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Precisamos falar sobre a privatização da Petrobras

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“O petróleo é nosso!” foi o lema de uma campanha que culminou com a criação da Petrobras, em 1953. Como toda empresa estatal, a Petrobras foi criada para servir ao “bem comum”, ao povo, às demandas sociais e às necessidades de investimento de um país ainda arcaico.

Costuma-se dizer que o melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo bem administrada, e o segundo melhor, uma empresa de petróleo mal administrada. Apesar da ineficiência crônica e da corrupção endêmica, a Petrobras ainda é uma das maiores empresas do mundo (a 28.ª, segundo o ranking anual da revista Forbes) e suas operações envolvem quantias vultosas. E esse dinheiro alimenta uma verdadeira cadeia alimentar de grupos de pressão que se opõem intransigentemente a qualquer tentativa de eliminação ou redução de seus privilégios.

Esse cenário não foi, obviamente, construído somente ao longo dos últimos 12 anos, mas o fato é que a última década colocou o nível de corrupção na estatal em um novo patamar. O mais recente capítulo é o petrolão, espécie de mensalão sustentado por um cartel de empresas com interesse parasitário nas operações da Petrobras. Apesar do recente desenvolvimento das investigações, já está claro que se trata de um escândalo de grandes proporções. Para se ter uma ideia, um mero gerente firmou um acordo com a Justiça por meio do qual se compromete a devolver aos cofres públicos US$ 97 milhões. Imagine o leitor qual não terá sido a quantia amealhada por integrantes mais “estrelados” da quadrilha (com o perdão do trocadilho)?

A situação da maior empresa do Brasil também se explica pelo fato de que ela vem sendo utilizada pelo atual governo para funções totalmente alheias ao seu objeto social: fazer política monetária (o governo controla o preço da gasolina para que a pressão inflacionária não se alastre pela economia), fiscal (por meio de manobras envolvendo a capitalização da empresa), industrial (ela é obrigada por lei a cumprir cotas de compra de produtos nacionais), externa (o governo permite a expropriação de refinarias em países “amigos” e firma parcerias com a mais corrupta e ineficiente petroleira do ocidente, a venezuelana PDVSA) e até cultural (o patrocínio da Petrobras é onipresente em teatros, exposições e filmes brasileiros).

Essa excessiva interferência política resulta em casos grotescos de corrupção, ineficiência, crowding out de investimentos privados e, é claro, uma das gasolinas mais caras do mundo (a mais cara dentre os países produtores de petróleo). E a queda do preço do barril no mercado internacional só vem a tornar ainda mais dramática a situação da empresa, por ameaçar seriamente a viabilidade dos investimentos no pré-sal.

Diante desse cenário, faz-se urgente trazer à mesa de debates um assunto tratado como tabu na política brasileira: a privatização da Petrobras. O Estado brasileiro não dispõe das instituições e nem da capacidade gerencial para administrar uma empresa desse porte. Prova clara disso é o fato de Graça Foster ainda estar na presidência da estatal após quase três anos de desastrosa gestão. Quanto tempo ela duraria no cargo fosse a Petrobras uma empresa privada, atuando sob as regras do mercado e não da política?

A Petrobras privada poderia seguir o caminho da Embraer ou da Vale, que passaram de estatais deficitárias e ineficientes para exemplos de produtividade e inovação (além de grandes pagadores de impostos). No modelo atual, temos a questionável vantagem de o petróleo ser “nosso” (sic) – e a conta também.

____________________________

*Artigo publicado originalmente no jornal Gazeta do Povo (Curitiba-PR) no dia 14/12/2014

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Fabio Ostermann

Fabio Ostermann

Formado em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também estudou Economia. Graduado em Liderança para a Competitividade Global pela Georgetown University (EUA) e em Política e Sociedade Civil pela International Academy for Leadership (Alemanha). Mestre em Ciências Sociais/Ciência Política na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

