A eliminação das fronteiras

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FRANCISCO LACOMBE *

Estamos numa era de eliminação de fronteiras, não apenas as fronteiras geográficas entre os países, mas também as fronteiras que separam as empresas.

Antiga fábrica da Ford sobre o Tapajós, Fordlândia, PA.
Antiga fábrica da Ford sobre o Tapajós, Fordlândia, PA.

No início do século XX, as grandes empresas buscavam uma integração completa das suas atividades, desde a matéria prima até o produto final. A Ford chegou a ter plantações de seringueiras no Brasil, em Fordlândia e Belterra, para fornecer látex para a fabricação dos pneus dos seus veículos!

Quem tinha recursos financeiros perseguia a integração vertical como estratégia, pois sendo altos os custos de transação no mercado, era válido internalizar as atividades. Havia fronteiras até mesmo dentro das empresas. As divisões da GM, por exemplo, operavam com pouca coordenação entre elas, como empresas independentes.

Atualmente é o contrário. As empresas terceirizam tudo o que podem. A produção não se dá mais dentro de uma empresa, mas em redes, denominadas cadeias de valor, em que cada empresa se incumbe de uma pequena parte do processo produtivo. Isso aumenta muito a produtividade, porque cada empresa se concentra naquilo que tem condições de fazer melhor e aumenta a renda de cada uma e do conjunto. A rede não tem fronteiras geográficas. Empresas da mesma rede podem estar em muitos países diferentes.

A globalização é uma tendência inexorável. A razão disso é a facilidade das comunicações e das transações comerciais. A internet, os telefones celulares e o comércio internacional forçam cada empresa a rever permanentemente as suas fronteiras, não só as geográficas, mas também as produtivas, isto é, as atividades que devem ser feitas internamente e as que devem ser transacionadas no mercado.

Muitas empresas estão usando as redes internas e externas de comunicações, intranets e a internet, para lançar novos produtos, aproveitar oportunidades, resolver problemas e reduzir custos. As maiores fontes de ideias e inovações encontram-se muitas vezes fora da empresa, entre clientes, internautas, parceiros da rede etc.

Os governos dos países esclarecidos também redefinem seu tamanho permanentemente e procuram terceirizar e privatizar uma enorme gama de atividades para aumentar a produtividade e diminuir os custos dos seus serviços. Afinal, o objetivo do governo é servir à sociedade e não servir aos seus funcionários.

Portanto, reduzir as terceirizações e procurar fazer tudo internamente, tanto para os governos como para as empresas, é andar na contramão do progresso. Da mesma forma, procurar fazer tudo dentro das fronteiras nacionais diminui a produtividade, aumenta os custos e acarreta perda de competitividade.

* PROFESSOR DE ADMINISTRAÇÃO

 IMAGEM: WIKIPÉDIA

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