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Revoluções e Liberdade Econômica: Cuba

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Após a Guerra Hispano-Americana (1898), Cuba declarou sua independência da Espanha, mas se tornou um protetorado dos Estados Unidos. Tal fato se deve a Emenda Platt, dispositivo legal inserido na constituição cubana, que previa a instalação de uma base naval norte-americana no país, direito de intervenção para a manutenção da ordem, concessões para a exploração de carvão e etc. Vale ressaltar que Cuba ficou sob ocupação norte-americana até 1901, tendo sofrido várias intervenções militares, nos anos posteriores a independência.

O controle dos EUA sobre os países da América Central era crescente, iniciado com a Doutrina Monroe, pelo presidente James Monroe (1817-1825) e mantida pela política do “Big Stick”, do então presidente Theodore Roosevelt (1901-1909). Com isso, o governo americano acabou por controlar a economia daqueles países, assim como a política dos mesmos, tendo utilizado a diplomacia e até mesmo a intervenção militar para tanto.

Com Cuba isso não foi diferente. As constantes quedas no preço do açúcar (principal produto de exportação e geração de divisas do país em questão), principalmente no período da Grande Depressão, quando a cotação dessa commodity caiu para 1,11 centavo a libra, fizeram com que muitos produtores quebrassem. Empresas norte-americanas, então, passaram a assumir a produção de açúcar da ilha, através da compra das propriedades falidas. Além disso, investimentos no setor de turismo e transporte foram feitos em Cuba, por parte de empresas americanas.

No campo político, a embaixada americana em Havana trabalhava constantemente com os presidentes/ditadores que se seguiam no poder, para que pudesse manter o controle da ilha. Na década de 1930, o militar Fulgêncio Batista passou a controlar a vida política, com apoio do governo americano. A corrupção era constante e Batista acumulou uma grande fortuna enquanto esteve no poder, ao passo que o estado crescia cada vez mais.

Apesar disso a economia de Cuba, quando a revolução comandada pelos “barbudos” começou a ser desenhada, não estava tão ruim. Os crescentes investimentos norte-americanos acabaram por transforma Cuba em um grande destino turístico. O surgimento de cassinos e hotéis fizeram com que outros setores da economia se desenvolvessem, como o da construção civil.

Havia cerca de 30 voos diários ligando os EUA à ilha, sem falar nos barcos que saiam da Flórida abarrotados de americanos dispostos a gastar seu dinheiro nos cassinos cubanos. O anúncio da Comissão Cubana de Turismo, em 1957, era: “Excitante, exótica. Cuba: onde o passado encontra o futuro”, mostrava o crescimento de novidades no país que via as cadeias de rádio e televisão crescerem assustadoramente, em relação aos países desenvolvidos.

A arquitetura das novas construções cubanas transformou o país em referência no ramo, fazendo com que três revistas especializadas no tema surgissem lá. Encontros internacionais de engenheiros e arquitetos não eram raros na ilha para ver os trabalhos de Nicolás Arroyo e Mario Romañach, formados pela Universidade de Havana.

Os 150 km que separavam Cuba dos EUA não só fizeram com que americanos pudessem desfrutar dos benefícios da ilha. Cubanos viajavam para o país vizinho, tendo o número de turistas cubanos ultrapassado o de americanos em Cuba. Lojas da Flórida e de Nova York faziam constantes anúncios em jornais da ilha. A relação econômica entre esses dois países se tornou tão estreita que os investimentos de empresas cubanas nos EUA alcançaram a marca de meio bilhão de dólares.

Muitos afirmam que Cuba era um grande playground dos EUA, uma vez que a ilha era lotada de cassinos cujos donos eram mafiosos e de prostitutas. Vale ressaltar que todo o dinheiro gerado dessa relação não só encheu os bolsos de mafiosos, mas também de empresários e trabalhadores cubanos que, pelo menos, possuíam um emprego e a chance de enriquecer.

