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Esquerda e Arquitetura: o repúdio ao repúdio

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A autora Ayn Rand disse certa vez que vivemos a “Era da Inveja”. Porém um detalhe: o ano era 1971. O termo ERA é usado para descrever longos períodos temporais, e passados 46 anos dessa afirmação, a coisa se acentuou, pelo menos no Brasil. Vivi um bom tempo na Escola de Arquitetura da UFMG em uma época de ânimos menos acirrados, onde fiz bons amigos que pensam absolutamente diferente de mim e pelos quais eu prezo muitíssimo. Mas muita coisa mudou desde então: de um aparente estado de “apatia política”, a galera ficou com hipersensibilidade. Virou todo mundo doutor Honoris causa e mestre em ciência política.

O alvoroço em torno de uma disciplina de projeto chamada “Casa Grande”, com o objetivo claro de exercitar a prática projetual de uma mansão de alto padrão demostra que um pessoal supostamente inclusivo e desprovido de preconceitos não está conseguindo suportar a convivência com o diferente. Sabemos que esses são projetos complexos, exaustivos e bons para trabalhar questões basilares de uma boa arquitetura: volumetria, distribuição dos ambientes, fluxos, iluminação natural, etc. Nem mesmo conheço o professor da disciplina, mas certamente ele não está exigindo que os alunos desenvolvam uma masmorra vil e mofada para trancafiar os empregados enquanto os patrões tecem planos de dominação do capital sobre o trabalho. Certamente os alunos criarão espaços dignos e saudáveis, movidos por sua “consciência social” ou quem sabe por seu auto-interesse em receber uma boa nota. Em ambos os caso o usuário será beneficiado.

O estudo da Arquitetura na universidade não deveria ignorar nenhum tema; assim como o ensino da medicina não ignora nenhuma enfermidade ou do direito não foge de nenhum delito. O excesso de disciplinas que ofertam parques lineares, museus e centro culturais sem nenhuma viabilidade econômica revela uma triste realidade: Há uma miopia e um descolamento da realidade nessa profissão que, apesar de estar entre as mais antigas, não conseguiu ter sua função assimilada por grande parte das pessoas.

Isso foi um prato cheio para sindicatos repletos de gente que nunca produziu, conselhos que buscam valorizar a profissão por escassez e não por qualificação e de diretórios acadêmicos aparentemente mais interessados em impor agendas ideológicas do que zelar pela qualidade do ensino e das instalações da escola. Basta uma voltinha no prédio da EAUFMG pra confirmarmos essa afirmação.

Não deveríamos certamente exercitar projetos de campos de trabalhos forçados ou de extermínio, nem mesmo paredões de fuzilamento de opositores de regimes autoritários que uma galera ai tanto admira; ainda sim é importante estudar tais estruturas por seu aspecto histórico e social.

Assistimos calados ao processo de tomada das universidades por professores no mínimo incoerentes. No caso das Universidades Federais, seus salários os colocam facilmente dentro da faixa de 5% mais ricos do Brasil e mesmo assim seguem defendendo ideias estapafúrdias que deram errado em todos os lugares em que foram testadas. Luta de classes, povo contra elite, mais-valia, heterodoxia econômica (mamãe Dilma chamou de Nova Matriz), conselhos populares, ONGs financiadas com dinheiro público e uma infinidade de idéias que permeiam mentes vazias em busca de um sentido para sua vã existência. Às vezes também é só para encher a paciência mesmo. Defendem até mesmo regimes autoritários ao mesmo tempo que levantam a bandeira da democracia… coisa que nunca vamos entender.

Repudiar o repudio é o que me resta. Nessa espécie de “catarata intelectual” que alguns grupos organizados e barulhentos querem impor sobre a maioria, fico com a pluralidade de projetos e com a Liberdade de escolha.

Sobre o autor: Guilherme Moretzsohn estudou Arquitetura na EAUFMG e é diretor na empresa Moretzsohn Arquitetura.

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