Rir ainda é livre? a judicialização do humor no Brasil

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A condenação a oito anos de prisão do humorista Léo Lins por um show de stand up marca um novo patamar no cerceamento do discurso: agora não nos é permitido sequer rir livremente. Não é a primeira vez que um humorista é condenado à prisão por aqui — Danilo Gentili já chegou a ser condenado, em sentença posteriormente anulada, por suposta injúria contra a deputada Maria do Rosário —, mas creio ser o primeiro caso em que toda uma obra artística de um humorista é alvo de uma criminalização tão clara e abjeta.

Em resposta à monstruosidade perpetrada pela juíza da 3ª Vara Criminal Federal, Barbara de Lima Iseppi, muitos, provando que ainda há sensatez no país, têm dito o óbvio ululante: que humor é ficção e não podemos confundi-lo com a realidade; que ninguém é obrigado a ir aos shows ou assistir a conteúdos de humoristas dos quais não goste; que o tipo de humor feito por Léo Lins é de fato desagradável para muitos, mas que ninguém é obrigado a consumi-lo. Tudo isso, é claro, é verdade. Aliás, não se contentar em não consumir determinado conteúdo, mas pretender impedir outros de fazê-lo livremente, criminalizando um tipo de entretenimento porque não lhe agrada, é sintomático de pessoas autoritárias, narcisistas e birrentas. Quero, no entanto, ir além.

Não são apenas os fãs do Léo Lins (dentre os quais me incluo) que estão saindo em sua defesa; há muitos que não obstante dizerem que não gostam ou até mesmo detestam seu tipo de humor, têm a plena maturidade de defender o direito, não apenas de expressão, mas de exercício da atividade profissional do humorista. De fato, seu humor não é para todos os gostos e é de se compreender que muitos optem por não consumir piadas tidas como excessivamente pesadas. Gosto é gosto e quem seria eu para discutir o gosto alheio?

Ocorre que o Léo Lins não é um alienígena, ou um exemplar de um tipo de humor inédito; ele é, certamente, o humorista mais célebre do Brasil na categoria humor negro, mas não é seu inventor. Há diversos outros humoristas, consagrados até mundialmente, que se caracterizam pelo humor extremamente negro. Jimmy Carr, Ricky Gervais, Anthony Jeselnik, Bill Burr são exemplos bastante conhecidos de humoristas que contam piadas que “chocam”. O chamado humor negro, portanto, é um tipo específico de humor, tal como existem gêneros musicais, gêneros literários etc. Você não é obrigado a assistir a um show do Jimmy Carr, da mesma forma que não é obrigado a ouvir determinado tipo de música. Qual a dificuldade em ignorar aquilo que não te agrada?

A coisa fica pior quando os defensores da censura são outros humoristas. Não posso dizer que fico surpreendido com que, no país em que há jornais defendendo a censura por meio de editoriais, também haja humoristas celebrando a condenação do Léo Lins, tal como os porcos que recebem satisfeitos a lavagem que lhes engordará para o abate futuro — porque, afinal, amanhã podem ser eles os condenados.

Sendo o humor negro uma categoria de humor e contemplado o fato de que ele não é para todos, podemos dizer que ele é sim para muitos. Pretender que o Léo Lins é racista, homofóbico ou o que diabos seja por causa de suas piadas é pretender, pelo puro exercício da lógica, que aqueles que riem de suas piadas também são. Nesse caso, convido o Ministério Público a apresentar denúncia contra, não apenas o público do referido humorista, mas todos que exercem aquele ato involuntário e saudável chamado riso, diante do que parecem entender como “disfarce de humor para disseminação de preconceitos”. Este singelo colunista, aliás, não pode ficar de fora. Se pensarmos que apenas o Léo Lins costuma reunir milhares de pessoas nas cidades por onde passa, sem prejuízo de outros humoristas da mesma linha, faz-se mister, quiçá, criar um aparato temático envolvendo Ministério Público, polícia e Judiciário para processar a toque de caixa esses “preconceituosos” que se congregam para “rir das minorias”. Ou talvez possam descer de seus pedestais e contemplar o fato de que, gostem ou não, o humor negro sempre estará presente, pois ele é não só demandado como opção de entretenimento, mas necessitado por uma parcela significativa da população.

Muitos podem pensar em replicar meu ponto ponderando, escandalizados: “mas eles estão fazendo piadas com pedofilia, com genocídio, com violência doméstica, com racismo, com deficientes etc”. Sim, e daí? Quem acha que há um paralelo entre fazer uma piada com pedofilia e ser um pedófilo, ou ainda “fazer apologia à pedofilia”, padece de severa limitação cognitiva. Deveríamos banir o clássico Lolita, de Vladimir Nabokov, sob o risco de que quem leia o livro possa de repente desenvolver atração sexual por crianças em idade pré-púbere?

