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John Stuart Mill é tema do décimo quarto mês do Núcleo de Formação Liberal

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Instituto Liberal, o Instituto Libercracia, o Grupo de Estudos Dragão do Mar e o Instituto Liberal do Nordeste, em parceria, utilizando as ferramentas que as redes sociais nos proporcionam, organizam reuniões virtuais, integralmente abertas ao público, para debater textos dos mais importantes autores nacionais e internacionais dentro do espectro liberal. O nome do projeto é “Núcleo de Formação Liberal” (NFL).

A intenção do projeto é que os debates e reflexões se concentrem o mais exclusivamente possível na obra dos autores, para qualificar a formação do pensamento de nossos ativistas e lideranças nos diversos setores da sociedade.  Todas as reuniões são baseadas em trechos ou capítulos de obras, previamente divulgados. Um relator se encarrega de fazer uma explanação a respeito dos trechos selecionados, seguida de um debate com apontamentos dos representantes dos institutos responsáveis pela iniciativa e a participação do público.

Depois de Friedrich Hayek, Joaquim Nabuco, Edmund Burke, Roberto Campos, Ludwig von Mises, José Guilherme Merquior e Thomas Sowell (ao longo de 2020), além de um encontro de revisão em janeiro, estudamos em 2021 Ayn Rand, Antonio Paim, Murray Rothbard, Ubiratan Borges de Macedo, José Ortega y Gasset e José Osvaldo de Meira Penna. Em setembro, nosso autor foi o clássico pensador britânico vitoriano John Stuart Mill (1806-1873).

10/08 – 19h – As dimensões da liberdade em John Stuart Mill – 

O primeiro encontro reuniu Lucas Berlanza (Instituto Liberal), João Marcelo (Grupo de Estudos Dragão do Mar) e o professor Luciano Camerino, autor do livro O liberalismo social em John Stuart Mill e Norberto Bobbio, que se encarregou da relatoria.

A tarefa a que se dedicou o relator foi a de sintetizar as concepções gerais do importante filósofo, que costuma desafiar classificações e provoca discussões acerca do campo do chamado liberalismo social, de que é geralmente apontado como marco inaugural. Após uma apresentação biográfica, Camerino abordou as diversas aplicações da liberdade no pensamento de Mill.

Na dimensão pessoal, Stuart Mill trata do indivíduo e do seu direito ao florescimento pessoal, um tema típico do liberalismo, que bebe das fontes iluministas alemãs e transparece em seu livro Sobre a Liberdade. Na dimensão política, ele considera a participação do indivíduo na construção das regras de convivência social e política, vinculando liberalismo e democracia. Na dimensão econômica, aborda a emancipação do indivíduo em relação à pobreza e à heteronomia no mundo do trabalho, um tema em geral abordado por correntes anarquistas e socialistas. Enfim, Mill reflete sobre como seria possível a ampliação da igualdade e, simultaneamente, da liberdade, na sociedade democrática liberal.

Houve espaço para discutir a defesa de Mill de uma participação maior do Estado em determinadas áreas, apontando o liberalismo social como uma das vertentes do espectro plural do liberalismo. Apresentaram-se sua tese de apoiar os pobres para inseri-los na educação, sua defesa do fortalecimento da opinião pública e os polêmicos diálogos que empreendeu com as teses dos socialistas utópicos do século XIX, sem jamais se ter ocupado do pensamento marxista propriamente dito. Também abordou-se o problema do princípio do dano, aplicando-o à sensível questão da expansão estatal durante crises, como emergências sanitárias.

18/08 – 19h – Sobre o progresso e a educação – Introdução e Capítulos 1, 2, 3 e 6

O segundo encontro reuniu Lucas Berlanza (Instituto Liberal), Veridiana Palmieri (Instituto Libercracia), João Marcelo (Dragão do Mar), Josesito Padilha (Instituto Liberal do Nordeste) e o relator Rodrigo Jungmann, que usou como referência a obra Sobre o progresso e a educação, por ele traduzida e comentada.

O relator apresentou Mill como um exemplo de liberal que procurava dialogar com outras linhas de pensamento, sendo um pensador explicitamente eclético, bem como “falibilista”, enxergando o ser humano sempre propenso ao erro, o que torna necessária a conversação como mecanismo de correção. Também apontou-o como um liberal defensor da preocupação com a “liberdade para” por oposição da limitação à “liberdade de”, isto é, a adesão ao que alguns chamariam de “liberdade positiva”; ressaltou seu relativo otimismo antropológico, por crer na perfectibilidade humana, alcançada através da educação, mas não atingindo extremos como a tese da formação do “novo homem” marxista.

Jungmann pontuou a oposição entre a ética deontológica de Immanuel Kant, com seu “imperativo categórico”, e a visão consequencialista de Mill, vinculada às suas raízes utilitárias, que levam ao propósito de maximização da felicidade em relação à dor. Mill relativiza o utilitarismo de Jeremy Bentham por influência da crítica de autores franceses, como Carlyle, que abriam espaço a análises valorativas – isto é, indo além da avaliação da sensação de prazer ou felicidade ao estabelecer hierarquias entre os prazeres, julgando, por exemplo, os prazeres intelectuais como superiores.

Na leitura do relator, o pensamento de Mill criticaria em outras vertentes liberais uma promoção excessiva do individualismo e de certo grau de atomismo social. Na fase interativa, enfatizou-se a discussão milliana sobre o progresso de costumes e hábitos e a questão social, bem como a pouco conhecida preocupação que o autor teve com pensadores clássicos da Antiguidade.

31/08 – 19h – Coleção Os Pensadores, Sistema de lógica detutiva e indutiva 

O terceiro encontro reuniu Lucas Berlanza (Instituto Liberal), Josesito Padilha (Instituto Liberal do Nordeste), Tiago Muniz (Dragão do Mar) e o Dr. Rui Martinho Rodrigues, responsável pela relatoria.

O dr. Rui Martinho desenvolveu uma abordagem focada nas influências filosóficas sobre o pensamento de Mill e sua concepção sobre o tema da Lógica. O relator enfocou as dificuldades de classificação do filósofo, devido ao grande esforço, digno de um gênio, em sua visão, por sincretizar ideias de diferentes fontes teóricas, algumas essencialmente opostas, o que motiva até hoje acusações de inconsistência.

Martinho apontou a influência do utilitarismo de Jeremy Bentham sobre Mill, mas mitigado por outras concepções millianas. Destacou-se que Mill tinha influências empiristas, mas também aderências racionalistas; que adotou o monismo metodológico do Positivismo, acreditando que os mesmos métodos e dinâmicas das ciências naturais caberiam às sociais, mas sem adotar todas as consequências autoritárias da filosofia de Augusto Comte; por fim, que foi liberal, mas seu liberalismo teria sido impactado por seus cacoetes cientificistas e seu diálogo com os socialistas utópicos, que o relator atribuiu à influência de sua esposa.

Na fase interativa, falou-se também sobre o monismo metodológico de Karl Popper, que, ao contrário do de Mill, restringia-se à validação dos fatos pelo critério da falseabilidade, não se estendendo à interpretação deles.

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