9 comentários em “Precisamos falar sobre a privatização da Petrobras

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    15/12/2014 em 4:16 pm
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    A privatização da Petrobrás ( e de outras grandes estatais), com a qual concordo, infelizmente não poderá ser realizada nessa conjuntura, sobretudo pelo seu valor de mercado, hoje. Além disso, há urgência em limpar a empresa dos corruptos e incompetentes. Outra questão é quem irá comandar uma empresa que está na berlinda internacional e quais seus planos? A empresa ainda continuará nas mãos petistas, o que significa manutenção do sistema de corrupção como política petista de Estado. Temos de lutar para implantar nesse país o livre mercado com o estado exercendo outro tipo de papel. Essa é uma discussão da pesada, diria um sobrinho. Até mesmo para que essa discussão ganhe importância e espaço, e o Brasil volte a respirar decência, temos de tirar os petistas do poder.

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    15/12/2014 em 12:16 pm
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    Todo filme nacional tem como patrocinadores, Petrobrás, bancos oficiais, principalmente o BNDES, Correios, Funart etc. E pouquíssimos dão lucro e quando dão, esse lucro não volta pro Estado. É como os shows, pegando como exemplo os shows do Chico, sempre com a ajuda da tal lei Rouanet, mas na hora de cobrar os ingressos, só a elite pode pagar. Se bem que hoje nem de graça eu quero assistir.

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    15/12/2014 em 11:37 am
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    Puta artigo, fudido Fabio parabens

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    15/12/2014 em 7:46 am
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    E curiosa a afirmação de que os preços dos combustíveis da Petrobras foram artificialmente mantidos, quando teriam que serem ainda maiores, para controle da inflação de preços.
    Ora, a Petrobras vendendo uma das mais caras gasolinas do mundo e ainda assim se afirmar que o preço está baixo por pressão do governo. …mama mia!!!

    Tem mais um qusito, a Petrobras só é uma grande empresa estatal porque NÃO TEM CONCORRENTES!
    Certamente se tivesse tido sempre concorrentes, iria falir todos os anos. Aliás a CSN era assim, dando prejuizos gigantescos todos os anos até ser privatizada. Será que era porque o overno segurava o preço do aço?

    Os preços da Petrobras são caros e não baratos.

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      15/12/2014 em 4:36 pm
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      Você sabe por quanto a Petrobras vende a gasolina? Você sabe quanto é o valor cobrado pela distribuidora? E quanto é pago de imposto? E o lucro do posto de gasolina?
      Então, o preço analisado é o que a Petrobras cobra da distribuidora, não o preço que você paga na bomba. Esse preço não tem nada a ver com a companhia.
      E é óbvio, se o governo quer gasolina barata, ele poderia diminuir a carga de impostos, ao invés de forçar a Petrobras vender gasolina mais barata na refinaria.
      Os preço da Petrobras, na refinaria, não são caros. Afirmar isso só mostra que você nem sabe por quanto ela vende.

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        15/12/2014 em 6:06 pm
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        Só para não encompridar assunto.
        O preço não esta barato!!!
        OS CUSTOS da PETROBRAS É QUE ESTÃO CARÍSSIMOS!!!!

        Se o preço esta tão baixo, causando prejuizo, então como a Petrobras tem capacidade para toda essa roubalheira e ainda financiar toda sorte de propaganda socialista e unir-se a inúmeros “projetos culturais” …é muito dinheiro.

        Ou seja, caso não houvesse essa roubalheira, a Petrobras estaria “muito bem obrigado” com os preços atuais.

        Dizer que ela deveria aumentar seus preços para ser mais lucrativa é concordar com a roubalheira e clamar para que a população pague o “sobrepreço” da corrupção.

        O preço não esta barato!!!
        OS CUSTOS da PETROBRAS É QUE ESTÃO CARÍSSIMOS!!!! …DEVIDO a CORRUPÇÃO, INCHAÇO e INCOMPETENCIA/PREGUIÇA.

        Até os anos 90, se persiste não sei, todos os projetos eram encomendados e o corpo “tênico” apenas assinava, isso quando não inventavam com base em “almanaques” ou manuais alheios a realidade do brasiu e tinham que ser ensinados por técnicos.
        Eram NATRON, ENGEVIX e outras (Promom e etc., se não me engano).

