Vida longa à musa do verão

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Até poucos dias, Sherazade era, para este escriba, apenas a lendária personagem das “Mil e uma Noites”.  Segundo a lenda de origem persa, para quem não conhece, um sultão tirânico, depois de ser traído pela primeira mulher, passou a esposar uma noiva por noite e matá-las na manhã seguinte, para que nunca pudessem traí-lo.  Após matar inúmeras donzelas, o sultão conheceu Sherazade.  A princesa, extremamente culta, sobreviveu por mil e uma noites contando estórias ao sultão, sempre deixando do epílogo para o dia seguinte para mantê-lo curioso.  Ao final, o sultão se viu apaixonado, poupou-lhe a vida e viveram felizes.

Quem diria que, no Brasil, em pleno século XXI, uma nova Sherazade viria transformar-se na musa de um verão extremamente quente e tumultuado.  Não sei se esse é o sobrenome da Raquel ou se apenas um nome artístico, mas o fato é que, assim como a original, nossa Sherazade também é bela e sobrevive não só narrando estórias mas também e principalmente comentando-as.

Seu sucesso tem muito a ver com a esterilidade e aridez da imprensa pátria, infestada de esquerdistas e falsos “isentismos”.  Faltava por essas bandas, especialmente na TV, uma voz que falasse a língua da classe média, cansada da demagogia populista que domina a política tupiniquim.  Alguém que soltasse a língua contra a falta de segurança, os impostos mastodônticos e a falta de serviços públicos de qualidade.  Que se insurgisse com veemência contra a corrupção galopante, o esquerdismo bocó e a lengalenga dos políticos, que não fazem outra coisa senão esforçar-se para manter tudo exatamente como está.

Pode-se não concordar com tudo que ela diz, mas a moça tem charme, presença, eloqüência e tenacidade.  Não é à toa que faz tanto sucesso e causa tanto ódio na esquerda, acostumada, faz décadas, a uma vasta hegemonia nos meios de comunicação.   Quem conhece as coisas por aqui não se surpreendeu com alguns ataques furiosos ou com as tentativas de censurá-la a todo custo.

Enfim, Raquel Sherazade foi a melhor coisa que aconteceu à paupérrima e acomodada mídia brasileira em muitos anos.  Não duvido que Nelson Rodrigues estaria orgulhoso dela.  Esperemos que tenha vida longa e, principalmente, que não se deixe inebriar pelo sucesso.

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

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