Com a palavra os proibicionistas
A morte do jovem Humberto Fonseca numa festa no Interior de São Paulo, provavelmente ocasionada por overdose de álcool, traz alguma lições importantes, assim como levanta algumas questões mal respondidas.
O álcool, diferentemente do que acreditam os desavisados, não é uma droga mais leve, menos agressiva ou menos viciante. Um outro estudo mostra que a bebida alcoólica está entre as drogas mais pesadas que existem, muito mais pesada, por exemplo, do que a maconha, chegando a ser 114 vezes mais letal do que esta.
Por outro lado, o álcool também causa dependência em níveis muito elevados. As clínicas de desintoxicação e as dependências do Alcoólicos Anônimos (AA), normalmente lotadas, estão aí para comprovar isso.
Como alguém que já teve a experiência de ver um ente querido totalmente dependente da bebida, durante um longo tempo, posso atestar que se trata de um dos problemas mais dolorosos e deprimentes por que pode passar uma família. A luta contra o vício é inglória e as suas consequências muito tristes.
Malgrado todas essas evidências, é raro encontrar qualquer apologista da guerra às drogas pedindo ao governo a proibição do álcool. A alegação de sempre é que o álcool, consumido com moderação, não é nocivo, mas há muitos casos de gente consumindo maconha e até cocaína com regularidade, sem maiores consequências. O que será que o álcool tem de tão especial, a ponto de ser tratado com muito mais condescendência do que, até mesmo, a fraquinha maconha? Com a palavra, os proibicionistas conservadores…
Sobre responsabilidades no episódio que acabou em morte por overdose de álcool.
“A cultura do bode”, por Hélio Schwartsman
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/210277-a-cultura-do-bode.shtml
“A utopia de um mundo sem drogas”, por Alexandre Porto.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/96420-a-utopia-de-um-mundo-sem-drogas.shtml