Falta a essas mentes pequenas a consideração do fato de que o humor é uma das formas de lidar com as desgraças e as porcarias do mundo — as quais não deixarão de existir só por que alguns iluminados decidiram que não podem ser objeto de piada. É de um moralismo tacanho pretender que o humor negro se trata de fazer troça do sofrimento alheio sem qualquer consideração pela natureza desse sofrimento. Certo, há uma diferença entre alguém debochar, de forma sádica, de um deficiente nas ruas, e de se fazer uma piada sobre deficiência em um contexto humorístico e fictício. Aliás, caro leitor, quantas pessoas que você conhece riem de piadas de humor negro? Agora, quantas dessas pessoas saem por aí debochando de cadeirantes? É muito claro que, quando saímos da narrativa e entramos no mundo real, não há nada que nos autorize a pensar que piadas possam de alguma forma intensificar a discriminação na sociedade.

Jimmy Carr finaliza um de seus especiais para a Netflix, His Dark Material, relatando um show que fez em um hospital para 200 pacientes terminais de câncer. Nesse dia específico, sua apresentação foi a última e não lhe passou despercebido que nenhum dos humoristas que o antecedeu fez qualquer menção aos temas morte ou câncer. Foi aí que, instigado por um amigo, ele decidiu iniciar seu show dessa forma: “Vamos lá, não temos muito tempo. Bom, eu tenho”. Você pode muito bem estar pensando que esse foi um comentário infeliz e até mesmo maldoso diante de duas centenas de pessoas à beira da morte, mas o que aconteceu em seguida foi que a audiência explodiu em risadas. Nas palavras de Jimmy Carr, foi como se “essa presença sombria estivesse sendo derrubada e ridicularizada”. Todos são livres para considerar a piada de mau gosto, ou não, mas o fato é que o humorista possibilitou àquela audiência a oportunidade de rir da morte e, ao menos por um momento, encará-la com mais leveza. Essas pessoas tinham o direito de rir, o que significa que o humorista tinha o direito de contar a piada. Ninguém alheio àquela conexão, àquela relação simbiótica entre o humorista e seu público, tinha ou tem qualquer direito de lhes impedir de debochar da morte. O referido especial do Jimmy Carr está disponível no catálogo da Netflix no Brasil e, adivinhem só: ninguém é obrigado a assisti-lo.

Quem acompanha o trabalho do Léo Lins em suas redes sabe que ele costuma fazer um quadro em seus shows no qual chama pessoas da plateia para subir no palco e interagir com ele. Vemos ali pessoas de todos os perfis, incluindo um dos grupos mais típicos: deficientes. Não foi apenas uma ocasião na qual já vi fãs do humorista lhe agradecendo por incluí-los em seu show. Sim, ele faz piadas de deficientes, mas não só isso não incomoda seu público como eles apreciam a inclusão, demonstrando muito carinho pelo artista. É possível, é claro, que nem todas as pessoas deficientes pensem dessa forma, mas que direitos elas, alheias àquela relação simbiótica e não sendo obrigadas a dela comungar, teriam de impedir os demais de desfrutar das apresentações do humorista e da inclusão que ele lhes proporciona?

Em um relato tocante, Léo Lins, no vídeo em que comenta sua condenação, fala sobre um fã que o contatou se oferecendo para depor em seu favor, dizendo que o humorista havia ajudado a salvar sua vida; a gratidão pela alegria proporcionada pelo trabalho de Léo Lins foi tanta que o fã tatuou o símbolo do show sobre um corte que ele tem no pulso. Quem tem autoridade para dizer ao rapaz que não lhe é lícito rir de tais piadas, piadas que o ajudaram a superar um momento tão obscuro de sua vida, que o levou até mesmo a atentar contra ela?

A perseguição ao humor negro, como todos sabem, vem daquele devaneio identitário, estúpido e autoritário, que nos acostumamos a chamar de politicamente correto. Os entusiastas dessa “censura do bem”, comumente dizem defender as minorias e ser dotados de grande “empatia”. Ah, a empatia, tão bela, mas tão emporcalhada na boca dos elementos mais narcisistas que nossa sociedade poderia conceber.

Ainda no referido vídeo, Léo Lins nos conta que, em certo momento, durante o julgamento, o promotor, aludindo a fãs dos mais variados perfis que se voluntariaram a depor a favor do humorista, questionou: “Você já parou para considerar que essas pessoas que estão aqui falando a seu favor, negros, gays, pessoas com deficiência, podem ser uma minoria dentro da minoria?”. A resposta de Lins foi matadora: “Mas o objetivo desse processo não é justamente o respeito às minorias? Você está me dizendo então que essa minoria é tão pequena que não merece respeito?” Léo Lins foi condenado (esperamos que juízes mais sensatos derrubem essa violência jurídica na segunda instância), mas não sem antes expor a hipocrisia de seus perseguidores.

