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Sobre a biografia de Elon Musk

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Acabei de ler a biografia de Elon Musk. O livro é longo, mas muito bem escrito. Walter Isaacson está de parabéns. Sua escrita facilita a leitura. Períodos curtos, voz ativa e linguagem direta. Além de capítulos em blocos pequenos. É um legítimo page turner! Obviamente, o personagem é muitíssimo interessante, mas seu comportamento vai causar perplexidade em muita gente. Musk não é um CEO normal.

Aliás, é difícil encaixá-lo na figura de executivo, gestor, conselheiro e tutti quanti. Nada disso se encaixa em sua persona. Ele é um empreendedor movido por muito drama, desejos, ambições – não necessariamente financeiras – e urgências criadas por sua própria cabeça O mundo corporativo tradicional vai ficar chocado com muitos dos fatos descritos no livro e não vai conseguir conciliar o sucesso com o comportamento.

Em parte, contudo, o livro vai soar como música aos empreendedores outsiders. Eles poderão ver o impulso neurótico de quem empreende à flor da pele, inclusive o apetite ao risco inerente a essas pessoas. O preço alto de uma busca insana pela perfeição também se destaca. Musk tem problemas com a depressão, que, talvez, possam ser a chave para o comportamento errático dele. Quando ele sai de prumo, a coisa complica. Mesmo assim, de alguma forma, ele tem uma capacidade ímpar de atrair talentos ao seu redor. Quem trabalha com ele, tem senso de urgência e importância. São pessoas que não estão preocupadas com o tal balanço vida pessoal e profissional. É gente que gosta do que faz, só não tem o apetite ao risco de Musk e a capacidade de empreender. Querem, com ele, ter a chance de participar de algo importante.

Sem ter sido herdeiro, Musk fez do carro elétrico uma realidade, criou a indústria espacial privada, ajudou um país em guerra, comprou o Twitter, entre outras coisas. Atualmente, corre atrás da inteligência artificial, pois teme pela humanidade. Ele ficou com receios de Larry Page do Google. Em uma conversa, Page não teria mostrado preocupação com a hipótese de as máquinas se tornarem superiores ao ser humano. Isso, inclusive, fez Musk romper a amizade dos dois.

Há uma característica do personagem que é curiosa. Musk tem dificuldade em lidar com sentimentos humanos, mas, ao mesmo tempo, se preocupa enormemente com a humanidade. Parece paradoxal, mas não é. Para chegar aos resultados impressionantes que alcançou, ele teria que ter uma visão macro, sem deixar que o micro fosse um empecilho. Parece cruel, e é. Infelizmente, o mundo de verdade é mais duro do que se deseja.

Sua irritação com o universo woke e sua luta pela liberdade de expressão são resultantes de situações pessoais específicas. Ele “perdeu” uma filha para o comunismo, que, segundo ele, se deu pela mentalidade woke que tem proliferado nos Estados Unidos. A ascensão do wokeísmo, na visão dele, está intimamente relacionada às investidas contra a liberdade de expressão e contra o sucesso individual. Sua filha não tem mais contato algum com ele. Certo ou errado, a razão para o comportamento dele está, em parte, explicada.

Musk tem um viés libertário. Na cabeça dele, regras devem ser questionadas. Entretanto, ele não é um liberticida. Sabe que o mundo de verdade impõe desafios para qualquer ideologia. Definitivamente, ele não é um escravo de narrativas. Enfim, o livro merece ser lido. O personagem está no centro do que há de mais avançado no mundo. Se ele conseguir realizar o robô humanoide da Tesla, por exemplo, será bem possível criar uma renda passiva para todos no mundo. Como todo bom outsider, ele não se encaixa no mundo dos “Donos do Poder”, e, talvez por isso, possa usar o capitalismo para conseguir algo que nenhum socialista conseguiu: resolver definitivamente a pobreza.

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Leonardo Correa

Leonardo Correa

Advogado e LLM pela University of Pennsylvania, articulista no Instituto Liberal.

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