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Como a crise pode alavancar a nossa relação com o resto do mundo

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por ANTONIO RIBEIRO*

Créditos: Confirme Online
Créditos: Confirme Online

No inicio de 2014, ouvíamos alguns economistas dizerem que pelo andar da carruagem estávamos indo de volta para os anos de 1980. Pouco mais de um ano depois a percepção é que aquelas previsões eram otimistas.  Nos últimos meses criou-se um consenso de que o buraco é um pouco maior. A recessão que já está ocorrendo e deve fechar 2015 de acordo com o relatório Focus em algo próximo de 3% deverá ocorrer também em 2016 e levará o Brasil para uma situação que não se via desde a década de 30 do último século.

Este cenário de deterioração exposto diariamente nos meios de comunicação indica que a crise pode ser mais longa do que inicialmente se previa.

Vale lembrar que uma das consequências da grande depressão dos anos de 1930, que começou com o crash da bolsa de Nova York, foi uma mudança profunda na economia brasileira, que aos poucos transformou o país de uma economia predominantemente rural em uma economia industrializada, e que, segundo economistas e historiadores, ajudou a impulsionar o Brasil a ser o país que mais cresceu no século XX, ficando atrás apenas do Japão.

Desde o famoso discurso do presidente John F. Kennedy em Indianápolis, quando ele disse  que “o Chinês usa duas pinceladas para escrever a palavra crise; uma pincelada significa perigo e a outra oportunidade”, tem-se usado este adágio em palestras motivacionais.  Se acreditarmos nisso, levando-se em conta o tamanho da crise que vivenciamos e o perigo iminente de a situação piorar, então as oportunidades que surgirão, ou já estão à nossa volta, serão como o que os americanos chamam de “once in a lifetime opportunity”, ou uma oportunidade única na vida.

Independentemente de se acreditar no termo cunhado por J.F. Kennedy, uma conclusão sobre as crises é unânime: empresas que são competitivas apenas via mecanismos artificiais criados pelo dinheiro abundante e proteção de mercado tendem a desaparecer quando estes mecanismos deixam de existir pela falta do dinheiro.

Não gosto de previsões e não acredito em adivinhar o futuro. No entanto, se olharmos a história, na grande depressão dos anos de 1930 uma classe dominante e atrasada mandava no país. Com a crise, verificou-se que o modelo econômico dominante à época não se sustentava. O que houve em seguida foi uma revolução. As ideologias atrasadas sucumbiram e os coronéis das fazendas de café e gado perderam relevância.

Ouso dizer que talvez o mesmo processo se repita, visto que, conforme mencionado, a crise atual só encontra paralelo naquela que relevou a segundo plano os coronéis da época.  Esta crise, cujas consequências mal começamos a ver, pode jogar na lata de lixo ideologias ultrapassadas que se mostraram desastrosas em todos os lugares do mundo onde foram aplicadas. E se essa crise for suficiente para que tal fenômeno ocorra, quem sabe não surja um novo país, muito mais competitivo e dinâmico, que garanta para as próximas gerações alguma herança que não seja apenas pagar a conta da nossa incompetência.

Particularmente acredito que uma destas mudanças ocorra na maneira como enxergamos o mundo.  Acredito que nos próximos anos veremos que o Brasil, assim como qualquer outro país no mundo, não é grande o suficiente para desprezar o comércio com o resto do planeta, especialmente com os países ricos e com poder de compra.

Provavelmente essa besteira de política sul/sul que nos amarra a maduros e kirchners desaparecerá, acordos comerciais serão celebrados e a corrida para recuperar o tempo perdido nas últimas décadas abrirá oportunidades gigantescas para as empresas que se prepararem.

E, se assim ocorrer, novamente usemos a história para ver que aqueles  que mais prosperaram a partir da ruptura ocorrida com a grande depressão foram os que estavam mais preparados e consequentemente foram os grandes ganhadores do século XX.

A pergunta que deve ser feita diariamente é:  estamos preparados para sermos os grandes ganhadores do século XXI? Como acredito que a integração com o resto do mundo é uma das respostas para a crise atual, devemos começar já a olhar para o resto do mundo com mais carinho e nos preparamos.

*Antonio Ribeiro é professor e consultor de negócios internacionais.

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