A desculpa da proteção às minorias, que já extrapola as hostes militantes da internet e encontra penetração institucional suficiente a ponto de levar à condenação de um humorista, é um engodo que visa a ocultar o verdadeiro desiderato: poder; poder para banir o que lhes desagrada. A empatia não tem lugar aqui. Empatia se trata de se despir de suas considerações pessoais e tentar se colocar no lugar do outro. Um verdadeiro exercício de empatia aqui levaria, inevitavelmente, à conclusão de que aqueles que se alegram com esse tipo de humor têm sua razão para tal e não estão a ferir ninguém com seu riso espontâneo. O que vemos é o inverso: pessoas que, desaprovando o humor negro, pretendem que o mundo deva se portar conforme sua visão moralista, ignorando as vozes de todos aqueles que, mesmo sendo minorias, manifestam apreço por essa variante do humor. O que chamam de empatia, na forma de preocupação pelas minorias, é, na verdade, puro narcisismo. As minorias servem à sinalização de virtude e nada mais, pois, no momento em que a opinião de elementos dessas minorias contradiz sua lógica politicamente correta, as ignoram, ou até mesmo as tratam com um paternalismo abjeto, como se (vejam só), não tendo cumprido o ciclo adequado na cadeia evolutiva, precisassem ser guiadas por uma elite iluminada, elite essa muitas vezes (destaco para colocar as coisas nos termos que ela adota), branca, hétero e de classe média alta para cima.

Toda forma de arte é, em algum grau, dependente da reação do público, mas creio que em nenhuma isso é tão claro quanto no humor. Um músico pode fazer um show para uma plateia “fria” sem que isso comprometa a execução das músicas. Um autor pode publicar um livro que venha a ficar obscurecido nas prateleiras de livrarias sem que isso deponha contra sua qualidade literária ou contra a possibilidade de que possa ser redescoberto e encontrar uma glória futura. Em uma peça de teatro dramática, espera-se silêncio da plateia, sendo apenas o final o momento reservado para os aplausos. Em uma produção cinematográfica, há uma notória distância entre os cineastas e atores envolvidos e o público consumidor, que, muitas vezes, só assistirá à produção meses depois de ela ser concluída. Já no caso do comediante que faz shows de stand up, não há um hiato entre a piada e a reação do público: o humorista, nesse caso, depende da reação imediata de sua plateia. Um público frio, que não reaja da forma esperada — isto é, rindo —, certamente arruinará uma performance de comédia. Daí eu dizer que há uma relação simbiótica entre o comediante e seu público: ainda que haja um texto preparado, a dinâmica da coisa implica que o público mostre a todo momento sua satisfação por meio do riso; é uma troca constante, uma verdadeira relação de descontração estabelecida entre o artista e a plateia.

É isso que me autoriza a afirmar que, se existe o tipo de humor popularmente chamado de negro, se há humoristas que devotam sua carreira a essa linha da comédia, é porque há um público grande o suficiente que justifique isso — não fosse esse o caso, ninguém pagaria para ir em seus shows. Afirmar, portanto, que esse tipo de humor é discriminatório é tratar por preconceituosos todos aqueles que o consomem. Aliás, temos um perfeito exemplo aqui de por que promover a censura com base no argumento de que tal e tal conteúdo é “ofensivo” é uma insensatez. Os consumidores de humor negro (dentre os quais, vou frisar, me incluo) podem muito bem dizer que se sentem ofendidos com a imputação de que são pessoas preconceituosas ou que promovem qualquer tipo de discriminação. Sendo a ofensa coisa totalmente subjetiva, estaríamos tão autorizados a censurar aqueles que agora acusam o Léo Lins de ser racista e quejandos quanto o inverso.

