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Bonner errou!

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william bonner jornal nacional

Pode ser muita pretensão da minha parte criticar William Bonner. Mas, com todo respeito a este profissional que, merecidamente, é referência no jornalismo, ele não conduziu bem a entrevista com Dilma. As perguntas, excessivamente grandes formuladas pelo Editor-Chefe do JN, causaram uma perda de tempo desnecessária que fez toda a diferença para uma entrevista cronometrada e concedida por um porta-voz calejado de Media Training. O foco de uma cobertura nunca é o jornalista e quem perde, neste caso, é o público.

Este cenário permitiu que respostas de má fé da Presidente ficassem impunes, como afirmar que a alta da inflação foi cerca de 0%. É verdade, mas ela se referia ao mês e a pergunta foi referente ao ano. Ela, propositalmente, fez uma comparação equivocada, e sabe disso. Descontextualizou um dado mensal, que é pouco relevante neste caso, já que a média em 12 meses chegou a estourar o teto da meta (6,5%).

O problema que é nem todos os telespectadores sabem que inflação alta é sempre pior para os mais pobres, pois, geralmente, quando o dinheiro chega à “base da pirâmide”, os preços já foram reajustados. Ou seja, o dinheiro vale menos. E, se não souberem disso, por exemplo, fica difícil para o grande público ter uma ideia se Dilma respondeu a pergunta ou tergiversou.

Além disso, a inflação real já é muito maior que 6,5%, por conta do governo represar os preços de Energia e da Gasolina, o que tem causado um rombo gigantesco nestes setores. Rombo este a ser pago por nós e a um custo muito mais alto (só em energia a conta já passa de R$ 6 bi).

O Brasil está, mesmo, num mato sem cachorro: juros altos (11%), baixo crescimento (cerca de 1%) e alta inflação, além de um cenário de incertezas, pois temos administradores federais desonestos, que fazem malabarismo fiscal para sustentar a má gestão e desperdício de recursos. O que o governo mais se vangloria, o pleno emprego, é falácia, já que 14 milhões de famílias que recebem o Bolsa Família, sem trabalhar, constam na estatística de empregados. Ou seja, está tudo errado e a equipe de Dilma sequer percebe isso. Logo, continuará errado.

A coisa é tão dura que podemos já estar em recessão, mas sem estarmos em crise e, portanto, não faz o menor sentido o governo Federal justificar a própria incompetência comparando o Brasil com países que passaram ou passam por uma crise econômica (o IBC-br já apontou prévia de retração de 1.2%, dia 29 o IBGE divulga os dados do primeiro semestre). Aliás, os juros da dívida pública estão em cerca de 5%, são juros altíssimos, equivalentes aos que foram pagos pela Grécia no auge da crise europeia, como lembrou Mansueto Almeida, do Ipea, em programa na GloboNews – mesma ocasião que Márcio Holland teve que contestar o que ele próprio analisava antes de entrar no governo. É duro brigar com os fatos.

Enfim, em um único tema havia uma infinidade de questões a serem levantadas e questões estas que foram, sim, erros de gestão. E olha que nem falei da transferência de bilhões sem transparência, via juros subsidiados pelo BNDES, às grandes empresas amigas de Lula, que não precisam de auxílio do governo para obter capital, enquanto as pequenas e médias empresas se matam para sobreviver dentre os excessivos impostos e burocracia.

Um erro de cálculo simples numa entrevista, ainda que de boa fé, pode fazer toda a diferença no todo porque deixa de informar e quem perde somos nós, cidadãos, que podemos ser governados, nos próximos quatro anos, por populistas e arrogantes que acreditam mudar a realidade com o peso de suas canetas.

Como disse meu colega Felipe Moura Brasil “esta entrevista foi uma selfie no velório do país”.

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Wagner Vargas

Wagner Vargas

Graduado em Comunicação Social pela Universidade Anhembi Morumbi, Mestrando em Administração e Gestão Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV- EAESP), onde graduou-se em cursos de especialização em economia. Também é Sócio-Diretor da Chicago Boys Investimentos e atua com Assessoria de Imprensa, Comunicação Estratégica, Relações Públicas nos mercados: Siderúrgico, Varejo, Mercado Financeiro, Telecomunicações e em campanhas políticas. Integrante dos Conselhos de Economia e Investimentos em Inovação da CJE/FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), também é especialista do Instituto Millenium, onde produz entrevistas e artigos para o blog da Revista Exame.

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