camponeses abandonam os seus arados para atirar-lhes maldições e pedras[…] Eles fogem e vagam. Os homens dizem entre as nações: não permanecerão mais lá: nosso fim está próximo, nossos dias estão completos, nossa destruição chegou. Para onde eles se voltarão? O Ocidente expulsou-os e o Oriente recusa-se a recebê-los. Ó pássaro do ar, sussurre aos exilados desesperados que hoje, do porto de Palos, de muitos mastros e bandeiras alegres, navega o genovês que revela o mundo. Ele abre os portões dourados do pôr do sol e lega um continente à liberdade.”

Quinhentos e poucos anos depois, as cenas se repetem. Cristóvãos Colombos ressurgem para desbravar caminhos que levem à liberdade. Como guerreiros que ficam ou como refugiados, lutam contra a censura para oferecer portos seguros para a exposição de ideias, seja em fóruns presenciais ou virtuais, nos quais se pode interagir exercendo direitos individuais inalienáveis, entre eles, a liberdade de consciência e de expressão.

Com eles, renascem os Torquemadas da vida para instaurar inquéritos do fim do mundo, tribunais inquisitoriais, censurando, prendendo e torturando, não marranos do Velho Mundo, mas brasileiros dos dias atuais, que ousam pensar diferente dos que querem impor sua ideologia nefasta, que busca submeter os indivíduos ao poder ilimitado de um Estado pervertido, capturado e explorado por quem almeja a suprema e infinita hegemonia para conquistarem mentes, corações e ganhos imerecidos, que não teriam se a liberdade e a justiça prevalecessem.

O Novo Mundo segue recebendo os refugiados, os perseguidos, que preferem a incerteza com liberdade do que a certeza com opressão. Se não mais, talvez nos restem apenas os caminhos que levam à Marte.

*Artigo publicado originalmente na Zero Hora com o título: “1492”.

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Roberto Rachewsky

Roberto Rachewsky

Empresário e articulista.

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