Por mais que a economia não estivesse nada mal, a questão política ainda era bastante complicada. Batista repreendia os movimentos que exigiam eleições, tendo este matado e prendido uma série de oposicionistas. Fidel Castro, então advogado, estava entre esses dissidentes. Ao sair da prisão, Fidel, junto ao médico argentino Ernesto Guevara e Raúl Castro, organizaram uma guerrilha na região de Sierra Maestra para derrubar o governo de Batista. Em 1959, os revoltosos obtiveram êxito e tomaram o poder, tendo estabelecido as seguintes medidas:

  •  restabelecimento das relações diplomáticas com a União Soviética e outros países socialistas.
  •  nacionalização das empresas que prestavam serviços públicos, como: luz, telefone, água, ferrovias, instalações portuárias, e etc.
  •  proibiram qualquer individuo ou empresa de ser dono de mais de um imóvel.
  •  proscrição das grandes propriedades improdutivas e com extensão superior a mil acres. Estas terras seriam redistribuídas em pequenas propriedades.
  •  criação do Ministério de Seguridade Social.

Em represália as nacionalizações de empresas americanas em solo cubano, o governo dos EUA reduziu as importações de açúcar da ilha. Com isso, a URSS passou a importar o excedente e em troca enviava petróleo para o prosseguimento da revolução. Cuba, entretanto, não possuíam refinarias, tendo o governo solicitado a empresas instaladas no país (Texaco e Esso) para que refinassem o petróleo russo. Essas, por sua vez, se recusaram, o que fez com que o governo cubano as nacionalizasse. Posteriormente, o governo de Cuba nacionalizou uma série de empresas americanas. O governo americano, por sua vez, seguiu reduzindo as importações de açúcar daquele país.

A tensão entre Cuba e os EUA só aumentou, tendo este tentado invadir a ilha durante o governo de John Kennedy, no episódio conhecido como a Invasão da Baía dos Porcos (1961). A operação militar foi um fracasso, mas ainda assim o clima hostil continuou o que levou a famosa Crise dos Mísseis (1962) que quase culminou no enfrentamento direto entre a URSS e os EUA.

Conclusão

A revolução cubana conseguiu tirar do poder um ditador a moda caribenha, mas acabou por empossar outro muito pior. Com Castro no poder, a liberdade econômica de Cuba foi reduzida a zero, o que minou a capacidade de crescimento sustentável de seu país.

Durante a sua existência, a URSS auxiliava a ilha importando o açúcar da mesma a preços altíssimos. Com a economia sob o domínio de Fidel, o empreendedorismo se tornou quase inexistente, travando o desenvolvimento industrial e dos setor de serviços. O turismo e o açúcar acabaram por se tornar uma das principais fontes de receita de Cuba e como estas passaram a ser geridas por um estado inchado e corrupto, não conseguiram se desenvolver plenamente.

Com o crescimento do setor público, o setor privado se tornou quase que inexistente. O desemprego, dessa forma, cresceu muito a ponto de engenheiros trabalharem como mecânicos ou taxistas.

Valeria muito mais a pena ter tirado Batista do poder e implantado um regime democrático que soubesse tirar proveito das relações com os EUA, sem deixar de lado a soberania. Medidas liberais poderiam ter sido adotadas para gerar mais riqueza e melhorar ainda mais a vida dos indivíduos. Com isso, o comércio entre aqueles dois países poderia ter crescido tanto a ponto de Cuba não se tornar dependente da cotação do açúcar, da quantidade de turistas e da benevolência de Fidel.

Infelizmente, o governo “igualitário” acabou por transformar o sonho de liberdade cubano em uma grande ilusão. A ilha que antes era um ponto turístico rico em novidades e com grande potencial de crescimento, apesar dos problemas, acabou por se tornar uma grande prisão.

Mateus Maciel é estudante da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ. É membro fundador do Grupo Frédéric Bastiat (EPL-UERJ), e escreve todos as segundas para o site do Clube Farroupilha.

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