Há, contudo, pessoas que sinceramente dizem considerar essas piadas ofensivas. Pois bem, não seria eu a tentar convencê-las do contrário, afinal, cada um é senhor de seus sentimentos; o que vou dizer é que, se as consideram ofensivas e decidem ainda assim consumi-las, estamos diante de uma variante de masoquismo psicológico (não do tipo sexual, mas patológico mesmo). Quem, em sã consciência, iria se submeter a assistir a um show que julga ofensivo? Ninguém. Mas é aí que nossos pseudoprogressistas vêm com a máxima de que tais piadas, ainda que não intencionalmente discriminatórias, poderiam naturalizar a discriminação. Alguns, sem problema em revelar sua grande ignorância histórica, até pretendem que o humor seria, de alguma forma, o precursor do nazismo e afins.
Talvez nenhum argumento demonstre tanto o quanto essa turma não entende o que está criticando quanto este. O que é divertido no humor negro (para aqueles que o apreciam, e está tudo bem se esse não é seu caso) é justamente o absurdo. Há um certo entusiasmo quando um humorista, após contar a que parecia ser a piada mais pesada da noite, consegue contar uma ainda mais pesada, arrancando não só risos, mas exclamações: “Uau, não creio que ele teve coragem de contar essa!”. A “surpresa”, o “choque” e, sobretudo, o “absurdo”, tudo isso faz parte da dinâmica do humor negro. Para que isso seja possível, o absurdo precisa continuar sendo absurdo. Se a ideia de que o humor pode acabar por naturalizar as desgraças do mundo a ponto de que as julguemos normais fizesse sentido, o humor negro não seria possível ou, pelo menos, já teria sido extinto. No momento em que houvesse essa dita naturalização, o absurdo deixaria de ser absurdo e o humor negro perderia a graça. A sobrevivência dessa variante de humor, portanto, depende de manter o absurdo como absurdo.

Quando um humorista conta uma piada sobre pedofilia, ele não está naturalizando a pedofilia, ele a está conservando como o absurdo que é, mantendo o status de aberração social que lhe é devida. Quando conta uma piada com temática racial (especialmente no mundo moderno, onde, felizmente, o racismo aberto não é mais aceito), ele não está advogando práticas racistas, mas antes permitindo uma exposição, cômica, sim, mas uma exposição do racismo, uma exposição necessariamente crítica, pois o foco é que seja justamente entendida como “absurda”. Esse status do “absurdo” como piada é perfeitamente viável, posto que os consumidores de humor negro têm a plena capacidade de distinguir ficção de realidade (se porventura alguém for idiota o suficiente para não fazer essa distinção, estamos certamente tratando de uma exceção, que não pode servir de justificativa para punir todos os seres pensantes). Em seu especial para a Netflix, SuperNature, o comediante Ricky Gervais demonstra isso de forma brilhante: logo após contar uma piada sobre dar uma surra em uma criança deficiente, ele emenda o argumento de que gosta dessa piada, pois ela assinala a diferença entre o humor e a vida real: “Vocês riram de uma piada sobre uma criança deficiente levando uma surra. Ninguém se machucou. Se eu realmente arrastasse uma criança deficiente até aqui e batesse nela, vocês não dariam risada”.

Muitos podem ainda insistir que não veem o propósito de fazer piadas com temas tão pesados. Se esse é o seu caso, é porque essas piadas não são para você, bastando não as consumir. Mas, se elas não são para você, elas são para alguém, alguém que tem tanto direito de rir, com todos os benefícios que o riso enseja, quanto você. O humor negro não é uma excentricidade de uma parcela seleta da população, mas uma necessidade do mundo. Ele proporciona uma válvula de escape para as mazelas que nos acometem, uma oportunidade para ridicularizar o absurdo, uma forma diferente de falar e até mesmo de criticar aquilo que existe de reprovável e até hediondo, por aí. O mundo não é perfeito, e tampouco são nossas vidas. Por mais que sejamos felizes, todos encontramos nossa dose de sofrimento neste mundo. É tão difícil conceber que alguns precisem de uma oportunidade para rir desse sofrimento? Não soa até mesmo belo que alguém possa escapar de um abismo pessoal e encontrar, no fim do processo, forças para rir de sua própria desgraça? Temos que ser definidos por nossos infortúnios e viver sempre reféns da piedade alheia? E se não quisermos a piedade? E se quisermos a alegria? Não a alegria eterna e imperturbável, que soa irrealista, mas a alegria que resiste em meio aos tormentos. O humor negro tem um q de terapêutico, não apenas no plano individual, mas, literalmente, no plano global. O que será de nós se admitirmos que mesmo nosso riso possa ser determinado ou proscrito por aqueles que são obtusos demais para entender o sentido figurado da arte, moralistas demais para ler as entrelinhas, narcisistas demais para conceber que algo possa destoar de sua visão particular de mundo, autoritários demais para pretender controlar não só o discurso, mas os sentimentos alheios? O mundo precisa de humor negro, e ele continuará existindo, quer os moralistas identitários queiram ou não.

Fonte:
https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/sudeste/sp/leo-lins-e-condenado-a-oito-anos-de-prisao-por-piadas-preconceituosas/
https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/justica-anula-condenacao-danilo-gentili-processo-movido-pela-deputada-maria-do-rosario/

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Gabriel Wilhelms

Gabriel Wilhelms

Graduado em Música e Economia, atua como articulista político nas horas vagas. Atuou como colunista do Jornal em Foco de 2017 a meados de 2019. Colunista do Instituto Liberal desde agosto de 2019.

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