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Vacas (nem tão) sagradas

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Uma das “vacas sagradas” da esquerda atualmente – além da eterna reverência ao velhaco Karl Marx – são os modelos econômicos e sociais dos países nórdicos, notadamente o sueco.   Não raro, sempre que alguém tenta demonstrar as inegáveis vantagens do capitalismo sobre quaisquer modelos socialistas, chovem argumentos baseados no sucesso dos sistemas de bem estar praticados naqueles países.

 

Já tive a oportunidade de escrever acerca do modelo sueco, explicando que a Suécia é, de fato, uma economia de mercado, engessada, em boa medida, pelo pesado fardo de um Estado inchado, malgrado bastante eficiente, pelo menos quando comparado com a maioria dos demais Estados.  Embora os arautos da esquerda enxerguem na Suécia um exemplo indiscutível de como combinar altos níveis de prosperidade e qualidade de vida com altos índices de redistribuição de renda, a história revela algo bem distinto: o sucesso daquela nação nórdica não decorre das políticas de bem-estar, mas apesar delas.
Como escrevi na época, “Historicamente, a experiência sueca é raramente mencionada como um exemplo das virtudes do capitalismo liberal. No entanto, poucas outras nações no mundo demonstraram tão claramente como um fenomenal crescimento econômico pode ser alcançado a partir da adoção de políticas de livre mercado.
 
A Suécia era uma nação empobrecida antes da década de 1870, fato comprovado pela emigração maciça, principalmente para os Estados Unidos, naquela época. A partir do surgimento do capitalismo, o país evoluiu rapidamente, desde uma base essencialmente agrária, até tornar-se uma das nações mais prósperas da terra. Direitos de propriedade bem definidos, mercados livres e Estado de Direito, combinados, criaram um ambiente sob o qual a Suécia experimentou uma fase de crescimento econômico rápido e sustentado, quase sem precedentes na história humana.”
Independentemente das discussões acerca da sua eficiência econômica, a maior prova de que, mesmo após a introdução do modelo de bem estar, a Suécia – assim como os demais países do norte europeu – continuou respeitando todas as instituições clássicas do modelo capitalista, como bem lembrou o economista Scott Summer, está no ranking de Liberdade Econômica divulgado pela Heritage Foundation.  De acordo com ele, Hong Kong e Singapura estão há anos nos primeiro e segundo lugares da publicação.  No entanto, se nós restringirmos a análise a 8 das 10 categorias que formam o ranking (deixando de fora somente os quesitos impostos e gastos do governo), quem apareceria em primeiro lugar seria a Dinamarca, enquanto a Suécia ficaria entre os seis primeiros.
Portanto, apesar de possuírem cargas tributárias e gastos públicos elevados, os países nórdicos apresentam níveis elevadíssimos de liberdade nos negócios, no mercado de trabalho (legislação trabalhista), liberdade de comércio (principalmente com o exterior), liberdade financeira e de investimentos.
Alguns dirão que a Heritage Foundation é uma instituição conservadora e, portanto não confiável.  Ocorre que, não por acaso, os países nórdicos também figuram todos no topo do ranking “Doing Business”, divulgado pelo Banco Mundial.  De acordo com esse estudo, também divulgado anualmente, a Dinamarca aparece em 5º , a Noruega em 9º e a Suécia em 14º lugar, entre os 189 países analisados.  Isso quer dizer que o ambiente de negócios nessas nações, considerados por muitos da esquerda como exemplo de socialismo moderno, é muito mais atrativo aos investimentos privados do que vários daqueles tachados rotineiramente pela própria esquerda de modelos neoliberais, como, por exemplo, o Brasil.
Em resumo, como demonstram os dados acima, altos impostos e gastos públicos elevados, por si sós, não são sinônimo de socialismo.

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

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