        Muitos foram os que ganharam anos de turismo de luxo no exterior (cursos) para depois voltarem e assinarem.

        Isso é que faz os custos da Petrobras serem elevados: inchaço, incompetencia, preguiça, corrupção e patrocinios ideoógicos. Tire-se isso e poderia vender seu produto ainda mais barato sob as mesmas regras.

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          15/12/2014 em 6:48 pm
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          Aí depende, meu amigo.
          Os custos de exploração e produção dependem muito do perfil do poço. E nisso acredito que os custos da Petro não devem ser muito diversos dos da concorrência. Inclusive a Petrobras é a empresa mais eficiente do mundo em descoberta e aproveitamento de poços.
          Já com relação aos custos de refinamento, aí eu concordo com você, são acima do mercado, principalmente nas novas refinarias.
          Mas o custo e o preço são coisas diversas. Ela estava dando prejuízo por que comprava caro no exterior e vendia mais barato aqui, isso não tem relação com custo de produção.
          São muitas questões, sua análise é superficial.
          Não estou defendendo estatismo, pelo contrário, eu acho que deveria dividir a Petrobras em diversas empresas e vender tudo.
          Mas sua análise é equivocada.

          • Avatar
            15/12/2014 em 7:21 pm
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            Pif!!! …puf!!! …cof! …cof!
            “Ela estava dando prejuízo por que comprava caro no exterior e vendia mais barato aqui”

            Isso faz parte de alegações. Contudo, não se opõe nada ao que eu falei.

            Há em muitos paises importadores preços menores do que aqui. Estariam lá as petroleiras privadas dando prejuizo por pura bondade com os consumidores?

            Se você me falasse dos impostos sobre a petrossauro o rumo da conversa seria outro, mas ainda assim seria absurda a alegação de “preços subsidiados”.
            Ao que parece falar contra o interesse estatal não é algo do gosto. …rs

            Mas nem é esse o caso principal quanto aos custos da corrupção, cabide de empregos (compare-se essa “eficiência”) e terceirização e etc.. POIS o que se pode DESCONFIAR é que tal “CARO” no exterior pode ser TAMBÉM devido a CORRUPÇÃO.

            Quanto a alegações sobre parciais eficientes, é bom saber que o RATEIO de CUSTOS é algo bastante interessante e complicado. O que mais ocorre são erros para mais ou para menos em determinados produtos onde o rateio é incorreto. levando mesmo a avaliações de lucro ou prejuizo incorretas, dada a complexidade para se atingir a perfeição em um rateio de custos numa industria.

            Se você me descrever precisamente os rateios na petrossauro poderei analisar melhor, já que não conheço como se dão os processos.

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            15/12/2014 em 7:35 pm
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            Neto, vou me ater agora a algo que você escreveu tentando justificar o injustificável e, LOGICAMENTE, disso sai uma asneira.
            Veja bem, você afirma:

            “Mas o custo e o preço são coisas diversas.”

            – Francamente! …O que aqui se esta discutindo é EXATAMENTE lucro/prejuizo.
            Até onde sei custos e preços são inseparáveis para se aferir lucro ou prejuizo. Portanto …pif! puf! …cof …cof

            Ah! …mas você falava em custo de produção apenas! Poooxaaa!!! …Eu falo de CUSTOS inerentes ao produto comercializado. A matéria prima tem custo tanto quantop o produto acabado e apenas comercializado.

            E você escreveu:

            “Ela estava dando prejuízo por que comprava caro no exterior e vendia mais barato aqui, isso não tem relação com custo de produção.”

            …Isso tem relação com o CUSTO nos produtos que ela omercializa, produzidos ou apenas repassados.

            É absurda a alegação de comprar por valores superiores do que aqueles que cobrava. Sobretudo sabendo-se que outras petroleiras o façam e mesmo ofertando a preço menor, tenham lucro em outros paises.

            Volto a falar que se você citasse o CUSTO dos impostos, considerando insumos razoaveis, até ficava palusivel sua argumentação. Porem, falar do que não interessa ao estatismo me parece não ser do gosto.

Fechado para comentários.

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