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Falso Ídolo: Barack Obama e o persistente culto da Presidência

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CATO INSTITUTE / LIGIA FILGUEIRAS*

 

O Cato Institute está lançando, em versão digital, o livro. “False Idol: Barack Obama and the Continuing Cult of the Presidency“. O autor é GENE HEALY** vice-presidente do Cato. Ele faz uma análise de como a visão de presidência que Barack Obama incorpora acabou levando a uma perigosa concentração de poder em um cargo que originalmente foi concebido para o fiel cumprimento das leis. Healy mostra como décadas de expectativas de que o presidente americano seja o redentor da pátria forjou uma instituição que promete tudo e não garante nada, exceto a frustração pública e o permanente crescimento do governo federal.

A seguir, um trecho da Introdução do livro:

 “A pior espécie de noção sobre a Presidência”

Poucos presidentes desde Franklin Roosevelt foram tão reverenciados como Barack Obama – ou tão insultados. Desde sua improvável ascensão ao poder, este “magricela com um nome engraçado”, como o então senador se descreveu no discurso da Convenção Democrática de 2004, tornou-se o eleito no qual os americanos depositaram suas mais profundas esperanças e seus piores receios.

“Eu sou como o teste de Rorschach”, Obama disse mais de uma vez. A metáfora é melhor do que ele pensa. Como um espelho para os nossos próprios defeitos, as diversas e viscerais reações dos americanos ao nosso 44º presidente revelam nossa relação patológica com a própria presidência nos tempos atuais. Quem é Barack Obama? Socialista ou corporativista? Radical ou apologista do sistema dominante? Demônio ou salvador, ou … um infeliz zé-mané? Em nossas cada vez mais desequilibradas discussões sobre a presidência de Obama, ele tem sido tudo isso e mais ainda. Desde entrevistas no rádio até a campanha de Newt Gingrich, ao bem sucedido e monótono documentário 2016: a América de Obama [2016: Obama’s America], há muito vem ocorrendo uma desconexão na visão da Direita sobre nosso 44º presidente.

A aparência amigável de Obama esconde, na realidade, uma figura sinistra, dizem: um Alinskyita criptosocialista e/ou um “queniano anticolonialista”. Durante décadas, Obama conspirou transformar a América em um país que nossos antepassados não reconheceriam. Ao mesmo tempo – acusam os conservadores – o homem é totalmente incompetente – um amador patético. Ele é a encarnação viva do Princípio de Peter[1], um acovardado beta-macho fora de suas águas e de sua turma nos corredores do poder.

Enquanto isso, os liberais[2] que antes desmaiavam a cada hosana de esperança durante a ascensão de Obama, ultimamente têm começado a atacar, como acólitos desiludidos, que foram ludibriados por um falso profeta.

[…]

Messianismo presidencial: a religião política dos EUA

Do que estamos falando quando falamos da presidência? Quase soamos como se estivéssemos descrevendo um cargo que carrega o peso de nossas esperanças, sonhos e medos. Nas páginas de artigos assinados nos jornais e nas pesquisas de opinião, o chefe do Executivo federal é aquele que alimenta a alma, é um doador de esperança, um talismã americano vivo contra furacões, terrorismo, perturbações do mercado de ações, e males espirituais.

Mas com uma grande responsabilidade vem também um grande poder. Quando exigimos do presidente proteção contínua contra desastres naturais, infortúnios econômicos e ataques terroristas, não deveríamos nos surpreender em ver que ele busca mais poder para atender a essas responsabilidades assustadoras. E com grandes expectativas vêm grandes desapontamentos. Não há poder na Terra que possa prover suficientemente os milagres que ansiamos. E se o presidente foge à sua responsabilidade ou viola a confiança nele depositada, nós tomamos tal traição de modo muito pessoal, de fato.

Se Obama enlouqueceu os americanos, talvez tenha sido porque concebemos uma ideia maluca da própria presidência. É infantilidade justificar este estado de coisas pondo a culpa na sede de poder de presidentes individualmente ou na irresponsabilidade de determinados Congressos. É certo que os presidentes ambicionam o poder, e que o Congresso age de forma irresponsável. Mas o Princípio de Pogo é a mais plausível explicação para o que a presidência se tornou. Nós o Povo encontramos o inimigo e ele é nós.

** GENE HEALY, é autor de diversos estudos que criticam o abuso de poder no Executivo por presidentes dos dois partidos americanos. Healy apareceu em programas como o NewsHour com Jim Lehrer, da PBS, e o Talk of the Nation, da NPR; teve artigos publicados nos jornais Los Angeles Times, Chicago Tribune, entre outros. É formado pela Universidade de Georgetown e tem grau J.D. pela Escola de Direito da Universidade de Chicago.

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Índice:

Capítulo 1: “Deus de Todas as Coisas” [“God of All Things”]

Capítulo 2: Comandante Supremo da Terra [Supreme Warlord of the Earth]

Capítulo 3: O Comandante em Casa [The Warlord at Home]

Capítulo 4: Obama o Irrelevante? [Obama the Irrelevant?]

Capítulo 5: Uma Presidência sem Romantismo [A Presidency without Romance]

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Saiba mais sobre o livro.

 

* CATO Today, Cato Institute, October 19, 2012 / EDITORA DO IL

 

Ref. da imagem: Cato Institute
Links atribuídos pela Editoria

[1]Num sistema hierárquico, todo funcionário tende a ser promovido até seu nível de incompetência.” (no original, em língua inglesa, “In a hierarchy, every employee tends to rise to his level of incompetence“). – N.E., fonte Wikipédia

[2] “Liberal“, no sentido hoje usado nos EUA, equivale ao dos sociais-democratas que admitem a intervenção do governo em assuntos econômicos, mas advogam a liberdade de expressão e de costumes. Cf. libertarian.

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