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Transporte: problema de gestão

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RODRIGO CONSTANTINO*  

O editorial do GLOBO hoje argumenta que o problema no transporte público é de má gestão dos municípios. Para sustentar a tese, são apresentados dados que impressionam, como estes:

Um dado é suficiente para dar a medida do descaso do administrador público com o setor: apenas 44,7% das 38 maiores cidades do país têm um plano de transporte, com diretrizes, ações a serem executadas etc. É muito pouco, se considerarmos que quase de 85% dos 190 milhões de brasileiros vivem em cidades. Há, portanto, enormes demandas não atendidas. Se forem considerados todos os mais de 5.500 municípios, não há planejamento na atividade em 98% deles. Mesmo no Rio de Janeiro, estado relativamente rico, em apenas nove das 92 cidades há plano de transporte.

Entre os motivadores desse desleixo, estaria o desejo do político de optar por obras aparentes:  

Especialista no ramo, o professor Joaquim Aragão, da Universidade de Brasília, explica o descaso municipal: “Governante quer obra. O plano é um investimento, tem que contratar gente para desenvolvê-lo. Demora até que ele esteja pronto. Planejamento também limita arbitrariedades do governo”. A interpretação equivale a uma outra, mais folclórica, de que político gosta de obra à flor da terra, e não subterrânea, longe dos olhos do eleitor. Daí, conclui-se com alguma maldade, haver sérios problemas no saneamento básico.

Em vez de priorizar essa gestão e os investimentos subterrâneos, os governantes preferem também contratar gente, por motivos óbvios:

O contingente de funcionários públicos passou de 3,3 milhões, em 99, para 6 milhões no ano passado. Um salto desastroso do ponto de vista das carências de investimento no transporte de massa. Representantes dos prefeitos alegam que o empreguismo se deve às atribuições assumidas pelos municípios na Educação e Saúde. Infelizmente, a qualidade dos serviços prestados nas duas atividades não condiz com o inchaço das folhas de pagamento.Também chama a atenção que haja meio milhão de servidores contratados sem concurso, em cargos comissionados, de confiança, geralmente preenchidos por meio de apadrinhamento pessoal e/ou político-ideológico.

O problema do transporte é complexo. Várias capitais em países desenvolvidos também vivem certo caos, mas nada comparado ao nosso. Em parte, a explicação para a diferença está, sim, na melhor gestão. Redes de metrô costumam se espalhar pelo subsolo dessas capitais com grande capilaridade, ao contrário do que ocorre por aqui. Há excessivo controle estatal também em nosso país, o que engessa o setor e ajuda na formação de cartéis poderosos.

Não há soluções fáceis. É preciso mudar muita coisa. Mas não resta dúvida de que uma gestão mais eficiente poderia contribuir muito para o avanço. Essa é, inclusive, uma das bandeiras que o Partido NOVO tem levantado: buscar uma gestão mais profissional e eficiente em prefeituras, deixando o populismo de lado e focando na solução de problemas práticos. Que isso se torne realidade logo.

Porque se depender desses políticos e desses partidos atuais, fica complicado ter a mesma esperança que o próprio jornal demonstra ao concluir o editorial: “Que o barulho das ruas possa despertar prefeitos para esta realidade”. Pouco provável…

* PRESIDENTE DO INSTITUTO LIBERAL
IMAGEM: O GLOBO

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