BERNARDO SANTORO*

Recebi hoje na rua o Jornal Destak, que trazia uma interessante reportagem. Segundo o periódico, 62% dos brasileiros se acham de classe baixa. Já para o governo, desde 2010, 67,5% dos brasileiros seriam de classe média ou alta (A,B ou C) e apenas 32,5% seriam de classe pobre (D ou E). Vejam o gráfico governamental:

Esse estranho dissenso entre a informação oficial e a pesquisa popular nos leva a seguinte conclusão: ou o governo está distorcendo os conceitos, ou o povo está reclamando de barriga cheira. Pelo próprio gráfico, já se vê quem está mentindo.

Esse gráfico usa o conceito de renda familiar bruta e a ideia de uma família de 4 pessoas. É possível sustentar uma família de 4 pessoas no Brasil com tal quantia, considerando ainda os impostos? Muita gente vive com isso, mas em condições de extremo aperto, tendo de se submeter ao sistema socialista de educação e saúde e fornecimento de remédios, economia de guerra e compra de bens e serviços em extensas prestações.

Isso faz com que as pessoas tenham a nítida sensação de pobreza. Quase o dobro do número de pessoas que o governo diz que são pobres.

Políticas públicas anti-pobres, como altos impostos sobre o consumo, protecionismo, burocracia, regulamentações de trabalho, entre outros, são fundamentais para o encarecimento da vida cotidiana e a criação dessa sensação de pobreza, que nada mais é do que a realidade, especialmente se comparar a vida que um pobre brasileiro leva com a de um “pobre” americano ou europeu com a mesma profissão.

Extinguir políticas públicas anti-pobres e promover políticas públicas anti-pobreza, como corte de impostos, abertura de mercados e desburocratização, são apenas alguns caminhos básicos para que se possa reduzir, de fato, a pobreza. De nada adianta dar cem reais de bolsa-família quando se cobra o dobro em impostos.

*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL