Primeiro-ministro italiano, o euro, a Eurocopa e a Ucrânia
LIGIA FILGUEIRAS*
“O primeiro-ministro italiano, Mario Monti, criticou hoje certos países “nórdicos” que minam “a credibilidade” das decisões da zona euro e apelou à aplicação rápida das decisões tomadas para resolver a crise.” [SIC Notícias, 08.07.2012]
No último fim-de-semana, Mario Monti esteve em Kiev, na Ucrânia, para o final da Eurocopa, ignorando o boicote do Ocidente àquele país. Lamentavelmente para ele, o que viu foi uma goleada da Espanha de 4 x 0 contra a Itália.
A viagem do Primeiro-ministro chamou a atenção da mídia, novamente, para o que está ocorrendo naquele país do Leste europeu. O próprio Mario Monti, antes de viajar para Kiev, deixou claro que não se esqueceu do que está acontecendo com Iúlia Timochenko, ex primeira-ministra ucraniana presa em agosto de 2011 por abuso de poder e sob acusação de corrupção em seu governo.
Iúlia Timochenko, de 51 anos, considerada a mulher mais bonita da política, disse muitas vezes ser inocente das acusações (segundo ela, de provas forjadas) e vítima de vingança política. Ela foi condenada a sete anos de prisão. Timochenko diz que o julgamento visa afastá-la da vida política onde sempre foi forte competidora. O atual presidente da Ucrânia venceu-a por pouco nas eleições de fevereiro de 2010.
Logo após ser presa, seu site publicou uma declaração que ela entregou a seu advogado, percebendo que ia ser condenada:
“Quero fazer uma declaração a respeito do plano para a minha prisão: Está claro que isso é um ato de vingança contra um oponente político, mas não é sobre isso que quero falar. Quero declarar que não tenho a intenção de cometer suicídio. Eles não precisam repetir as trapaças que fizeram contra Kirpa e a Kravchenko. Nunca vou pôr fim à minha vida com suicídio. Tudo o que faço é a minha luta contra este governo criminoso para que a Ucrânia tenha seu devido lugar no mundo. Glória à Ucrânia.”
A União Europeia e os Estados Unidos condenaram o julgamento e condenação como politicamente motivados e pediram a libertação de Iúlia. A indignação do Ocidente aumentou desde que Iúlia disse ter sido agredida na prisão, iniciando em seguida uma greve de fome.
Em maio último, Iúlia foi transportada da prisão para um hospital, sob forte aparato policial. O presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, foi muito criticado pelos países ocidentais por não ter autorizado a saída de Iúlia da Ucrânia para tratamento de dores crônicas na coluna.
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